Selecionamos as questões mais relevantes da prova de vestibular UNICAMP 2016. Confira! * Obs.: a ordem e número das questões aqui não são iguais às da prova original.
Leia o poema “Mar Português”, de Fernando Pessoa.
MAR PORTUGUÊS Ó mar salgado, quanto do teu sal São lágrimas de Portugal! Por te cruzarmos, quantas mães choraram, Quantos filhos em vão rezaram! Quantas noivas ficaram por casar Para que fosses nosso, ó mar! Valeu a pena? Tudo vale a pena Se a alma não é pequena. Quem quer passar além do Bojador Tem que passar além da dor. Deus ao mar o perigo e o abismo deu, Mas nele é que espelhou o céu. (Disponível em http://www.jornaldepoesia.jor.br/fpesso03.html.)
MAR PORTUGUÊS
Ó mar salgado, quanto do teu sal São lágrimas de Portugal! Por te cruzarmos, quantas mães choraram, Quantos filhos em vão rezaram! Quantas noivas ficaram por casar Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena? Tudo vale a pena Se a alma não é pequena. Quem quer passar além do Bojador Tem que passar além da dor. Deus ao mar o perigo e o abismo deu, Mas nele é que espelhou o céu. (Disponível em http://www.jornaldepoesia.jor.br/fpesso03.html.)
No poema, a apóstrofe, uma figura de linguagem, indica que o enunciador:
convoca o mar a refletir sobre a história das navegações portuguesas.
apresenta o mar como responsável pelo sofrimento do povo português.
revela ao mar sua crítica às ações portuguesas no período das navegações.
projeta no mar sua tristeza com as consequências das conquistas de Portugal.
Cem anos depois Vamos passear na floresta Enquanto D. Pedro não vem. D. Pedro é um rei filósofo, Que não faz mal a ninguém. Vamos sair a cavalo, Pacíficos, desarmados: A ordem acima de tudo. Como convém a um soldado. Vamos fazer a República, Sem barulho, sem litígio, Sem nenhuma guilhotina, Sem qualquer barrete frígio. Vamos, com farda de gala, Proclamar os tempos novos, Mas cautelosos, furtivos, Para não acordar o povo. (José Paulo Paes, O melhor poeta da minha rua, em Fernando Paixão (sel. e org.), Para gostar de ler. São Paulo: Ática, 2008, p.43.)
Cem anos depois
Vamos passear na floresta Enquanto D. Pedro não vem. D. Pedro é um rei filósofo, Que não faz mal a ninguém.
Vamos sair a cavalo, Pacíficos, desarmados: A ordem acima de tudo. Como convém a um soldado.
Vamos fazer a República, Sem barulho, sem litígio, Sem nenhuma guilhotina, Sem qualquer barrete frígio.
Vamos, com farda de gala, Proclamar os tempos novos, Mas cautelosos, furtivos, Para não acordar o povo. (José Paulo Paes, O melhor poeta da minha rua, em Fernando Paixão (sel. e org.), Para gostar de ler. São Paulo: Ática, 2008, p.43.)
O tom irônico do poema em relação à história do Brasil põe em evidência:
o modo como a democracia surge no Brasil por interferência do Imperador.
a maneira despótica como os republicanos trataram os símbolos nacionais.
a postura inconsequente que sempre caracterizou os governantes do Brasil.
a forma astuciosa como ocorreram os movimentos políticos no Brasil.
Morro da Babilônia À noite, do morro descem vozes que criam o terror (terror urbano, cinquenta por cento de cinema, e o resto que veio de Luanda ou se perdeu na língua Geral). Quando houve revolução, os soldados espalharam no morro, o quartel pegou fogo, eles não voltaram. Alguns, chumbados, morreram. O morro ficou mais encantado. Mas as vozes do morro não são propriamente lúgubres. Há mesmo um cavaquinho bem afinado que domina os ruídos da pedra e da folhagem e desce até nós, modesto e recreativo, como uma gentileza do morro. (Carlos Drummond de Andrade, Sentimento do mundo. São Paulo: Companhia das Letras, 2012, p.19.)
Morro da Babilônia
À noite, do morro descem vozes que criam o terror (terror urbano, cinquenta por cento de cinema, e o resto que veio de Luanda ou se perdeu na língua Geral).
Quando houve revolução, os soldados espalharam no morro, o quartel pegou fogo, eles não voltaram. Alguns, chumbados, morreram. O morro ficou mais encantado.
Mas as vozes do morro não são propriamente lúgubres. Há mesmo um cavaquinho bem afinado que domina os ruídos da pedra e da folhagem e desce até nós, modesto e recreativo, como uma gentileza do morro. (Carlos Drummond de Andrade, Sentimento do mundo. São Paulo: Companhia das Letras, 2012, p.19.)
No poema “Morro da Babilônia”, de Carlos Drummond de Andrade:
a menção à cidade do Rio de Janeiro é feita de modo indireto, metonimicamente, pela referência ao Morro da Babilônia.
o sentimento do mundo é representado pela percepção particular sobre a cidade do Rio de Janeiro, aludida pela metáfora do Morro da Babilônia.
o tratamento dado ao Morro da Babilônia assemelha-se ao que é dado a uma pessoa, o que caracteriza a figura de estilo denominada paronomásia.
a referência ao Morro da Babilônia produz, no percurso figurativo do poema, um oxímoro: a relação entre terror e gentileza no espaço urbano.