Sócrates

Por Willyans Maciel

Mestre em Filosofia (UFPR, 2013)
Bacharel em Filosofia (UFPR, 2010)

Categorias: Biografias, Filósofos, Filosofia
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Creditado por seu discípulo Platão como o responsável por levar a filosofia em uma direção mais ética e politica, Sócrates foi um filósofo de tamanha relevância que a história dos filósofos da Grécia clássica é dividia em pré-socráticos e pós-socráticos.

Estátua de Sócrates (Atenas, Grécia). Foto: Renata Sedmakova / Shutterstock.com

A dificuldade ao estudar-se Sócrates é o chamado Problema Socrático. Sócrates foi o principal personagem nos diálogos de Platão, sendo referido também nos trabalhos de Aristófanes, Xenofonte e Aristóteles. É considerado um personagem histórico genuíno, tendo vivido na Grécia do século IV a.C., porém todas as fontes que citam o nome de Sócrates são textos dramáticos ou filosóficos, não havendo qualquer texto diretamente histórico referindo-se a época em que Sócrates viveu e a sua pessoa. Ainda, os textos filosóficos possuem contradições entre si, tornando difícil distinguir a posição e pessoa de Sócrates, daquilo que o autor gostaria de representar com seu próprio trabalho, desde questões mais densamente filosóficas até questões mais cotidianas, por exemplo, Platão afirma categoricamente que Sócrates jamais aceitaria dinheiro para ensinar, enquanto Xenofonte, outro discípulo de Sócrates, afirma que o filósofo era pago por este trabalho. Mesmo dentro do contexto dos diálogos de Platão, considerados a mais completa fonte de informação sobre Sócrates, existem contradições nas posições atribuídas a Sócrates, geralmente associadas com o desenvolvimento filosófico do próprio Platão. Desta forma, a tradição filosófica atual considera que compreender e clarificar a real posição de Sócrates como filósofo, nas principais questões da disciplina, é aparentemente impossível, sendo o Problema de Sócrates classificado como insolúvel. Não obstante, ao compararmos as fontes, algumas conclusões acerca da posição de Sócrates podem ser extraídas e mesmo que não sejam historicamente precisas, ao menos oferecem uma posição consistente para que se possa estudar a importância deste filósofo para o desenvolvimento da filosofia ocidental.

Sócrates foi o criador do que hoje é chamado de Método Socrático, uma técnica de ensino e investigação, que utiliza uma forma de inquisição dialética. Diferente de debates direcionados a persuadir o opositor, o Método Socrático manifesta a oposição de Sócrates a retórica como uma forma de arte que visa agradar os ouvintes e também a oratória, que convence por vias emocionais, não requerendo lógica ou prova. Seu método era o de dividir o problema em questão, a matéria do debate, em questões menores, que em tese poderiam ser respondidas com maior facilidade ou ao menos levariam o interlocutor a olhar o problema por todos os ângulos, entendendo as possibilidades lógicas da questão, eliminando as contradições e, em ultima análise, gradualmente levando ambos a solução do problema em questão. É um método negativo de eliminação de hipótese, no qual uma hipótese é levantada, questionada e busca-se demonstrar que ela leva a contradições, caso em que seria inaceitável. Caso não seja possível demonstrar que tal hipótese leva a contradições, a mesma deverá ser considerada um candidato aceitável à posição de verdade.

Sócrates é ainda creditado por Aristóteles como o primeiro filósofo a buscar definições universais para as virtudes morais, tendo contribuído para as área da epistemologia, procurando entender a extensão do conhecimento humano; política, em que defendia o filósofo como governante ideal, sendo interpretado por alguns estudiosos como um crítico da democracia; ética, em que defendia que a melhor forma de viver é focar na virtude; entre outros temas.

Sendo considerado culpado de corromper a mente dos jovens atenienses e de não acreditar nos deuses do estado, alguns estudiosos consideram que a verdadeira motivação para o julgamento de Sócrates, e sua posterior execução por ingestão de Cicuta, seja sua crítica a democracia, em um período em que Atenas começava a se recuperar de uma humilhante derrota para Esparta.

Referências bibliográficas:
PLATÃO. A República. (trad. Enrico Corvisieri) São Paulo: Nova Cultural, 1999. (Col. Os Pensadores).

SCHNEIDER; ALBERTO LAÍNO. Filosofia da Educação. 20. ed. Curitiba: Lbpex, 2008.

SPINELLI, Miguel. Questões Fundamentais da Filosofia Grega. São Paulo. Loyola, 2006, p. 278ss.

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