Selecionamos as questões mais relevantes da prova de vestibular Unespar 2016. Confira! * Obs.: a ordem e número das questões aqui não são iguais às da prova original.
Leia atentamente o poema a seguir, de Paulo Leminski, e assinale A ÚNICA ALTERNATIVA CORRETA.
“não creio que fosse maior a dor de dante que a dor que este dente e agora em diante sente
não creio quejoyce visse mais numa palavra mais do que fosse que nesta pasárgada ora foi-se
tampouco creio quemallarmé visse mais que esse olho nesse espelho agora nunca me vê.”
A presença da intertextualidade no poema aponta a possibilidade de sua leitura como representante da poesia clássica;
Esse poema, da década de 80, é um legítimo representante da poesia concreta, à qual Leminski esteve vinculado a partir de seu livro Catatau;
A repetição dos fonemas /d/ e /n/ na primeira estrofe são recursos utilizados pelo poeta para dar ritmo ao poema;
Ao fazer referência a Dante, poeta italiano do século XIII, autor de A Divina Comédia, Leminski utiliza o humor, como forma de resgate da obra desse poeta;
Leminski foi um grande representante do haicai, forma poética de origem japonesa, que no Brasil teve vários adeptos. Esse poema é um exemplo de haicai na obra leminskiana.
Leia o excerto de “O Burrinho Pedrês”, publicado em Sagarana (1946), de Guimarães Rosa, e ASSINALE A ALTERNATIVA CORRETA.
“Apuram o passo, por entre campinas ricas, onde pastam ou ruminam outros mil e mais bois. Mas os vaqueiros não esmorecem nos eias e cantigas, porque a boiada ainda tem passagens inquietantes: alarga-se e recomprime-se, sem motivo, e mesmo dentro da multidão movediça há giros estranhos, que não os deslocamentos normais do gado em marcha – quando sempre alguns disputam a colocação na vanguarda, outros procuram o centro, e muitos se deixam levar, empurrados, sobrenadando quase, com os mais fracos rolando para os lados e os mais pesados tardando para trás, no coice da procissão. – Eh, boi lá! ... Eh-ê-ê-eh, boi! ... Tou! Tou! Tou... As ancas balançam, e as vagas de dorsos, das vacas e touros, batendo com as caudas, mugindo no meio, na massa embolada, com atritos de couros, estralos de guampas, estrondos e baques, e o berro queixoso do gado Junqueira, de chifres imensos, com muita tristeza, saudade dos campos, querência dos pastos de lá do sertão...
‘Um boi preto, um boi pintado, cada um tem sua cor. Cada coração um jeito de mostrar o seu amor.’
Boi bem bravo, bate baixo, bota baba, boi berrando... Dança doido, dá de duro, dá de dentro, dá direito... Vai, vem, volta, vem na vara, vai não volta, vai varando...” (ROSA, João Guimarães. Sagarana. Rio de Janeiro: Record, 1984. p. 37)
O processo estético literário de Guimarães Rosa se constrói por meio da propensão à representação genérica e desindividualizadora de cenas e personagens, baseada no senso de desumanização da existência, revitalizando não só o regionalismo brasileiro como também os recursos da expressão poética;
A narrativa se constrói por meio do registro das impressões que a realidade sertaneja desperta no espírito do narrador no momento em que a mesma se verifica. Nesse caso, as impressões conduzem a repercussões afetivas profundas, que levam a um estado de nostalgia;
A narrativa se constrói por meio da abolição das fronteiras entre narrativa e lírica, por isso há uma imersão na musicalidade da fala sertaneja, que o autor procura fixar no ritmo de uma construção frasal na qual soam cadências populares, folclóricas e medievais, demonstrando que em Sagarana já é perceptível o trabalho elaborado da linguagem e o inventário dos processos da língua;
O processo estético literário de Guimarães Rosa se constrói por meio da teoria de que a imaginação é a faculdade essencial do artista, porque lhe permite recriar a realidade segundo um novo plano. Assim, revitaliza não só o regionalismo brasileiro como também os recursos da expressão poética, com a crença de que as imagens são o ornamento essencial para revelação da realidade profunda das coisas;
A narrativa se constrói por meio da elaboração de uma linguagem simples e próxima da realidade, que visa representar a oralidade da fala sertaneja. Dessa forma, a realidade é interpretada como um todo orgânico em que a natureza e o homem estão intimamente associados e sujeitos aos mesmos princípios, leis e finalidades, demonstrando que em Sagarana já é perceptível os fundamentos estéticos da obra de Guimarães Rosa.
No excerto abaixo estão transcritos dois momentos da narrativa Lucíola, de José de Alencar. Com base neles e pensando nas características da obra de José de Alencar, ASSINALE A ALTERNATIVA CORRETA.
“Incompreensível mulher!
A noite a vira bacante infrene, calcando aos pés lascivos o pudor e a dignidade, ostentar o vício na maior torpeza do cinismo, com toda a hediondez de sua beleza. A manhã a encontrava tímida menina, amante casta e ingênua, bebendo num olhar a felicidade que dera, e suplicando o perdão da felicidade que recebera. Se naquela ocasião me viesse a ideia de estudar, como hoje faço à luz das minhas recordações, o caráter de Lúcia, desanimaria por certo à primeira tentativa [...]. Lúcia disse-me adeus; não consentiu que a acompanhasse, porque isso me podia comprometer.” [p. 47-48] [...] “Lúcia concluindo essa narração, que a fatigara em extremo, enxugou as lágrimas e deu algumas voltas pela sala. – Se eu ainda tivesse junto de mim todos os entes queridos que perdi, disse-me com lentidão, veria morrerem um a um diante de meus olhos, e não os salvaria por tal preço. Tive força para sacrificar-lhes outrora o meu corpo virgem; hoje depois de cinco anos de infâmia, sinto que não teria a coragem de profanar a castidade de minha alma. Não sei o que sou, sei que começo a viver, que ressuscitei agora. Ainda duvidará de mim? – Tu és um anjo, minha Lúcia!” [p. 113] (ALENCAR, José de. Lucíola (1862). São Paulo: Ática, s/d)
Por meio da análise da realidade, há no romance uma crítica aos valores burgueses que permeiam a sociedade do século XIX, calcados nas conveniências de classe e assegurados no ideal burguês de família e casamento. Trata-se de uma análise em profundidade para assinalar outros valores morais, tendo em vista a concepção materialista do homem, apresentada através da ambiguidade de Lúcia, que transita entre inocência e depravação;
Há no romance a representação dos valores burgueses que permeiam a sociedade do século XIX, calcados nas conveniências de classe, expostas ao conservar longe do ideal burguês de família e casamento uma vítima dessas mesmas conveniências. Até a ambiguidade de Lúcia, que transita entre a inocência e a depravação, decorre dessa representação da ideologia burguesa;
O romance evidencia que a debilidade da família, base da pirâmide social burguesa, reside na falsa educação de seus membros, voltados para os prazeres vis. Assim, José de Alencar, ao narrar a história de Lúcia, derruba as barreiras da conveniência ou das aparências, destrói a concepção de casamento e traz à luz as falhas do sistema burguês;
Ao narrar a história de Lúcia, José de Alencar coloca em xeque o sistema burguês, pois manifesta uma confiança nas possibilidades do indivíduo e na natureza em geral, reabilitando a espontaneidade natural contra os limites transcendentes impostos à iniciativa humana;
Ao narrar a história de Lúcia, vista como anjo imaculado por salvar a família e em virtude do amor puro que sente por Paulo, José de Alencar idealiza a mulher.Dessa forma, o núcleo do romance está na relação entre Paulo e Lúcia, o que revela a capacidade do amor para sobrepujar as convenções sociais.
Leia atentamente o poema a seguir, de Paulo Leminski, para assinalar a ÚNICA ALTERNATIVA INCORRETA.
O poema faz, assim como no haicai tradicional, alusão a uma estação do ano;
A referência à natureza, constante no haicai, está presente nos três versos que nos remetem ao céu, ao clima e à flora;
A disposição das palavras na página faz do poema um representante da poesia concreta brasileira, que tem como um de seus principais pressupostos o aproveitamento do espaço em branco da página para disposição das palavras;
“Kigo” é a palavra em japonês que designa, no haicai, a estação do ano representada. Nesse poema, o outono é o “kigo”;
O haicai ocidental contemporâneo tende a fazer algumas alterações na forma tradicional, embora mantenha os três versos, como no poema selecionado.
Sobre “O Rei da vela” de Oswald de Andrade, assinale A ÚNICA ALTERNATIVA CORRETA.
A família de Oswald de Andrade, tradicional em São Paulo, sofreu com a crise de 29, por isso a peça fala sobre a exploração do proletariado pelo capitalista;
O espetáculo feito por Totó Fruta-do-Conde tem por finalidade atrair os falidos, para emprestar-lhes dinheiro a juros altíssimos;
As rubricas da peça são curtas, principalmente as que iniciam os atos, nas quais se encontram apenas os nomes das personagens que aparecerão naquele momento;
Na cena da morte de Abelardo II encontra-se a justificativa para o título da peça;
“Heloísa será sempre de Abelardo. É clássico.” A fala é de Abelardo II e remete o leitor à história do filósofo francês do século XII, Pedro Abelardo, e sua amada Heloísa.
Leia atentamente o trecho a seguir, retirado do livro O filho eterno, de Cristovão Tezza, p. 63 e marque A ÚNICA ALTERNATIVA INCORRETA.
“Escrever: fingir que não está acontecendo nada, e escrever. Refugiado nesse silêncio, ele voltava à literatura, à maneira de antigamente. Uma roda de amigos- o retorno a tribo- e ele lê em voz alta o capítulo quatro do Ensaio da Paixão, que continua a escrever para esquecer o resto. Ler em voz alta: um ritual que jamais repetiu na vida. Naquele momento, ouvir a própria voz e rir de seus próprios achados, com a plateia exata, é um bálsamo. E ele escreve de outras coisas, não de seu filho ou de sua vida- em nenhum momento, ao longo de mais de vinte anos, a síndrome de Down entrará em seu texto. Esse é um problema seu, ele repete, não dos outros, e você terá que resolvê-lo sozinho.” (TEZZA, Cristovão. Rio de Janeiro: Record, 2009. p.63)
O narrador em terceira pessoa é um recurso utilizado pelo autor que facilita o distanciamento e mantém o narrador afastado do sentimentalismo, já que o livro tem forte cunho autobiográfico;
Ao narrar a história do filho com síndrome de Down, CristovãoTezza abandona a ficção para construir uma autobiografia, na qual todos os fatos narrados realmente aconteceram;
O Filho Eterno é um romance muito premiado, reconhecido pela crítica, de modo geral, já como um clássico, embora tenha sido publicado há pouco tempo;
Embora a narrativa seja em terceira pessoa, o narrador, diversas vezes, parece penetrar na mente do personagem “pai”, aproximando-se da narração em primeira pessoa, embora personagem e narrador nunca se confundam;
O texto dialoga frequentemente com as várias artes e também há várias referências a outras obras de Tezza, como acontece no trecho selecionado.
Na coletânea Sagarana (1946), de Guimarães Rosa, há uma unidade resultante do ordenamento e da disposição dos elementos estéticos e contextuais constitutivos da narrativa, que revelam a circularidade das histórias e, ao mesmo tempo, a unidade da obra como um todo.
Nessa perspectiva, ASSINALE A ALTERNATIVA CORRETA.
Os episódios, cenas e personagens de uma história repercutem, atuam, influenciam ou modelam os de outra história, resultando na unidade de Sagarana. Como, por exemplo, o pretinho de “O Burrinho Pedrês”, que de certa maneira se une ao pretinho Tiãozinho de “Conversa de Bois”, ou no caso do burrinho Sete-de-Ouros, de “O Burrinho Pedrês”, que se liga à mula ruana de “Corpo Fechado” e ao jegue que aparece em “A Hora e Vez de Augusto Matraga”;
Em Sagarana há um regionalismo marcado por uma dimensão primitivista. Nesse sentido, o que dá unidade a obra é um primitivismo temático, que valoriza histórias características de uma determinada região brasileira, marcadas pelo humor, pela paródia e pela exaltação do folclórico e do popular;
O regionalismo presente em Sagarana é marcado pela dualidade estilística predominante entre os regionalistas brasileiros. Guimarães Rosa escreve como homem culto nos momentos de discurso indireto (narrador) e, nos momentos de discurso direto (fala das personagens), procura reproduzir não apenas o vocabulário e a sintaxe, mas o próprio aspecto fônico da linguagem do homem sertanejo. Assim, a unidade da obra se dá por meio de um narrador culto e personagens sertanejas;
A unidade de Sagarana se dá pela libertação da palavra das regras sintáticas, tornando-a mais solta e independente. Isso motiva associações e resulta na superexposição de ideias e de imagens, sem perspectiva nem lógica intelectual, possibilitando a representação da vida sertaneja;
A unidade de Sagarana se dá pela reformulação do regionalismo e por uma nova conceituação de brasilidade como postura ideológica. Isso liga a obra à tradição literária brasileira, principalmente ao Romantismo, pois retoma com intensidade a preocupação com a realidade brasileira, notadamente na área da problemática social das grandes camadas do povo.
Assinale A ÚNICA ALTERNATIVA CORRETA sobre O filho eterno, de CristovãoTezza.
Este foi o primeiro livro de CristovãoTezza a ter Curitiba como espaço. Em todos os outros a ação acontece em uma cidade de Santa Catarina, onde o escritor nasceu;
A leitura do romance remete o leitor ao processo de autoajuda, claramente identificado pelas explicações dadas pelo personagem “pai” sobre a síndrome de Down;
Na narrativa, as figuras da mãe e da irmã desviam o foco narrativo da relação pai/filho, ganhando peso na história que se desenvolve no núcleo familiar;
Durante o tempo em que o personagem viveu em Portugal, ele se aliou aos revolucionários, que fizeram a Revolução dos Cravos;
O filho eterno é uma obra na qual se pode acompanhar a trajetória de Tezza, não só como homem, em sua relação com o filho,mas também seu percurso como autor, que se revela em plena maturidade nesta obra.
Leia o soneto “Já da morte o palor me cobre o rosto”, de Álvares de Azevedo, que pertence à estética romântica brasileira, período em que uma das vertentes passou a ser designada como “geração do mal do século”, e assinale a ALTERNATIVA CORRETA.
Soneto
“Já da morte o palor me cobre o rosto, Nos lábios meus o alento desfalece, Surda agonia o coração fenece, E devora meu ser mortal desgosto!
Do leito embalde no macio encosto Tento o sono reter!...já esmorece O corpo exausto que o repouso esquece... Eis o estado em que a mágoa me tem posto!
O adeus, o teu adeus, minha saudade, Fazem que insano do viver me prive E tenha os olhos meus na escuridade.
Dá-me a esperança com que o ser mantive! Volve ao amante os olhos por piedade, Olhos por quem viveu quem já não vive!”
(AZEVEDO, Álvares de. Lira dos Vinte Anos (1853), São Paulo: Martin Claret, 1999. p. 187)
O poeta faz uso constante de expressões ligadas à morte, revelando uma preferência pelos aspectos dolorosos, cruéis e até repugnantes. Isso se caracteriza por meio de impressões sensoriais e dentro do culto do contraste entre a vida e a morte, visando revelar a miséria da condição humana;
Por meio do culto do contraste, uma das características românticas, o poeta faz uso constante de elementos ligados às ideias de vida e de morte, visando não só a tentativa de conciliação de polos opostos, considerados irreconciliáveis, como carne e espírito, mas também a humanização do sobrenatural;
Por meio do uso constante de expressões ligadas à morte, o poeta busca descobrir valores escondidos no âmago do seu “eu”, procurando dar-lhe objetividade para chegar a um ideal realizável e provocar um movimento que afete o seu espírito e o mundo. Com isso, pretende facilitar a fusão entre o subjetivo e o objetivo, a vigília e o sono, visando o êxtase;
O poeta faz uso constante de expressões ligadas à morte, não só diretamente, como “morte” e “fenece”, mas também indiretamente, como “desfalece”, “esmorece”, “viver me prive” e “já não vive”. Essa opção pela intensificação na temática da morte, vinculada aos demais aspectos do poema, representa a fuga da realidade e revela o descontentamento do poeta com a realidade circundante;
Por meio da imaginação criadora, uma das características românticas, o poeta faz uso constante de elementos ligados às ideias de vida e de morte, visando libertar o homem das limitações de uma existência meramente utilitária. Com isso, busca, como atitude de vida, sistematizar os valores da imaginação para modificar as estruturas do mecanismo da realidade odiada, tal como se apresenta objetivamente.
Leia o excerto de “A Hora e a Vez de Augusto Matraga”, publicado em Sagarana (1946), de Guimarães Rosa, e ASSINALE A ALTERNATIVA CORRETA.
“E, páginas adiante, o padre se portou ainda mais excelentemente, porque era mesmo uma brava criatura. Tanto assim, que, na despedida, insistiu: – Reze e trabalhe, fazendo de conta que esta vida é um dia de capina com sol quente, que às vezes custa muito a passar, mas sempre passa. E você ainda pode ter muito pedaço bom de alegria... Cada um tem a sua hora e a sua vez: você há de ter a sua.” [p. 356] [...] “Quando ficou bom para andar, escorando-se nas muletas que o preto fabricara, já tinha os seus planos, menos maus, cujo ponto de início consistia em ir para longe, para o sitiozinho perdido no sertão mais longínquo [...] que era agora a única coisa que possuía de seu. Antes de partir, teve com o padre uma derradeira conversa, muito edificante e vasta. E, junto com o casal de pretos samaritanos, que, ao hábito de se desvelarem, agora não o podiam deixar nem por nada, pegou chão, sem paixão. Largaram à noite, porque o começo da viagem teria de ser uma verdadeira escapada. E, ao sair, Nhô Augusto se ajoelhou, no meio da estrada, abriu os braços em cruz, e jurou: – Eu vou p’ra o céu, e vou mesmo, por bem ou por mal!... E a minha vez a de chegar... P’ra o céu eu vou, nem que seja a porrete!... E os negros aplaudiram, e a turminha pegou o passo, a caminho do sertão.” [p. 357-358] [...] “E o povo, enquanto isso, dizia: – ‘Foi Deus quem mandou esse homem no jumento, por mór de salvar as famílias da gente!...’” [p. 385] “Mas Nhô Augusto tinha o rosto radiante, e falou: – Perguntem quem é aí que algum dia já ouviu falar no nome de Nhô Augusto Esteves, das Pindaíbas! [...] Então, Augusto Matraga fechou um pouco os olhos, com sorriso intenso nos lábios lambuzados de sangue, e de seu rosto subia um sagaz contentamento. [...] Depois, morreu.” [p. 386] (ROSA, João Guimarães. Sagarana. Rio de Janeiro: Record, 1984)
A narrativa é constituída pela presença constante da religiosidade, vista como a possibilidade de salvação do homem por meio da fé cristã, ou seja, é uma religiosidade marcada por valores ideológicos de uma determinada religião. Tal situação é perceptível na presença do padre e na transformação de Nhô Augusto no herói santificado que salva a comunidade;
A narrativa é constituída pela presença constante da religiosidade, vista como a possibilidade de salvação do homem por meio do aperfeiçoamento da consciência individual, ou seja, é uma religiosidade que deve ser pensada para edificar valores como coragem, alegria e amor. Tal situação é perceptível na trajetória de Nhô Augusto em busca da redenção;
A religiosidade representada na narrativa está marcada pela presença de Deus em conflito com o hedonismo, que teima em se manifestar. Dessa maneira, a visão de transcendência não constitui necessidade fundamental, pois o vago e difuso religiosismo de Nhô Augusto, expresso na frequente menção a Deus, é mais categoria idealizante ou exclamação de socorro emitida por uma sensibilidade carregada do sentimento de culpa, do que profissão de fé;
A religiosidade representada na narrativa está marcada pela busca do apaziguamento, revelada por meio da tentativa de fusão ou identificação do amor humano e do amor divino. Por isso, na trajetória de Nhô Augusto, a ideia central é alcançar o arrependimento, tanto que o tema da morte, igualmente presente, corre paralelo com um intenso impulso de autopunição;
A narrativa é constituída pela presença constante da religiosidade, vista como concepção filosófica que preconiza as leis científicas sobre a natureza como válidas. Sendo assim, a trajetória de Nhô Augusto representa a busca do perene humano no drama da existência, mas sem preocupações de ordem transcendente, pois o objetivo é apresentar elementos essenciais e universais da realidade por meio da constituição de uma ação moral.