Sistema MN

Mestrado em Genética (UFMG, 2011)
Graduação em Ciências Biológicas (PUC-Minas, 2008)

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O sistema MN é um dos sistemas de grupos sanguíneos presentes nos seres humanos, também chamado de sistema de antígenos MNS. É o segundo em complexidade entre os grupos sanguíneos, estando atrás apenas do sistema Rh.

Os médicos Landsteiner e Levine, após a descoberta dos primeiros antígenos sanguíneos do grupo ABO, perceberam que existiam outras variações entre os seres humanos. Então em 1927, após a imunização de coelhos com sangue humano, eles conseguiram descrever os antígenos M e N. Os demais antígenos foram sendo descobertos e descritos ao longo dos anos.

O sistema MNS é codificado por dois genes, glicoforina A e glicoforina B, presentes no cromossomo 4. Um terceiro gene, glicoforina E, localizado ao lado do gene glicoforina B, que pode ter participação no rearranjo de genes levando a novos variantes alélicos. Atualmente 46 antígenos já foram identificados no sistema e os mais importantes são M, N, S, s, U. Os antígenos MNS são encontrados principalmente nas hemácias, mas também são expressos no endotélio renal e no epitélio.

O gene glicoforina A é responsável pela produção dos antígenos M e N, e entre eles não há uma relação de dominância. Os alelos atuam em codominância e são representados por LM e LN (a letra L foi escolhida em homenagem aos pesquisadores que descobriram o grupo sanguíneo). Assim, os indivíduos são fenotipicamente identificados por LMLM, LMLN e LNLN. A presença de LM e LN é comum em 75% na população mundial e o genótipo mais comum é o heterozigoto LMLN. O gene glicoforina B possui, também em codominância, os alelos S e s, sendo s o mais comum na população mundial (89%). O antígeno U também tem alta incidência, ocorrendo em mais 99,9% da população.

Assim como na maioria dos sistemas de grupo sanguíneo, este sistema possui indivíduos “nulos”. Aqueles que não têm glicoforina A e nem B são conhecidos por MkMk, pois não têm antígenos MNS detectáveis nas hemácias desses indivíduos. Os que não apresentam glicoforina A, mas têm glicoforina B são chamados En(a-), e aqueles que têm glicoforina A, mas não têm B, são indivíduos S-s-U-.

Os anticorpos anti-M e anti-N são de ocorrência natural e normalmente pouco reativos, não sendo considerada obrigatória sua identificação em processos de transfusões sanguíneas. Em raros casos anti-M e anti-N foram relatados como causa de reações transfusionais retardadas e de doença hemolítica do feto. O anticorpo anti-S é mais comum do que o anti-s, mas ambos podem ocasionar quadros graves de hemólise. Outros anticorpos de menor prevalência do sistema MNS também podem causar a doença hemolítica do feto.

Apesar dos antígenos MNS não apresentarem tanta relevância quanto os outros sistemas sanguíneos, existem estudos que sugerem que o fenótipo MN é um fator genético associado à detecção precoce de hipertensão.

Referências bibliográficas:

Delanghe, J., Duprez, D., De Buyzere, M., Robbrecht, D., Bergez, B., Leroux-roels, G., Clement, D. MN blood group, a genetic marker for essential arterial hypertension in young adults. 1995. The European Society of Cardiology. 16(9): 1269-1276.

MNS blood group. Center of Excellence in Generative Medicine. University of Bridgeport. Disponível em: <http://www.generativemedicine.org/wiki/wiki.pl/MNS_Blood_Group>

Reid, M.E. MNS blood group system: a review. 2009. Immunohematology. 25(3): 95-101.

The MNS blood group. Blood groups and red cell antigens. Disponível em: <http://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK2274/>

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