A literatura cyberpunk é um gênero da ficção científica notado por seu foco, baixo custo de vida e alta tecnologia. Cyberpunk é um termo originado a partir da cibernética, que promove uma visão underground da sociedade, de contracultura, que foge dos padrões anteriormente impostos com intenção de obter novos espaços para expressão.
Durante a década de 1980, a ficção científica criou o movimento cyberpunk, um dos mais bem-sucedidos. Os pioneiros foram William Gibson, autor da trilogia do Sprawl, do qual faz parte o famoso Neuromancer; e Bruce Sterling, autor da série de histórias Mechanist/Shaper, do qual a maior realização é a gigantesca obra Schismatrix.
As características que definem o estilo cyberpunk na literatura se mantêm em debate desde seu início. Alguns autores classificados como cyberpunks questionam a existência deste rótulo, enquanto outros discordam acerca dos aspectos que caracterizam esta forma de expressão.
Bruce Sterling afirma que “o cyberpunk se trata de uma integração entre tecnologia e literatura em um mundo onde o diferencial entre ficção científica e realidade está cada vez mais tênue”. Já Lewis Shiner acredita que a ramificação se trata apenas de “um produto da cultura pop, fato pelo qual não teria grandes méritos literários”.
As opiniões acima representam diferentes visões dos autores consagrados, estes que compõem o estilo. É complicado definir o estilo cyberpunk com base em conceitos tão divergentes. O que se pode concluir, no entanto, é que o cyberpunk é encarado como a voz do underground na sociedade moderna, representando um novo mundo imerso na tecnologia.
Uma forma de definir aspectos característicos da literatura cyberpunk seria analisar as características e lugares-comuns mais recorrentes nas narrativas classificadas como tal. A integração maligna entre sociedade e tecnologia pode ser considerada a base central do estilo, porque exibe uma visão pessimista do avanço científico. As obras do estilo apresentam visões de um mundo desértico e devastado por meio da ficção futurística. Além disso, é possível destacar ainda o conflito recorrente entre o individual e sociedade, porque retrata a insignificância do homem diante da tecnologia onipresente.
Apesar de constantemente mostrar a tecnologia e sua integração à sociedade, esta não é uma característica essencial ao cyberpunk. Como, por exemplo, o livro “The Girl Who Was Plugged In” de James Triptree Jr. Apesar de o autor ter destacado os avanços da tecnologia, o fio condutor da narrativa é o desejo da personagem principal ter sua individualidade apesar da tecnologia.
Muito da ficção científica é projetado em como o indivíduo utiliza a tecnologia para suplantar os próprios problemas. Na literatura cyberpunk, a individualidade do personagem está sempre em conflito com a impessoalidade das máquinas.
Os conceitos básicos da literatura cyberpunk consistem em: mostrar a tecnologia como obstáculo ao homem; histórias baseadas em temas obscuros; personagem que falha ou se conforma com a sociedade estruturada. Ao contrário da atitude otimista com a qual a ficção-científica clássica trata a tecnologia, a literatura cyberpunk trata o assunto como um dos maiores problemas que a sociedade enfrenta. A tecnologia intensifica os atributos físicos do personagem através de supostos implantes e próteses, mas por outro lado, inibe suas individualidades. A atitude não-conformista é marcante na personalidade dos autores cyberpunks, que têm uma visão pessimista da condição humana imersa na tecnologia.
Fontes:
http://nalupa.com/o-movimento-cyberpunk-e-os-dias-de-hoje/
http://www.carcasse.com/revista/2012/literatura_cyberpunk/index.php
http://pt.wikipedia.org/wiki/Cyberpunk
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/generos-literarios/literatura-cyberpunk/