Selecionamos as questões mais relevantes da prova de vestibular UFSC 2017. Confira! * Obs.: a ordem e número das questões aqui não são iguais às da prova original.
A pólis e o cidadão
[Para] um grego da época clássica a pólis não designava um lugar geográfico, mas uma prática política exercida pela comunidade de seus cidadãos. Da mesma forma se referiam os romanos à civitas, a cidade no sentido da participação dos cidadãos na vida pública. Se no caso da pólis ou da civitas o conceito de cidade não se referia à dimensão espacial da cidade, e sim à sua dimensão política, o conceito de cidadão não se refere ao morador da cidade, mas ao indivíduo que, por direito, pode participar da vida política. ROLNIK, Raquel. O que é a cidade. São Paulo: Brasiliense, 2004, p. 21.
Sobre aspectos políticos que caracterizaram a emergência da civilização ocidental, é correto afirmar que:
como partilhavam o mesmo espaço público, todos os homens de uma cidade-Estado na Grécia Antiga eram considerados cidadãos.
o estabelecimento da democracia ateniense ampliou substancialmente a igualdade de direitos, como a participação das mulheres na vida pública e nas decisões políticas da principal pólis grega.
a democracia ateniense sustentou-se por meio da mão de obra escrava, à qual poderia ser atribuído o papel de mero instrumento de trabalho.
enquanto a democracia ateniense era direta, a democracia política contemporânea é representativa, isto é, os cargos de poder são atribuídos, em eleição, a alguns atores políticos que representam os demais cidadãos.
o termo república recebeu, ao longo da história, vários significados, conforme os sentidos que os povos organizados dessa maneira lhe imprimiam. Na aristocrática república romana, apenas os plebeus tinham todos os direitos políticos.
a lei das Doze Tábuas e o Código Jurídico Civil, organizado no reinado de Justiniano, estão entre os principais legados do Direito Romano.
“Engenho e arte só comparável ao cinema”, anunciava a propaganda de revista, refletindo o entusiasmo provocado pelas novas tecnologias de comunicação que transformariam o século XX. A frase publicitária, publicada nos anos 1920, referia-se ao rádio – o que soa irônico para quem sabe que anos depois viria a televisão. Mas o rádio também foi uma revolução. BARBOSA, Marialva Carlos. Sintonizando seguiremos. Revista de História da Biblioteca Nacional, ano 9, n. 100, p. 84, jan. 2014. [Adaptado].
Sobre o papel do rádio na história do Brasil, é correto afirmar que:
quando se instituiu a ditadura do Estado Novo (1937-1945), o governo Vargas não enxergou a importância do rádio para sua comunicação, ao contrário do que faziam o nazismo e o fascismo na Europa.
ao contrário da mídia impressa, que sofria com a censura imposta pelo Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), durante a Era Vargas o rádio era visto como um espaço de liberdade, dedicado apenas ao entretenimento.
apesar do impacto proporcionado pela sua chegada, até meados dos anos 1950 o rádio ainda era um “artigo de luxo” restrito a pequena parcela da elite econômica do Brasil.
na chamada “Era de Ouro” do rádio, cantores tornavam-se “reis e rainhas da voz” em programas de auditório que reuniam milhares de pessoas.
na música, o samba popularizou-se, consagrando inúmeros compositores e intérpretes, como Noel Rosa, Wilson Batista, Ari Barroso, entre outros.
controlada por pessoas ligadas à União Democrática Nacional (UDN), a Rádio Nacional tornou-se, sobretudo nos anos 1940, um dos grandes instrumentos de oposição ao governo do presidente Getúlio Vargas.
O sorriso enigmático de Mona Lisa faz por merecer a multidão de turistas e a enxurrada de flashes que a registram todos os dias no Museu do Louvre, em Paris. Criada por Leonardo da Vinci no início do século XVI, a Gioconda é resultado da utilização de técnicas apuradíssimas e proporções corporais exatas, sem falar no famoso meio sorriso e no olhar enviesado. Mais do que uma revolução artística, porém, o que aquela criação testemunha é um período de transformações culturais e sociais que varreriam a Europa e dariam luz ao homem moderno. ASSIS, A. F. A razão brilha para todos. Revista de História, ano 9, n. 98, p. 18, nov. 2013.
Sobre a Europa, no período conhecido como modernidade, é correto afirmar que:
no campo das artes visuais, a preocupação em observar o mundo natural contribuía para que se buscasse representá-lo de forma mais realista. Para isso, contava-se com as transformações de outros campos do conhecimento como a matemática e a biologia.
a expansão da circulação de ideias com o advento da imprensa – graças à invenção dos tipos móveis de Gutenberg – tornou-se um poderoso fator de transformação social.
para o movimento humanista, o homem era a mais perfeita das criaturas e, por sua capacidade racional, seria o criador, o aventureiro, o sonhador, o dominador da natureza, mas tudo isso deveria estar subordinado à fé.
para a expansão dos seus negócios, a burguesia emergente necessitava que fossem desbancados alguns dos princípios religiosos que normatizavam a sociedade. Por isso, entre outras ações, ela incentivava e financiava muitos estudos de investigação científica.
muitos dos valores e manifestações culturais do mundo medieval, sobretudo no início dos tempos modernos, continuaram presentes na sociedade, por isso a modernidade europeia não deve ser percebida como uma ruptura completa com o medievo.
aos poucos, explicações sobrenaturais para as doenças, como espíritos malignos ou influência do demônio, eram substituídas por tratamentos racionais e científicos incentivados também pela Igreja.
impulsionada pelas novas formas de explicação do mundo, a Igreja Católica redefiniu seus dogmas através de um grande movimento que ficou conhecido como Reforma.
Povos resistentes
Não somos povos emergentes nem povos ressurgidos, somos resistentes! Somos povos resistentes! A frase foi entoada como um grito de guerra pelo cacique Pequena da etnia Jenipapo-Canindé, do Ceará, em um encontro ocorrido em Olinda, em 2006. Esse encontro, que reuniu 47 grupos étnicos, foi um marco na luta dos povos indígenas que ainda não têm sua identidade reconhecida. Muitos grupos buscam esse reconhecimento perante a sociedade e o poder público. Ser Protagonista: História, 3o Ano: ensino médio. São Paulo: Edições SM, 2013, p. 18.
Sobre os povos indígenas, é correto afirmar que:
Santa Catarina não registra índices de conflitos envolvendo comunidades indígenas, entre outros fatores, por ter investido ao longo dos anos em políticas de integração desses povos à sociedade.
com a missão de converter os indígenas ao cristianismo, os jesuítas proibiram hábitos culturais como, por exemplo, a antropofagia, a poligamia e a nudez. Entre outras ações, ainda criaram os chamados “aldeamentos”, locais onde os indígenas viviam sob a proteção dos religiosos.
os primeiros colonizadores chamavam pejorativamente de “índio” toda a população que vivia no território da América portuguesa pois não se haviam dado conta da grande variedade de culturas que ocupava o vasto território.
como parte do projeto nacionalista de “brasilidade”, a ideia de enaltecer a imagem dos indígenas repercutia intensamente nas propagandas do governo Vargas.
durante o Império, com a aprovação da Lei de Terras (1850), as chamadas terras devolutas foram disponibilizadas por tempo determinado para a reivindicação de posse dos povos indígenas. No entanto, a lei não teve efeito por falta de ampla divulgação entre esses povos.
embora existam garantias legais, o direito dos povos indígenas à terra tem sido ameaçado constantemente por conflitos com agricultores, pecuaristas, madeireiras e mineradoras.
– A República está proclamada. – Já há governo? – Penso que já; mas diga-me V. Exa.: ouviu alguém acusar-me jamais de atacar o governo? Ninguém. Entretanto... Uma fatalidade! Venha em meu socorro, Excelentíssimo. Ajude-me a sair deste embaraço. A tabuleta está pronta, o nome todo pintado. – “Confeitaria do Império”, a tinta é viva e bonita. O pintor teima em que lhe pague o trabalho, para então fazer outro. Eu, se a obra não estivesse acabada, mudava de título, por mais que me custasse, mas hei de perder o dinheiro que gastei? V. Exa. crê que, se ficar “Império”, venham quebrar-me as vidraças? – Isso não sei. – Realmente, não há motivo; é o nome da casa, nome de trinta anos, ninguém a conhece de outro modo... – Mas pode pôr “Confeitaria da República”... – Lembrou-me isso, em caminho, mas também me lembrou que, se daqui a um ou dois meses, houver nova reviravolta, fico no ponto em que estou hoje, e perco outra vez o dinheiro. ASSIS, Machado de. Esaú e Jacó. 12. ed. São Paulo: Ática, 1999, p. 114.
Sobre o advento da República no Brasil, é correto afirmar que:
para os positivistas brasileiros, que adotaram o lema “ordem e progresso” para a nova República, a “nação” precisava ser controlada por homens capazes de manter a ordenação da sociedade de modo racional e científico e compor um Estado forte e intervencionista.
entre as primeiras ações do governo provisório estavam a adoção do federalismo, que transformou as antigas províncias em estados da Federação; a desvinculação entre Igreja e Estado; a legalização de milhares de estrangeiros e a instituição do casamento e do registro civil.
a mudança do nome da cidade de Nossa Senhora do Desterro para Florianópolis aconteceu após eventos de resistência ao governo de Floriano Peixoto, ocorridos na capital de Santa Catarina, como uma demonstração de força política do presidente.
a população do Rio de Janeiro, mesmo sendo surpreendida pelo movimento dos militares, já estava imbuída dos ideais republicanos e saiu às ruas em mobilização de apoio ao movimento após a oficialização da proclamação da República.
atendendo a aspirações do Movimento Republicano e com inspiração na Constituição liberal estadunidense, foi adotado o voto universal com restrições apenas aos analfabetos.
durante o primeiro governo republicano, o Brasil enfrentou grandes problemas econômicos com surtos inflacionários e um descontrolado mercado de compra e venda de ações que levaram a economia ao colapso. A política econômica adotada na época ficou conhecida como “Encilhamento”.
A Guerra do Paraguai e os livros didáticos
Até hoje essa guerra é ensinada de modo diferente aos jovens dos países envolvidos no conflito. Se nos livros paraguaios ela tem mais importância que a independência, é estudada sumariamente na maior parte dos manuais brasileiros e argentinos, enquanto nos livros uruguaios a tratam como um episódio quase estranho à história do país. FRAGA, R. Uma guerra e muitas versões. Nossa História, São Paulo, ano 2, n. 13, p. 42, nov. 2004.
Sobre o Paraguai no contexto latino-americano e suas relações com o Brasil ao longo da história, é correto afirmar que:
para os paraguaios, a Guerra da Tríplice Aliança (Guerra do Paraguai) é motivo de grande exaltação, pois garantiu ao país a manutenção do seu crescimento industrial, ao menos nas décadas seguintes ao conflito.
antes da Guerra do Paraguai (1865-1870), o governo paraguaio, exercido desde 1844 pela família López, procurava desenvolver o país por meio da implantação de indústrias e da construção de ferrovias.
a construção da Usina Hidrelétrica de Itaipu por iniciativa exclusiva do governo militar brasileiro causou grande conflito diplomático, ocasião em que o Paraguai acusou o Brasil de invadir o seu território sem autorização.
nas últimas décadas, ocorreu um acelerado e tenso processo de ocupação das terras paraguaias por latifundiários brasileiros dedicados, principalmente, à produção de soja no país vizinho.
em 2008, Fernando Lugo, ex-bispo da Igreja Católica, foi eleito presidente do Paraguai com um discurso voltado aos interesses dos mais pobres e à defesa da reforma agrária no país. Em junho de 2012, Lugo sofreu um processo de impeachment por “mau desempenho” de suas funções.
enquanto países como Brasil, Argentina e Uruguai eram governados por ditaduras comandadas por militares nos anos 1970 e 1980, o Paraguai manteve a democracia pela atuação de lideranças populistas como Alfredo Stroessner.
As raças superiores têm um direito perante as raças inferiores. Há para elas um direito porque há um dever para elas. As raças superiores têm o dever de civilizar as inferiores [...]. Vós podeis negar; qualquer um pode negar que há mais justiça, mais ordem material e moral, mais equidade, mais virtudes sociais na África do Norte desde que a França a conquistou? FERRY, J. Discurso ao parlamento francês em 28 de julho de 1885. In: MESGRAVIS. L. A colonização da África e da Ásia. São Paulo: Atual, 1994, p. 14.
Sobre o Imperialismo e o Neocolonialismo no continente africano no século XIX, é correto afirmar que:
os países europeus procuraram justificar a dominação de outros povos com base em uma interpretação equivocada das teorias de Charles Darwin, adotando o que se chamou de darwinismo social.
Leopoldo II, rei belga, constituiu uma sociedade privada comandada por ele para ocupar e administrar seus territórios na África. Isso se deu depois que o Parlamento da Bélgica não apoiou o desejo do rei de estabelecer um império colonial.
os europeus, por conhecerem pouco os recursos naturais e a geografia africana, sucumbiram muitas vezes na tentativa de ocupar o continente, o que explica terem levado quase todo o século XIX para consolidar seu projeto neocolonial.
estudos recentes têm levado em consideração o fato de que a resistência africana à invasão europeia no continente contribuiu para acelerar o processo de dominação através de intensas ações militares.
a Conferência de Berlim foi realizada na Alemanha, entre 1884 e 1885, com a presença de algumas lideranças de diferentes etnias africanas que concordavam com as ações das nações europeias.
muitas fronteiras foram criadas por meio de acordos diplomáticos entre os países europeus levando em consideração as divisões étnicas e culturais dos povos que ali viviam como estratégia para evitar possíveis conflitos entre os povos originários do continente.
Heróis são símbolos poderosos, encarnações de ideias e aspirações, pontos de referência, fulcros de identificação coletiva. São, por isso, instrumentos eficazes para atingir a cabeça e o coração dos cidadãos a serviço da legitimação de regimes políticos. Não há regime que não promova o culto a seus heróis e não possua seu panteão cívico. CARVALHO, J. M. A formação das almas: o imaginário da República no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1990, p. 55.
Sobre a constituição dos heróis nacionais, é correto afirmar que:
proclamada a República, o processo de transformação de Tiradentes em herói nacional foi intensificado. O dia de seu enforcamento foi transformado em feriado nacional e aos poucos suas imagens foram se assemelhando à figura de Jesus Cristo.
comprometido com a memória dos heróis nacionais, o Estado brasileiro sempre valorizou apenas o que comprovadamente era tido como verdade histórica.
durante o ano 2000, o governo federal, na tentativa de reconstituir a memória histórica que creditava heroísmo a Pedro Álvares Cabral e aos portugueses, lançou uma série de projetos e ações cujo tema era “500 anos de descobrimento ou de exploração?”.
como resultado de movimentos e ações populares no Brasil, em 2011, mais de 200 anos depois da Revolta dos Búzios (conhecida também como Conjuração Baiana), foi sancionada a lei que reconheceu como heróis daquela revolta popular: João de Deus do Nascimento, Lucas Dantas de Amorim Torres, Manuel Faustino Santos Lira e Luís Gonzaga das Virgens e Veiga.
depositado no Panteão da Pátria, em Brasília, está o “Livro dos heróis e das heroínas da Pátria”. Para que um nome seja nele incluído, o Senado e a Câmara dos Deputados precisam aprovar uma lei que deve ser sancionada pela Presidência da República.
Tragédia anunciada
Coronéis locais, forças estaduais e exército se uniram para combater as “cidades santas”, territórios autônomos criados por caboclos. Cerca de 200 seguidores do monge e curandeiro José Maria estão reunidos em Irani. Todos eles homens simples, sertanejos, refugiaram-se ali na esperança de evitar um confronto com as forças do governo. Mas é tarde demais: a essa altura, o simples agrupamento – em uma região de conflitos fronteiriços e de instabilidade social – já é considerado uma atitude hostil às autoridades. Em resposta à ameaça, o governo resolve atacar: uma força de 58 soldados do Regimento de Segurança do Paraná entra em combate com os sertanejos. Morrem 21 pessoas, entre elas os chefes dos grupos em confronto – o coronel João Gualberto Gomes de Sá e o monge José Maria. MACHADO, Paulo Pinheiro. Tragédia anunciada. Revista de História da Biblioteca Nacional, ano 7, n. 85, p. 17, out. 2012.
Sobre o movimento do Contestado, narrado no trecho acima, e os demais movimentos sociais rurais ocorridos na Primeira República (1889-1930), é correto afirmar que:
diferentemente do que ocorria nas regiões Norte e Nordeste do país, o coronelismo catarinense caracterizava-se pela atuação em defesa das populações sertanejas na luta pela legitimação da posse da terra.
para autoridades civis e militares do governo republicano e para amplos setores da imprensa, o movimento do Contestado era uma reedição do fanatismo de Canudos que, portanto, precisava ser energicamente eliminado.
o messianismo foi a crença que alimentou as esperanças das populações sertanejas e contribuiu para a organização de movimentos de resistência.
no final do século XIX, apoiado oficialmente pela Igreja Católica, Antônio Conselheiro liderou sertanejos do interior da Bahia em um movimento pela defesa do retorno da Monarquia e pela pacificação dos conflitos no sertão nordestino.
a Cabanagem e a Balaiada, movimentos ocorridos no meio rural do Norte e do Nordeste do país, buscaram articular as populações sertanejas na luta contra o coronelismo nas primeiras décadas da República brasileira.
entre o final do século XIX e a década de 1930, no interior do Nordeste do Brasil, bandos de homens armados, conhecidos como cangaceiros, agiam à margem da lei e contestavam a ordem dominante dos latifundiários e dos coronéis.
Sobre a urbanização brasileira, é correto afirmar que:
o crescimento acelerado da urbanização no Brasil não está relacionado com o crescimento da violência nas cidades nas últimas décadas.
a urbanização ocorre quando o crescimento da população urbana é maior que o crescimento da população rural.
os processos de industrialização e de urbanização brasileiros estão profundamente interligados, pois as indústrias passaram a ser instaladas principalmente em locais que dispõem de infraestrutura, de demanda para o consumo e de oferta de mão de obra.
no rápido processo de êxodo rural, as grandes cidades brasileiras absorveram grande contingente de habitantes, mas de forma geral não houve ampliação nem melhoria da infraestrutura urbana, o que desencadeou graves problemas sociais.
as grandes cidades brasileiras concentram os principais problemas sociais e por isso são as primeiras a terem políticas públicas exitosas.