Selecionamos as questões mais relevantes da prova de vestibular Unespar 2015. Confira! * Obs.: a ordem e número das questões aqui não são iguais às da prova original.
No excerto abaixo estão transcritos dois momentos da narrativa Lucíola, de José de Alencar. No primeiro deles temos a visão de Lúcia sobre o amor, quando ainda é uma cortesã. No segundo momento, temos a visão de Lúcia, agora denominada Maria da Glória (seu nome verdadeiro), depois de ter abandonado a vida de cortesã. Por meio disso e pensando nas características da obra de José de Alencar, escolha a alternativa correta.
“- Pelo que vejo, Lúcia, nunca amarás em tua vida! - Eu? ... Que ideia! Para que amar? O que há de real e de melhor na vida é o prazer, e esse dispensa o coração. O prazer que se dá e recebe é calmo e doce, sem inquietação e sem receios [...]. Quando eu lhe ofereço um beijo meu, que importa ao senhor que mil outros tenham tocado o lábio que o provoca? A água lavou a boca, como o copo que serviu ao festim; e o vinho não é menos bom, nem menos generoso, no cálice usado, do que no cálice novo.” (p. 83) [...] “- Se soubesses que gozo supremo é para mim beijar-te neste momento! Agora que o corpo já está morto e a carne álgida, não sente nem a dor nem o prazer, é minha alma só que te beija, que se une à tua e se desprende parcela por parcela para se embeber em teu seio.” (p. 127) ALENCAR, José de. Lucíola (1862). São Paulo: Ática, s/d.
No romance não há redenção para a personagem Lucíola, que continua apresentando características sensuais e eróticas;
Núcleo do romance está na divisão entre corpo e alma. Lúcia é sensual e bela, desprovida de pudor e consciência. Já Maria da Glória é recatada e pura, seu amor é exclusivamente espiritual sem nenhuma ligação com sua vida física;
O romance tematiza o amor sensual e erótico, afinal é a vida de uma cortesã que está sendo representada;
O romance apresenta o equilíbrio presente na sociedade burguesa do século XIX, calcada em valores patriarcais e cristãos;
O núcleo do romance está na relação de amor entre Paulo e Lucíola, o que revela a capacidade de tal sentimento para sobrepujar as convenções sociais.
Leia atentamente o trecho a seguir, retirado do conto O burrinho pedrês, parte do livro Sagarana, de Guimarães Rosa, e marque a única alternativa correta.
E Sete-de-Ouros, que sabia do ponto onde se estar mais sem tumulto, veio encostar o corpo nos pilares da varanda. Deu de cabeça, para lamber, veloz o peito, onde a cauda não alcançava. Depois esticou o sobre-beiço em toco de tromba e trouxe-o ao rés da poeira, soprando o chão. Mas tinha cometido um erro. O primeiro engano seu nesse dia. O equívoco que decide o destino e ajeita caminho à grandeza dos homens e dos burros. Porque “quem é visto é lembrado”, e o Major Saulo estava ali: - Ara, veja, louvado tu seja! Hô-hô...Meu compadre Sete-de-Ouros está velho... Mas ainda pode agüentar uma viagem, vez em quando... Arreia este burro também, Francolim![...] O Major dera de taca no parapeito, muitas vezes, alumiando raiva nos olhos verdes e enchendo o barrigão de riso. Depois voltou as costas ao camarada, e, fazendo festas à cachorrinha Sua-Cara, que pulara para cima do banco, começou a falar vagaroso e alto, mas sem destampatório, meio rindo e meio bravo, que era o pior. (p.13) ROSA, Guimarães. O burrinho pedrês in Sagarana. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1956.
Sagarana é um livro de contos, publicado em 1946, no qual o autor privilegia a cultura nordestina. É um marco no regionalismo brasileiro, que se manifesta pela primeira vez no Romantismo, mas está presente também no Modernismo;
Durante a viagem de que Sete-de-Ouros participa, muitas histórias são contadas pelos vaqueiros; são representantes da tradição oral e trazem a marcada cultura mineira. Apesar dos aspectos regionais, as obras de Guimarães Rosa têm caráter universal;
O fato de Sete-de-Ouros ser solicitado para a viagem torna-se fundamental para o desenvolvimento da narrativa, que tem como substrato a idéia de que o mais esperto sempre vence;
A linguagem, em Sagarana, tem grande destaque. No trecho selecionado, por exemplo, encontram-se a onomatopéia, a paronomásia, a metáfora e a anáfora, figuras de linguagem muito utilizadas na poesia, mas presentes na prosa roseana;
Badú, o condutor de Sete-de-Ouros, consegue sobreviver à enchente graças ao fato de saber levar o burrico por caminhos que só ele conhecia, enquanto os outros vaqueiros pereciam diante da força da correnteza.
Leia atentamente o trecho de O Rei da Vela, de Oswald de Andrade, para marcar a única alternativa verdadeira, em relação ao trecho, ao autor e à peça como um todo.
Abelardo I- Crápulas! Sujos! Um é o Totó Fruta-do-conde! O outro, este bêbado perigoso. Virou fascista agora. Minha cunhada veio sentar-se de maillot no meu colo para eu coçar-lhe as nádegas... com cheques, naturalmente. A sogra caída... A outra velha... E eu é que devo me sentir honradíssimo... por entrar numa família digna, uma família única. MAIS HELOÍSA Heloísa (Entra de maiô)- Você não vai ao banho? Estão todos prontos. Abelardo – Não vou! Estou com um pouco de dor de cabeça. Prefiro repousar. Leve esse Americano duma figa... Minha cara, eu estou vendo que peguei no duro, no batente, durante dez anos, para fazer uma porção de piratas jogarem ioiô! Heloísa- Estás arrependido? Não te trago vantagens sociais? Políticas... bancárias... (p.74) ANDRADE, O Rei da Vela.Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1973.
Os personagens, em O Rei da Vela, têm caráter simbólico. Por exemplo, Abelardo I e II representam o capital nacional como preposto do capital estrangeiro, denunciando as relações de exploração que existiam na sociedade da década de 30, em São Paulo;
O trecho selecionado revela a síntese do casamento de Abelardo com Heloísa, que assim como os personagens da história medieval se casam e vivem juntos, enfrentando os preconceitos que existiam contra essa união;
O Rei da Vela é uma peça em que se pode constatar a presença de algumas das propostas do Manifesto da Poesia Pau-Brasil, como a assimilação de outras culturas para o engrandecimento da literatura brasileira;
A linguagem utilizada na peça, como se percebe no trecho selecionado, remete o leitor à proposta feita por Oswald de Andrade em seu Manifesto Antropófago, caracterizando-se pelo uso constante de conjunções aditivas, que dão ao texto o ritmo da poesia;
Ao apresentar a união entre Heloísa, sua família e Abelardo, Oswald de Andrade denuncia a união entre a burguesia, representada por Heloísa, e a nobreza, representada por Abelardo, que se submete a um casamento sem amor, para salvar as aparências e seu patrimônio.
Sobre o livro O filho eterno, de Cristovão Tezza, assinale a única alternativa correta.
O flashback, utilizado no romance, é uma característica do narrador em primeira pessoa, que constrói a narrativa a partir de suas lembranças e resgata pela memória os acontecimentos que marcaram sua vida, como o nascimento do filho;
Um dos principais momentos da narrativa é quando Felipe desaparece e o pai se dá conta de que havia aprendido a amá-lo; que o filho era capaz de se locomover sozinho, portanto não era tão dependente quanto ele imaginava;
O desaparecimento do filho é o momento crucial da narrativa, quando o pai se dá conta de que apesar de tê-lo rejeitado a princípio, já o ama. A partir daí o pai e o escritor se constroem em relação direta;
Nas lembranças do narrador, escritas quase vinte anos depois do acontecido, percebe-se que as informações não são precisas, apesar de o narrador em primeira pessoa descrever detalhadamente seus sentimentos na época;
Há dois momentos cruciais na vida do pai: um de alegria, quando o filho “foi anunciado ao mundo” e o outro de desespero, quando o pai acha que havia perdido o filho para sempre.
Sobre o conto Conversa de bois, presente no livro Sagarana, de Guimarães Rosa, e marque a única alternativa correta.
Conversa de bois é um conto que tem ligações com a fábula, pois nele os personagens animais falam e quando é necessário ajudam o condutor da carroça a encontrar o caminho de volta para casa;
As relações entre o homem e os animais são estreitas no conto, uma vez que há uma cooperação mútua, pois Agenor, percebendo as necessidades dos animais, dá-lhes o que precisam: água, capim e carinho;
Os principais personagens do conto são: Timborna, que narra o caso, e o ouvinte, que anota a história para recontá-la, destacando os aspectos memorialísticos do que ouve;
A presença da frase em Latim, no início do conto, dá o tom da narrativa, em que prevalecem as citações em língua estrangeira sobre os neologismos, desprezados por Guimarães Rosa, como se percebe também no trecho acima;
O interlocutor de Timborna, ao propor o reconto das histórias ouvidas, remete o leitor à figura do próprio Guimarães Rosa, que tinha por hábito, em suas viagens, anotar as histórias que ouvia e transformá-las em material literário.
Com base no poema “Lembrança de Morrer”, do livro Lira dos 20 anos, de Álvares de Azevedo, pertencente à estética romântica brasileira, escolha a alternativa correta.
Uma das características românticas é o objetivismo, nesse sentido, a realidade é revelada através da atitude impessoal do escritor. O artista traz à tona o mundo exterior com plena liberdade;
No culto da natureza, percebe-se que esta é apenas pano de fundo ou cenário, onde o poeta romântico mergulha para encontrar a paz de espírito necessária para compor seus poemas;
Decorrente de sua adaptação ao mundo “real” o poeta romântico não tem consciência da solidão. Então, ele mergulha no mundo exterior, pois não compreende o mundo interior;
A paisagem descrita pelo poeta permanece impassível, não apresentando qualquer vínculo de expressividade e significação;
Na evasão ou escapismo, o poeta romântico procura fugir para um mundo imaginário, idealizado a partir dos sonhos e das emoções pessoais. Podendo evadir-se ainda para a solidão, para o desespero e para a evasão das evasões: o suicídio, a morte.
Leia atentamente o trecho abaixo, retirado de O filho eterno, de Cristovão Tezza. Marque a única alternativa certa em relação ao trecho, ao autor e ao romance como um todo.
Um ser que se move no deserto, ele talvez escrevesse, com alguma pompa, para definir a própria solidão. A solidão como um projeto, não como uma tristeza. Eu ainda não consegui ficar sozinho, concluí com um fio de angústia- e agora (ele olha para a porta basculante, sem pensar) nunca mais. Começou há pouco a escrever outro romance, Ensaio da paixão, em que – ele imagina passará a limpo a sua vida. E a dos outros, com a língua da sátira. Ninguém se salvará. Três capítulos prontos. É um livro alegre, ele supõe. Eu preciso começar, de vez por todas, ele diz a ele mesmo, e só escrevendo saberá quem é. Assim espera. São coisas demais para organizar, mas talvez justo por isso ele se sinta bem, feliz, povoado de sonhos. (p.16) TEZZA, Cristovão. O filho eterno. Rio de janeiro: Record, 2011.
O trecho apresenta um tema que se desenvolve na obra, que é a solidão dos escritores no Brasil, pois através do personagem principal, Tezza discute as questões de produção da obra literária no Brasil;
Ao utilizar a primeira pessoa, o autor faz uma escolha quanto ao tipo de narrador que marcará seu texto e será responsável pelo tom confessional da obra, já que o autor tem um filho com síndrome de Down;
Ao citar uma outra obra sua já publicada, o autor utiliza uma estratégia muito comum na literatura contemporânea, que é a digressão, e leva o leitor a refletir sobre o processo de criação, um tema que perpassa O filho eterno;
O trecho antecede o nascimento de Felipe e retrata um momento em que se constrói uma ponte entre o fazer literário e o fazer-se pai, relação que se estenderá pelo texto e será fundamental para a construção do amor entre pai e filho;
Neste livro, Tezza deixa de lado uma característica que é constante em sua obra: o diálogo com outras artes, que geralmente aparece em forma de citações, marcando a intertextualidade em sua obra.
A partir do romance Lucíola, de José de Alencar, pertence à estética romântica brasileira e do contexto histórico-social do século XIX, escolha a alternativa correta:
O romance representa a sublimação do amor romântico, revelando a possibilidade de união conjugal entre um homem da sociedade burguesa e uma cortesã;
No romance há a concepção de que o casamento é uma instituição calcada em valores sentimentais de amor e afeição;
O romance representa a mulher livre dos padrões e convenções sociais, pois ela pode encontrar a felicidade fora da instituição do casamento e continuar participando da vida em sociedade;
O romance retrata a hipocrisia da sociedade burguesa de que a mulher digna de amor e afeição era aquela pura e virgem, enquanto as outras poderiam ser, apenas, objeto de desejo e de profundo desprezo;
No romance há uma idealização da mulher, já que é vista como anjo imaculado, capaz de se manter pura e virgem para o casamento.
Sobre O Rei da Vela, de Oswald de Andrade, marque a única alternativa verdadeira.
O Rei da Vela é uma peça marcada pela tradição, dividida em três atos, com personagens convencionais, discute questões relativas aos problemas populares, como se pode constatar no trecho selecionado;
O Rei da Vela é o marco do teatro moderno no Brasil. Sua encenação, em 1933, antecipa elementos que seriam comuns nas obras consagradas na década de 40, fazendo de Oswald de Andrade o principal nome do teatro moderno brasileiro;
Os nomes Abelardo e Heloísa remetem à história de amor que aconteceu na Europa, no século XII. Em sua obra, Oswald de Andrade, apesar de manter os nomes, cria personagens que se unem por interesse, o que os distancia dos protagonistas da história original;
Abelardo I e Abelardo II representam a classe em ascensão em São Paulo do início do século, proveniente da nobreza e que detém o poder financeiro do estado;
As referências ao teatro brasileiro são uma crítica à forma como ele se constrói e dão ao texto o caráter metafísico que se encontra nas reflexões do teatro sobre o teatro, em peças como esta e em outras, que tematizam o teatro.
A figura humana é um tema recorrente na história da arte universal, são muitos os exemplos de artistas que retrataram pessoas, utilizando as mais variadas técnicas. No que se refere à história da representação da figura humana, quais afirmativas abaixo são incorretas:
I. Andy Warhol retratou a atriz Marilyn Monroe utilizando a técnica da serigrafia. II. Leonardo da Vinci pintou a Monalisa utilizando a técnica do afresco. III. A Mona Lisa foi inspiração de outras versões produzidas por Botero, Gershman e Duchamp. IV. A persistência da memória, de Salvador Dali, possui figuras humanas em seu cenário.
As alternativas I e II são incorretas;
As alternativas I e III são incorretas;
As alternativas I e IV são incorretas;
As alternativas II e IV são incorretas;
As alternativas III e IV são incorretas.