A Aurora Polar é também conhecida como Aurora Boreal, no hemisfério norte – ela é assim chamada por Galileu Galilei, em homenagem à deusa romana do alvorecer, e ao deus que rege os ventos do Norte, seu filho, Bóreas -, e Aurora Austral, no hemisfério sul, designada desta forma pelo navegador inglês James Cook, ao se referir à sua localização, o Sul.
Este fenômeno, um sublime espetáculo de luzes e cores, é na verdade um evento inerente ao campo visual, próprio do espaço polar de nosso Planeta, embora não se limite apenas à Terra, ocorrendo também em Júpiter, Saturno, Marte e Vênus. Ele acontece em virtude do choque produzido por partículas de vento solar no perímetro magnético terrestre. Geralmente estas luzes se manifestam nos períodos que vão de setembro a outubro e de março a abril. Apesar da beleza natural deste processo, ele pode ser igualmente reproduzido por meio de explosões nucleares ou em pesquisas laboratoriais.
A Aurora Boreal pode se expressar de diversas formas – sob a aparência de pontos de luz, como faixas horizontais ou pequenos círculos luminosos -, embora estejam constantemente ajustados à linha do campo magnético do Planeta. Em vários momentos estas luzes se exprimem em diversas cores, simultaneamente. Em outros, elas compõem semicircunferências que se metamorfoseiam o tempo todo.
A Aurora Polar da Terra é desencadeada pela manifestação de elétrons portadores de uma carga energética equivalente a um espectro que vai de um a quinze keV, somados a prótons e partículas alfa, e a luz emerge justamente quando eles se chocam com os átomos do espaço no qual respiramos, principalmente com fragmentos de oxigênio e nitrogênio, normalmente em altitudes que variam entre 80 e 150 km. Processa-se então um fenômeno de ionização, dissociação e estimulação de partículas.
Durante a ionização, os elétrons são deslocados do átomo, levam consigo a energia despertada e geram uma espécie de efeito em cadeia da produção de espécies químicas eletricamente carregadas, por perda de elétrons, em outros átomos. Este estímulo tem como conseqüência um ato de emissão energética, gerando no átomo uma condição de total inconstância. Estes estados de instabilidade enviam ondas luminosas em freqüências vibratórias típicas, enquanto tendem a encontrar o equilíbrio.
Geralmente a impressão luminosa é comandada pelo envio de partículas de oxigênio a altos níveis da atmosfera, aproximadamente por volta de 200 km de altitude, o que causa a produção de tons verdes. Porém, quando são desencadeados intensos temporais, alturas menos elevadas da atmosfera são golpeadas, gerando tonalidades vermelhas mais escuras, devido à presença de átomos de nitrogênio em grande quantidade, seguidos pelos de oxigênio.
Apesar do espetáculo oferecido à visão pela Aurora Boreal, os ventos solares intervêm nos sistemas de comunicação terrestres e nos mais variados mecanismos eletrônicos criados pelo Homem, provocando grandes prejuízos à criação humana. Ao longo da história, cientistas e exploradores vêm se referindo a prováveis sons provocados por este fenômeno, embora ninguém nunca os tenha reconhecido oficialmente, por serem ainda divergentes do conhecimento adquirido pela Humanidade. A Aurora Boreal é também muito presente na mitologia nórdica, que reserva a este evento belas páginas da literatura, passagens marcantes e poéticas que descrevem estas luzes como espíritos elevados ou estrelas com potencial destrutivo, e até mesmo a Bíblia se refere a este fenômeno em um trecho do Livro de Ezequiel. Atualmente, até mesmo o cinema tem protagonizado este espetáculo em suas telas, cativando platéias do mundo inteiro em filmes como Happy Feet. Ela também está presente na música, na poesia e nos jogos eletrônicos.