* Observe este exemplo que vem sendo utilizado pelas gramáticas francesas há muitos séculos:
- Le chat a mangé toutes les souris (O gato comeu todos os ratos);
- Toutes les souris ont été mangées par le chat (Todos os ratos foram comidos pelo gato).
O sentido das duas frases é o mesmo. Mas na primeira, na forma ativa, focaliza-se o “agente”, aquele que realiza a ação; na segunda, forma passiva, focaliza-se aquele que sofre tal ação (chamado às vezes de “paciente”).
A forma passiva permite apresentar um evento ou um fato, mudando o ponto de vista.
Formação do passivo
A passagem da forma ativa à forma passiva causa algumas modificações. O objeto da frase (tout les souris) torna-se o “sujeito gramatical” do verbo. O sujeito por sua vez, torna-se o complemento de agente (par le chat).
O verbo passivo é sempre conjugado com o auxiliar “être” que se coloca no mesmo tempo verbal e no mesmo modo que na forma ativa.
* Em quase todos os casos, os verbos transitivos diretos (verbos seguidos de um complemento de objeto direto) podem ser colocados na forma passiva. Mas somente dois verbos transitivos indiretos estão neste caso: pardonner à quelqu’un (perdoar a alguém) e obéir à quelqu’un (obedecer a alguém).
! – Mas certos verbos transitivos não podem ser colocados na forma passiva:
- os verbos “avoir, posseder” (ter, possuir);
- os verbos que servem para exprimir a mensuração: “faire + mesure”, “mesurer”, “coûter”, “valoir”, “peser”, “vivre”, “durer” (fazer + mensuração, mensurar, custar, valer, pesar, viver, durar) etc. e que são sempre seguidos de uma cifra ou de um numeral, quando complementos de medida.
- os verbos “présenter” (apresentar) quando utilizado no sentido de: apresentar uma vantagem, um inconveniente, um interesse, uma dificuldade etc.; “comporter” (comportar) e “comprendre” (compreender) quando utilizado no sentido de: ter, comportar.
- o verbo “regarder” (olhar), tomado no sentido figurado (sujeito não animado = concernir).
- algumas locuções verbais como: prendre la fuite, perdre la tête, faire l’idiot (fugir, perder a cabeça, fazer-se de bobo) etc.
Os empregos do passivo
Diz-se frequentemente que o passivo é pesado, pouco elegante e que é preferível empregar a forma ativa. Pode-se dizer que sim na língua oral, mas na escrita o passivo continua muito freqüente. Então, em que casos utilizar o passivo?
a) Quando não é desejável ou não é possível dar indicações precisas sobre o responsável por uma ação, por um evento;
b) Quando é preferível insistir sobre o processo do que sobre o agente (por exemplo, nos textos científicos ou administrativos);
c) se o “paciente” é humano, é preferível colocá-lo em evidência.