Selecionamos as questões mais relevantes da prova de vestibular UNICAMP 2016. Confira! * Obs.: a ordem e número das questões aqui não são iguais às da prova original.
Os estudos históricos por muito tempo explicaram as relações entre Portugal e Brasil por meio da noção de pacto colonial ou exclusivo comercial. Sobre esse conceito, é correto afirmar que:
Trata-se de uma característica central do sistema colonial moderno e um elemento constitutivo das práticas mercantilistas do Antigo Regime, que considera fundamental a dinâmica interna da economia colonial.
Definia-se por um sistema baseado em dois polos: um centro de decisão, a metrópole, e outro subordinado, a colônia. Esta submetia-se à primeira através de uma série de mecanismos político-institucionais.
Em mais de uma ocasião, os colonos reclamaram e foram insubordinados diante do pacto colonial, ao exigirem sua presença e atuação nas Cortes dos reis ou ao pedirem a presença do Marquês de Pombal na colônia.
A noção de pacto colonial é um projeto embrionário de Estado que acomodava as tensões surgidas entre os interesses metropolitanos e coloniais, ao privilegiar as experiências do “viver em colônia”.
As revoluções de independência na América hispânica foram, ao mesmo tempo, um conflito militar, um processo de mudança política e uma rebelião popular. (Rafael Rojas, Las repúblicas de aire. Buenos Aires: Taurus, 2010, p. 11.)
São características dos processos de independência nas ex-colônias espanholas na América:
o descontentamento com o domínio colonial e a agregação de grupos que expressavam a heterogeneidade étnica, regional, econômica e cultural do continente.
o caudilhismo, sob a liderança política criolla, e o discurso revolucionário de uma nova ordem política, que assegurou profundas transformações econômicas na América.
o uso dos princípios liberais de organização política republicana e a criação imediata de exércitos nacionais que lutaram contra as forças espanholas.
a participação de indígenas e camponeses, determinante para a consolidação do processo de independência em regiões como o México, e sua ausência nas ações comandadas por Bolívar.
“O Rio civiliza-se!” eis a exclamação que irrompe de todos os peitos cariocas. Temos a Avenida Central, a Avenida Beira Mar (os nossos Campos Elíseos), estátuas em toda a parte, cafés e confeitarias (…), um assassinato por dia, um escândalo por semana, cartomantes, médiuns, automóveis, autobus, autores dramáticos, grandmonde, demi-monde, enfim todos os apetrechos das grandes capitais. (“O Chat Noir”, em Fon-Fon! Nº 41, 1907. Extraído de www.objdigital.bn.br/acervo_digital/div_periodicos/fonfon/fonfon1907.)
A partir do excerto, que se refere ao período da Belle Époque no Brasil, no início do século XX, é correto afirmar que:
O Rio de Janeiro procurava apagar aspectos da época do Império e impulsionar a cultura francesa, renegada por D. Pedro II.
A cidade expressava as contradições de um processo de transformações urbanas, sociais e políticas nas primeiras décadas da República.
Os costumes franceses eram elementos incorporados pela sociedade carioca como sinônimo da modernização republicana obtida pelo tenentismo.
A modernização representou um processo de exclusão social e cultural, patrocinado pelo governo francês, que financiava obras públicas e impunha os produtos franceses à população brasileira.
Muitos intelectuais, boa parte da imprensa e dos meios de comunicação, e a sociedade em geral usam o termo populismo para caracterizar uma prática política contemporânea que relaciona as massas e o governante.
Sobre o populismo, é correto afirmar que:
A figura do líder é fundamental no populismo, a exemplo de Getúlio Vargas e Jânio Quadros, sendo muito forte no Brasil entre 1930 e 1964. Tal prática requer carisma do líder, a fim de diminuir a participação das massas e impedir o nacional-desenvolvimentismo.
As massas, em suas expectativas, alinham-se às camadas médias, que são ressentidas por não se tornarem classes dominantes. Surgem, nesse processo, líderes vindos das camadas médias que manipulam as massas, destituídas de vontade política.
Ocorre uma associação entre as massas urbanas e o dirigente político carismático que exerce o papel de liderança. É um fenômeno de participação política das classes populares urbanas pouco atingidas pelo desenvolvimento industrial e pelas migrações.
O termo é muito usado para nomear um fenômeno político comum na América Latina entre as décadas de 1930 e 1960, sendo associado aos processos de industrialização, urbanização e à emergência de líderes carismáticos.
Desde a queda do império comunista na Europa, nos anos 1989-1991, assiste-se a uma nova forma de messianismo político que consiste em impor o regime democrático e os direitos humanos pela força. (Adaptado de Tzvetan Todorov, Os inimigos íntimos da democracia. São Paulo: Companhia das Letras, 2012, p. 55.)
O quadro descrito pelo texto pode ser analisado:
como herança das lutas anticoloniais exemplificada na organização em torno do Estado multiétnico, como ocorreu na África do Sul.
como parte da nova ordem mundial sob a liderança dos EUA e seu poder bélico em regiões como a Síria e o Afeganistão.
como o estabelecimento de um princípio que desestabiliza as lógicas internas de organização, como ocorreu no Iraque e na ex-Iugoslávia.
como herança da Guerra Fria e como utilização da lógica militar que inviabiliza a adoção da democracia em regiões como a Ucrânia.
A aquarela do artista João Teófilo, aqui reproduzida, dialoga com a pintura de Pedro Américo, “Tiradentes esquartejado” (1893).
Sobre a obra de João Teófilo, publicada na capa de uma revista em 2015, é possível afirmar que:
Trata-se de uma obra baseada em um quadro do gênero da pintura histórica, sendo que no trabalho de Pedro Américo o corpo de Tiradentes no patíbulo afasta-se da figura do Cristo, exemplo maior de mártir.
Utilizando-se das mesmas formas do corpo esquartejado de Tiradentes pintado por Pedro Américo, o autor limita o número de sujeitos esquartejados e acentua o tom conservador da aquarela.
A imagem fala sobre seu contexto de produção na atualidade, utilizando-se do simbolismo de Tiradentes, e procura ampliar a presença de negros como sujeitos sociais nas lutas coloniais e antiescravistas.
Tiradentes consolidou-se como um mártir nacional no quadro de Pedro Américo, daí a necessidade do pintor de retratar seu corpo esquartejado. A obra de João Teófilo mostra que os mártires, embora negros, são um tema do passado.
Imigrantes cruzam a Macedônia para chegar ao Norte da Europa.
Indique a afirmação correta a respeito dos grandes fluxos migratórios atuais no contexto da globalização.
Envolvem imigrantes da América Latina, do norte da África e do Oriente Médio, atraídos pela industrialização fordista da Europa e dos Estados Unidos, que gera trabalho nas fábricas e na construção civil.
Direcionam-se para os países ricos ou em crescimento econômico e envolvem aquelas áreas de expulsão, cujas populações de origem sempre tiveram culturalmente vocação para a realização de grandes deslocamentos.
Resultam das diferenças entre a situação econômica dos países pobres e ricos e se direcionam para os lugares em que as populações falam a mesma língua ou possuem proximidades culturais.
Assumem distintas direções, sendo que uma das rotas dos imigrantes para a Europa inicia-se em países do Oriente Médio e da costa oriental do norte da África, indo até a Grécia, com travessia pelo mar Mediterrâneo.
País da África Austral que se tornou independente em 1975 após séculos de colonialismo europeu. No período posterior à independência, a terra passou a ser propriedade do Estado, com predomínio de uso pela população camponesa e com forte participação das mulheres na produção agrícola familiar. De 1976-1992 vivenciou intensos conflitos produzidos pela guerra civil envolvendo dois dos principais grupos armados do país.
O texto acima faz referência ao seguinte país:
Congo.
África do Sul.
Moçambique.
Nigéria.
O processo contemporâneo de metropolização do espaço e a grande metamorfose que vem ocorrendo em algumas metrópoles têm significado mudanças territoriais expressivas. Há intensificação e multiplicidade de fluxos de pessoas, mercadorias e informações, bem como crescimento do número de cidades conurbadas, onde não se distingue muito bem, na continuidade da imensa área construída, o limite municipal de cada uma delas. Tanto em São Paulo, por exemplo, como na Cidade do México, em Buenos Aires ou em Santiago, vamos encontrar a manifestação desse momento mais avançado da urbanização. (Adaptado de Sandra Lencioni, A metamorfose de São Paulo: o anúncio de um novo mundo de aglomerações difusas. Revista Paranaense de Desenvolvimento, Curitiba, n.120, p. 133-148, jan./jun., 2011.)
Tendo em vista a metrópole contemporânea, é correto afirmar que se trata de uma:
única aglomeração, mas dispersa e fragmentada, onde fluxos imateriais regem um conjunto diferenciado de lugares.
única aglomeração, pois é compacta e coesa, onde fluxos imateriais regem um conjunto diferenciado de lugares.
metrópole compacta e coesa, organizada exclusivamente por uma estrutura hierárquica de fluxos imateriais.
metrópole dispersa e fragmentada, organizada exclusivamente por uma estrutura hierárquica de fluxos materiais.
Sobre o papel da cabotagem no processo de formação do território brasileiro, é correto afirmar:
A cabotagem viabilizou o comércio marítimo entre os principais portos do território no período colonial. Todavia, esse sistema de transporte veio a encerrar suas atividades no final do século XIX, quando o transporte ferroviário passou a responder por todas as trocas interprovinciais.
A cabotagem consistiu num primitivo sistema de transportes do início da colonização, articulando os portos das principais cidades. Trata-se de um elemento primordial para a formação do território brasileiro, pois permitiu sua precoce unificação e completa articulação inter-regional.
A cabotagem teve importante papel no longo processo de formação do território brasileiro, transportando pessoas, mercadorias e informações entre os principais portos desde o período colonial. No século XX, perdeu importância para o sistema de transporte rodoviário.
A cabotagem foi implantada no Brasil no final do século XIX, fazendo uso de modernos navios a vapor para articular o comércio interprovincial. Atualmente, concorre com os sistemas ferroviário e rodoviário para transportar cargas, particularmente aquelas conteinerizadas.