Espirro

Por Rafael Barty Dextro

Mestre em Ecologia e Recursos Naturais (UFSCAR, 2019)
Bacharel em Ciências Biológicas (UNIFESP, 2015)

Categorias: Fisiologia, Saúde
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O espirro é uma ação semiautônoma do corpo caracterizada pela forte expulsão de ar pela moca e nariz para expulsar muco ou substâncias irritantes presentes na cavidade nasal. Esta ação também pode ser estimulada por exposição a luz forte ou a brisas de ar frio e saciedade estomacal. Tida como uma ação involuntária benéfica para a saúde, o espirro também pode estar envolvido na proliferação de doenças virais.

Quando substâncias irritantes são inaladas e passam através dos pelos nasais, atingindo a mucosa, há a liberação de histaminas que estimulam as células nervosas presentes na cavidade nasal. Este sinal vai até o cérebro, que inicia o ato de espirrar através de estímulos enviados pelo nervo trigêmeo. Este sinal causa a ativação da musculatura faríngea e traqueal, criando uma grande abertura entre a cavidade bucal e nasal, resultando na expulsão de um grande volume de ar que carrega consigo substâncias presentes em ambas as cavidades. Alergias e congestão nasal característica de resfriados também causam os mesmos estímulos. A força com que o espirro acontece está relacionado com o envolvimento de vários grupos musculares da porção superior do tronco, do pescoço e cabeça.

Foto: RioPatuca / Shutterstock.com

O reflexo fótico de espirro é uma característica genética que ocorre em menos de 30% da população mundial. Pessoas portadoras deste atributo espirram ao serem expostas a luz forte ou saírem de locais escuros em direção a luz. Outro traço genético hereditário associado ao espirro acontece após a saciedade. Quando o estômago fica completamente preenchido, ocorre a liberação dos mesmos sinais induzidos pela entrada de corpos estranhos no nariz, produzindo espirros.

Um espirro produz, em média, 40.000 gotículas que podem carrear agentes patológicos quando a pessoa espirrando está doente. Por isso, é considerado higiênico bloquear o nariz e boca durante o espirro, usando as mãos ou lenços. Existem manobras físicas que podem ser utilizadas para reduzir a ocorrência de espirros, como por exemplo a inalação profunda de ar, preenchendo os pulmões, mantendo este por alguns segundos prendendo o fôlego. Também é efetivo massagear a ponte nasal por um certo tempo. Afastar-se de fontes de substâncias irritantes ou alérgicas, como pólen, pó e pelo de animais também previne a ocorrência de espirros. Por questões de saúde, também é essencial fazer a manutenção periódica de aparelhos de ar-condicionado e umidificadores, limpando e trocando seus filtros.

Animais também possuem reflexos de espirro. Mamíferos, como cães e gatos, espirram de modo similar aos humanos, envolvendo os mesmos caminhos de estimulação e contração muscular. Aves e alguns repteis também espirram para se livrar de bactérias e agentes irritantes, limpando suas narinas. Alguns animais, como cães selvagens, parecem se comunicar através de espirros e outras vocalizações similares a espirros.

Os espirros acompanhados de muco podem ser sinais de infecções no aparelho respiratório, sendo importantes para expulsar parte das excretas envolvidas no combate à patologia. Culturalmente, o espirro é associado com doenças. Curiosamente, populações do mundo todo possuem expressões que são ditas para a pessoa que espirra lhe desejando mais saúde e longevidade.

Referências:

Brubaker, A. P. (1919). The physiology of sneezing. Journal of the American Medical Association73(8), 585-587.

Shiba, K., Nakazawa, K., Ono, K., & Umezaki, T. (2007). Multifunctional laryngeal premotor neurons: their activities during breathing, coughing, sneezing, and swallowing. Journal of Neuroscience27(19), 5156-5162.

Van Lunteren, E., Haxhiu, M. A., Cherniack, N. S., & Arnold, J. S. (1988). Role of triangularis sterni during coughing and sneezing in dogs. Journal of Applied Physiology65(6), 2440-2445.

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