O gênero horror se apresenta, em princípio, como sendo uma vertente do fantástico e contendo também elementos da ficção científica. Ao se tornar uma configuração específica de narrativa, o horror tem sua definição alicerçada entre o final do século XVIII e toda a extensão do século XIX.
Devido à retomada da tradição do gênero fantástico (nas décadas de 1920 e 30) de forma ressignificada, o escritor norte-americano H.P. Lovecraft é considerado o criador da ficção de horror. Seguindo o percurso aberto por Edgar Allan Poe, Lovecraft encontra caminhos para retratar de maneira ficcional o terror que de fato habita o pensamento humano.
O horror literário traz à tona um universo de superstição que tem como fonte o contexto medieval e suas personagens: demônios, bruxas, lobisomens, vampiros e toda uma infinitude de seres horripilantes. Cria-se um universo demoníaco e amedrontador porque a base principal da narrativa de horror é o terror, ou seja, sentimentos como o medo e o pânico precisam ser provocados no leitor para que, por meio da alteridade, a leitura seja desencadeadora de associações que causam o pavor.
No que diz respeito à estruturação, as produções de horror exigem a criação de mundos permeados pelo Mal e repletos de imagens dantescas, em alusão ao Inferno, primeira parte da obra A Divina Comédia, de Dante Alighieri. O enredo das histórias de horror é uma espécie de convocação a tudo o que há de sobrenatural e fantasmagórico no universo, seja ele real ou ficcional.
A manifestação do horror na realidade está atrelada às situações de guerra, destruição e morte. Por isso que ao ler uma obra que contém o elemento aterrorizante, o leitor embarca no pesadelo arquitetado pelo escritor sem questionar. Afinal, a evolução do gênero culmina no chamado horror moderno que possibilita aos escritores beberem da fonte da própria realidade apocalíptica para as suas construções ficcionais.
Dos autores contemporâneos destacam-se: Stephen King e Clive Barker. Aclamado pela crítica e considerado um dos mestres do horror na literatura e ano cinema, as histórias de King amedrontam e assombram o público; ele diz que a matéria prima para suas narrativas são os sonhos e delírios que ele tem. Tudo isso, reverbera em situações sobrenaturais, com destaque para a morte e a escuridão que habita a alma humana.
Já Barker, insere em suas produções um elemento inovador ao criar narrativas de horror que são alicerçadas pela fantasia urbana, elemento notadamente contemporâneo. Tanto que Stephen King diz ver nele o futuro do gênero horror.
Referências:
MIGUEL, Alcebíades Diniz. A morfologia do horror – construção e percepção na obra lovecraftiana, 2006, 194. Dissertação (Mestrado em Literatura em Língua Inglesa). UNICAMP, Campinas, 2006.