O vampiro é uma criatura lendária que para subsistir precisa se nutrir do sangue humano, seja ele um zumbi ou um ser vivo. O estudo de culturas totalmente distintas aponta para a existência de mitos vampirescos até mesmo no período pré-histórico. Apesar disso, a palavra ‘vampiro’ somente se tornou conhecida em princípios do século XIX, depois de uma onda de influências soprada de regiões como os Bálcãs e a Europa Oriental na direção do ocidente.
Em 1819 fixou-se finalmente o protótipo do vampiro requintado e sedutor, baseado no protagonista do clássico O Vampiro, de John Polidori, uma imagem que se dissemina hoje nas sagas Crepúsculo, de Stephenie Meyer, e A Morada da Noite, de P. C. Cast e Kristin Cast, tanto nos livros quanto nas adaptações cinematográficas.
Antes disso, essas criaturas iam da forma quase humanóide até corpos em condições de total deterioração. Mas é na obra-prima de Bram Stoker, Drácula, de 1897, que este gênero literário encontra sua referência suprema. Ela é o alicerce que fundamenta a ficção atual sobre os vampiros.
O autor se baseou em mitos prévios sobre outras entidades sobrenaturais, como os lobisomens e espíritos perversos similares. Assim ele canalizou o mal-estar físico e psíquico de um período histórico e deu vazão aos terrores do patriarcalismo da era vitoriana.
Mas o que realmente cativa o leitor neste gênero até hoje? O ser humano necessita de uma dose de fantasia na sua existência, como defende, entre outros, o Professor Antonio Cândido. Por esta razão, talvez não seja tão assombroso o impacto provocado pela saga Crepúsculo, de Stephenie Meyer, e de outra série que consta nas listas dos mais vendidos, A Morada da Noite, de P. C. Cast e Kristin Cast, entre outras obras que têm como protagonistas os ancestrais vampiros.
Embora ela encontre adeptos em todas as faixas etárias e gêneros, é inegável que a maior parte dos leitores é composta por adolescentes. Este público é o que se encontra mais imune à alienação desencadeada pelos mecanismos que regem a era pós-moderna e, portanto, o mais acessível às questões existenciais, tão bem trabalhadas por estas autoras em seus livros.
Temas como a vida humana, o seu valor, a eternidade, a existência em outro plano, e a morte, vista principalmente como um fator de transformação, não de finitude, são discutidos amplamente nestas obras. É curioso perceber que nem mesmo o vampiro é visto como um ser indestrutível e imortal nesta literatura; apesar de, em famílias adeptas de um vampirismo mais ‘clean’, ou seja, vegetariano, como na série Crepúsculo, eles viverem até mesmo por centenas de anos, esta entidade sobrenatural jamais é descrita como um ser destinado à eternidade.
E quanto à morte, tão presente nestes livros, principalmente em A Breve Segunda Vida de Bree Tanner, de Meyer, e nos volumes que compõem a Morada da Noite? Nesta série esta imagem é onipresente, pois nem todos os novatos marcados pela deusa Nyx para serem futuros vampiros passarão realmente pela transformação. Alguns deles não conseguem atravessar este limiar; mas, curioso, há vários tipos de morte, e nem todos os aspirantes a vamps morrem de verdade, e sim passam a viver em uma espécie de limbo, ou de semi-vida.
Fontes:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Vampiro
http://prosaencantada.blogspot.com.br/search/label/Ensaio%20-%20Morte%20e%20Literatura
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/generos-literarios/vampirismo/