Lobisomem

Por Rosalina Rocha Araújo Moraes
Categorias: Folclore
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O Lobisomem é um ser fabuloso. Sua origem está associada à mitologia e á história de Roma e da Grécia. A lenda como a conhecemos é de origem européia, mas que foi absorvido pelo folclore brasileiro assim como outros tantos elementos da cultura européia, africana e indígena, matrizes da genuína cultura brasileira. É, portanto, considerado atualmente como um dos principais personagens do folclore brasileiro.

Etimologia

A palavra Lobisomem é faz parte do vocabulário da língua portuguesa, mas é derivada da junção dos vocábulos em latim: lupus + homo, que significam respectivamente lobo e homem, ou seja, homem-lobo.

O que é um lobisomem?

Trata-se de um “homem que, segundo a crendice vulgar, se transforma em lobo e vagueia nas noites de sexta-feira pelas estradas, assustando as pessoas, até encontrar quem, ferindo-o, o desencante” (AURÉLIO, 2005).

Ilustração de um lobisomem. Créditos: ianlusung / Shutterstock.com

Como alguém se torna lobisomem?

Segundo a lenda o sétimo filho homem que nasce em uma família torna-se lobisomem. Outros já dizem que é o oitavo filho depois de sete irmãs mulheres. Outra versão é a de que o sétimo filho de um homem que foi o sétimo na sucessão de filhos em sua família é que é o lobisomem. Também é atribuída essa sina ao menino fruto da relação de uma mulher com um padre.

Seja como for esse menino carrega para sempre o fardo de sair todas as noites de sexta feira e de lua cheia para se transformar em lobo ou em alguma espécie de monstro semelhante a esse animal feroz.

Quais as características do lobisomem?

Em geral o menino acometido desse mal é uma criança saudável e normal, mas na puberdade a maldição se manifesta. Na primeira terça ou sexta feira de lua cheia após seu aniversário de 13 anos o menino sai pela noite e em uma encruzilhada se transforma na fera e uiva para a lua como que a anunciar que iniciou-se a maldição.

O sujeito que é lobisomem mesmo quando está na forma de homem apresenta comportamento esquisito e aparência estranha. É desconfiado e olha de relance. É alto, magro, pálido, com aparência de doente. Possui orelhas e unhas grandes, corpo excessivamente peludo, sobrancelhas fechadas.

A sina do lobisomem

Uma vez transformado o lobisomem sai em caça de sangue: mata com fúria e estraçalha toda espécie de ser vivo até que a mutação se acabe, o que só acontece com o cantar do galo e o amanhecer do dia.

Alguns afirmam que o lobisomem prefere o sangue dos bebês pagãos, por isso no interior as mães se apressam em batizar seus filhos o mais rápido que podem. Há também uma história contada de geração à geração segundo a qual o homem que tem essa maldição, para se transformar em lobisomem, vai se espojar no mesmo local onde um jegue se espojou. Enquanto cumpre esse ritual repete algumas palavras do livro de São Cipriano.

Em Rondônia, diz-se que se o homem lobisomem não percorrer, antes do amanhecer, sete cemitérios na noite em que se transforma, não consegue mais voltar á forma humana e permanece eternamente transformado em fera.

Os lobisomens são muito temidos pelos que acreditam nele e mesmo os que não acreditam se amedrontam com as histórias assustadoras. Matar um lobisomem é uma tarefa muito difícil pois ele é muito ágil e feroz, assim, a única forma segura e dizem alguns a única forma possível de exterminar um lobisomem é matando-o com uma bala de prata que deve atingi-lo no coração. Se essa bala for benta por um padre a eficácia é ainda maior. Há também os que acreditam que o fogo é capaz de matá-lo ou pelo menos de afastá-lo. Ao matar um lobisomem ele permanece sob a forma de besta, se quiser descobrir sua verdadeira identidade é necessário dizer as palavras: “matei um homem”. Assim a transformação se desfaz.

A versão portuguesa/européia da lenda

Conforme dito no início, a lenda é originária da Europa. Segundo a Wikpédia em Portugal há uma versão curiosa da lenda. Reza a lenda portuguesa que alguém que possua esse fardo sai pela noite afora e só volta ao seu lugar de origem após visitar sete castelos. Acredita-se que ele vai se transformando em quantos bichos cruze os rastros pelo caminho. Também pode se transformar apenas no animal cujo rastro pisar primeiro.

A forma de livrar a pessoa dessa maldição é colocar, enquanto o lobisomem está transformado, sua roupa virada ao avesso, assim ao retornar e vestir a roupa o mal cessaria.

Uma diferença básica da lenda brasileira para a lenda européia é que o lobisomem aqui se transforma apenas em uma fera metade homem e metade lobo e não em qualquer animal como no caso de Portugal.

FONTES CONSULTADAS

AURÉLIO, Buarque de Holanda Ferreira. Novo Dicionário Eletrônico Aurélio versão 5.0. Coordenação e edição: Margarida dos Anjos e Marina Baird Ferreira. Brasil: Editora positivo, 2004.
CASCUDO, Luís da Câmara. Antologia do folclore brasileiro. 2ª ed. São Paulo, Livraria Martins, 1954.

_________. Dicionário do folclore brasileiro. Rio de Janeiro, Ministério da Educação e Cultura / Instituto Nacional do Livro, 1954.
Enciclopédia Compacta Brasil - Larousse Cultural - Nova Cultural – 1995

SILVA, Vera Maria de Lima. Coleção Folclore fantástico – Lobisomem. Ciranda cultural.

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