Selecionamos as questões mais relevantes da prova de vestibular UFSC 2019/1. Confira! * Obs.: a ordem e número das questões aqui não são iguais às da prova original.
Com base na leitura do Texto 1 e de acordo com a variedade padrão da língua escrita, é correto afirmar que:
a publicação de Eliane Brum no site do jornal El País, tendo em vista sua natureza histórica e arqueológica, configura-se como um exemplo de texto acadêmico.
o trecho “Nunca salvaram. Há 500 anos não salvam.” (linha 34), faz referência à estátua de Dom Pedro II e ao legado deixado por sua família, informação retomada no parágrafo posterior, em: “As costas de Pedro ferviam.” (linha 35).
a chegada dos caminhões-pipa marca o fim do incêndio, como evidencia a declaração do chefe de bombeiros em uma coletiva diante do Museu Nacional “Está tudo sob controle” (linha 61).
no título e no subtítulo, as palavras “água” e “fogo” (linha 01), “Amanhã” (linha 02) e “passado” (linha 03) são exemplos de antítese, figura de linguagem em que se opõem ideias a fim de reforçar por meio do contraste o significado dos termos.
a repetição desnecessária do verbo queimar (linhas 15-19) configura-se como um vício de linguagem chamado hipérbole.
o trecho “O Brasil é um construtor de ruínas. O Brasil constrói ruínas em dimensões continentais.” (linhas 46-47) evidencia o tom de revolta e indignação diante do descaso das autoridades para com o acervo do Museu Nacional e para com o Brasil.
o uso de aspas (linhas 37-38, 39, 40, 46-47, 61, 63-64) serve para marcar a voz do outro por meio de discurso indireto.
o trecho “E eu preciso alcançar o Museu do Amanhã” (linha 52) faz alusão ao fato de que a autora estava na cidade para visitar aquele museu, mas devido ao incêndio do Museu Nacional do Rio perderia, simbolicamente, a possibilidade de acessar tanto o passado quanto o futuro do Brasil.0
os termos “tinha” (linha 01), “tinha” (linha 03) e a locução “tinha tentado” (linha 27) expressam noção de existência, noção de posse e noção temporal de passado mais que perfeito, respectivamente.
o incêndio queimou o crânio da primeira múmia brasileira conhecida como Luzia.
é nítida a interface entre o conteúdo jornalístico e o tratamento literário, como é característico no gênero resenha acadêmica.
na frase “E o meteorito estava dentro do museu” (linha 66), a autora defende a tese de que a presença do meteorito pode ser a causa do incêndio.
no fragmento “[...] como se mais uma vez fossem eles que estivessem queimando” (linha 31), há referência direta a um momento específico da história brasileira, o qual a autora define como uma tentativa de invenção de um país, promovida por Dom Pedro II e seus predecessores.
a autora organiza o texto expandindo o significado de “queimar” de uma dimensão denotativa para uma conotativa, para evidenciar como o incêndio do museu está relacionado a um fenômeno mais amplo, de natureza histórica e de relevância social.
na frase “Está tudo sob controle” (linha 61), o referente de “tudo” é o incêndio.
as referências ao crânio de Luzia (linhas 07 e 44) personificam o objeto e reforçam a noção de identificação entre a autora e aquela que reconhece como sua ancestral, seu passado que se perde.
Considere os trechos a seguir, extraídos do Texto 1, e a variedade padrão da língua escrita.
I. O Brasil perdeu a possibilidade da metáfora. Isso já sabíamos. O excesso de realidade nos joga no não tempo. No sem tempo. No fora do tempo. (linhas 12-13)
II. Outras pessoas tentavam furtar o celular e a carteira de quem tentava entrar para ajudar ou só estava imóvel diante dos portões tentando compreender como viver sem metáforas. (linhas 19-21)
III. Brasil é você. Não posso ser aquele que não é. (linha 22)
IV. Diante do Museu Nacional em chamas, de costas para o palácio, de frente para onde deveria estar o povo, Dom Pedro II em estátua. (linhas 26-27)
Em relação aos trechos, é correto afirmar que:
em III, há uma relação metonímica entre “você” e “Brasil”.
em I e II, há o emprego da figura de linguagem metáfora.
em IV, a passagem “de frente para onde deveria estar o povo” apresenta uma crítica ao povo, que não se fez presente para ajudar a apagar o incêndio.
na segunda oração de III, há a retomada por elipse do sujeito posto na oração imediatamente anterior.
em I, os termos “não”, “sem” e “fora” apresentam a mesma função gramatical.
em I, o pronome “Isso” tem como referente “O excesso de realidade”.
em IV, o período apresenta sentido denotativo.
De acordo com o Texto 2, é correto afirmar que:
o patrimônio cultural é o que está na base dos acervos dos museus.
o museu é a única forma de preservação das culturas.
a fumaça pode ser entendida como uma metonímia da falta de ações políticas para a manutenção do museu.
o sentido metaforizado da expressão “Aqui jaz o Brasil” é “Aqui queima o Brasil”.
o termo “aqui” funciona como advérbio de lugar e refere-se à palavra “Brasil”.
a composição imagética do museu em chamas é construída por meio da linguagem verbal e da linguagem não verbal.
Com base na leitura do Texto 3 e na leitura integral da obra Quarto de despejo: diário de uma favelada, publicada pela primeira vez em livro em 1960, no contexto sócio-histórico e literário e, ainda, de acordo com a variedade padrão da língua escrita, é correto afirmar que:
Quarto de despejo é uma coletânea de relatos pessoais dedicados a narrar o dia a dia do ano de 1958 na vida de Carolina Maria de Jesus, de sua família e da comunidade.
reforçando o mito do “homem cordial” na tradição literária brasileira, a obra revela como os moradores da favela do Canindé e arredores são acolhedores, solidários e solícitos com Carolina e com seus filhos.
há remissão ao dia em que se comemora oficialmente a Abolição da Escravidão no Brasil, numa crítica ao controle social exercido pela fome, que marca a existência de outro modo de escravidão.
a autora emprega frases e orações curtas, o que confere maior ênfase e ritmo ao texto, recurso linguístico utilizado com frequência por autores da literatura brasileira contemporânea.
o emprego de metáforas e comparações auxilia na recriação ficcional do cotidiano da favela, como é o caso do adjetivo “acinzentado”, tomado como a cor da fome, numa clara alusão às casas sem reboco do entorno, e do substantivo “corvos”, num comparativo com os favelados, homens e mulheres sempre à procura de comida.
em “Dona Ida peço-te” (linha 02), os termos em destaque servem como vocativo, apesar da ausência de vírgula.
a obra tem sido revisitada por críticos contemporâneos em nova abordagem que confere ao texto valor literário, superando uma leitura sociológica, pois reconhece nele a existência de um projeto estético próprio da autora.
Com base na leitura integral da obra Melhores poemas: Manuel Bandeira e do poema “OS SAPOS”, no contexto sócio-histórico e literário e, ainda, de acordo com a variedade padrão da língua escrita, é correto afirmar que:
em “OS SAPOS”, evidencia-se o caráter lúdico e descontraído que marcaria a poesia de Manuel Bandeira até o final da vida, quando supera os temas clássicos da juventude, como o amor, a morte e uma visão melancólica da existência.
embora inicialmente tenha escrito poemas ligados à poesia simbolista e à parnasiana, Manuel Bandeira é considerado um dos autores mais importantes do modernismo brasileiro.
no poema, vários sapos debatem de modo inflamado, até que um sapo-tanoeiro ofende a figura de um “parnasiano aguado” e prescreve ao fim de cada estrofe como deveria ser o novo cancioneiro nacional.
embora o sapo-tanoeiro recomende que nunca se rimem termos cognatos (versos 15 e 16), o eu-poético desrespeita essa orientação ao rimar “deslumbra” e “penumbra” na primeira estrofe do poema.
no verso “Em comer os hiatos!”, a palavra grifada apresenta um hiato.
a obra de Manuel Bandeira evoca o cotidiano das metrópoles, a fala simples do povo e as misturas de variedades linguísticas, ao abordar temas como o amor irrealizável, o jogo erótico, a nostalgia da infância, a ausência e a morte.
Com base na leitura do Texto 5 e da peça Valsa nº 6, montada pela primeira vez em 1951, no contexto sócio-histórico e literário e, ainda, de acordo com a variedade padrão da língua escrita, é correto afirmar que:
a identificação da fala “MOCINHA” (linha 04) poderia ser substituída desde o início pelo nome próprio “SÔNIA”, sem prejuízos para a dramaticidade da peça.
o trecho faz menção a uma brincadeira infantil em que um dos participantes dá uma ordem e os demais devem obedecer, recurso utilizado em outras passagens para reforçar a relação que a protagonista ainda mantém com a infância.
embora a intenção original de Nelson Rodrigues fosse a elaboração de um monólogo, o dramaturgo optou por incluir em cena atores que representam Paulo e Dr. Junqueira, a fim de aumentar a tensão presente nos diálogos com Sônia.
Valsa nº 6 narra o assassinato cometido por uma adolescente de 15 anos que tocava de forma compulsiva a peça musical homônima de Chopin.
a instrução à paródia (linha 13) consiste na recriação de uma obra já existente a partir de um ponto de vista predominantemente sisudo com fins de reproduzir o mesmo conteúdo de outrem.
as linhas postas em itálico são denominadas rubricas e servem para orientar o comportamento dos atores e/ou descrever o cenário e a cena.
Nelson Rodrigues, referência do nosso modernismo teatral e crítico da moral pequeno-burguesa brasileira, banaliza o significado trágico da morte por meio do deboche, da ironia e do ataque pessoal à vítima e ao agressor.
Com base na leitura do Texto 6, da coletânea Melhores contos de Lygia Fagundes Telles e dos demais livros recomendados para o Vestibular UFSC/2019, no contexto sócio-histórico e literário das obras e, ainda, de acordo com a variedade padrão da língua escrita, é correto afirmar que:
a obra de Telles é escrita em prosa, no contexto do pós-modernismo, cuja ficção intimista e de penetração psicológica desenvolve-se em narrativas permeadas de fluxo de consciência.
em “Anoiteceu e faz frio” (linha 01), temos uma oração com sujeito oculto e com verbos na terceira pessoa do singular.
os vocábulos “que” (linha 02), “logo” (linha 03) e “se” (linha 05) funcionam, respectivamente, como conjunção integrante, conjunção conclusiva e conjunção condicional.
“Xenofonte” (linha 06) é um apelido carinhoso que Luisiana, narradora protagonista, dá ao seu estimado saxofone.
a exemplo da personagem Carolina Maria de Jesus, do romance Quarto de despejo: diário de uma favelada, a protagonista do conto “Apenas um saxofone” se prostitui, porém, diferentemente daquela, o faz não para sustentar os filhos, mas para ostentar um padrão de vida glamouroso.
o jogo de luz e sombra característico na obra de Telles também está presente nesse conto, em que as reflexões da narradora sobre a passagem do tempo se materializam na sala que escurece com ela, numa espécie de lamento pela juventude que se foi.
ao final do conto “Apenas um saxofone”, a personagem se dá conta de que envelheceu, de que os homens se foram, de que o amor não resistiu, e comete suicídio.
Com base na leitura do Texto 7 e da obra Capitães da Areia, publicada originalmente em 1937, no contexto sócio-histórico e literário e, ainda, de acordo com a variedade padrão da língua escrita, é correto afirmar que:
os termos “menino” (linha 14), “tu” (linha 15), “frangote” (linha 15) e “filho do Loiro” (linha 16) têm como referente Pedro Bala.
o emprego do termo “frangote” (linha 15) pode ser tomado como exemplo de personificação por adjetivação.
no texto, a palavra “destino” (linha 08 e linha 10) é tratada pelas personagens de modo distinto, até antagônico, revelando a visão delas sobre a vida, compreendida de modo fatalista ou como resultado da ação humana.
a obra Capitães da Areia foi perseguida após sua publicação devido à perspectiva comunista, dada a atuação política do escritor Jorge Amado.
os verbos “ocuparam” (linha 01), “interessaram” (linha 02), “esperavam” (linha 02) e “pediram” (linha 06) têm como sujeito parte do grupo denominado Capitães da Areia.
os termos “alguém” (linha 05) e “ninguém” (linha 08) marcam de forma indefinida a presença de um enunciador externo e interno à troca de turnos de fala, respectivamente.