O termo arranjo populacional é utilizado para se referir a uma ligação funcional entre dois ou mais municípios. Essa ligação ocorre pelo fluxo diário entre moradores que transitam entre esses municípios por questões de trabalho ou estudos, ou até pela contiguidade de manchas urbanas. O deslocamento que ocorre de um indivíduo que habita um município mas trabalha e ou estuda em outro que seja vizinho é chamada de migração pendular, isto é, a pessoa faz um movimento diário de ida e volta de uma cidade diferente.
Esse termo começou a ser utilizado após o intenso processo de urbanização que ocorre no Brasil a partir de 1960, que tem como principal característica a intensificação das indústrias no país e o processo de êxodo rural (movimento de migração do campo para a cidade). Com o rápido crescimento dos centros urbanos muitas pessoas se deslocaram para eles em busca de melhores condições de vida e de trabalho, porém por motivos diversos relacionados com fatores sócio-econômicos alguns arrumaram moradias em municípios vizinhos a esses centros urbanos. Com a concentração de empregos focada nos centros urbanos, a população dos municípios vizinhos faziam o trajeto diário de trabalhar nos grandes centros e retornar às suas casas após esse expediente, o que desenvolve o termo de cidade dormitório para esses municípios.
Critérios para definir um arranjo populacional
- Uma forte intensidade relativa entre o movimento pendular realizado pelos habitantes dos municípios por questões de trabalho ou estudo, sendo essa intensidade com valor igual ou superior a 0,17 dentro de um índice retirado a partir de uma fórmula matemática que leva em consideração o total de habitantes das cidades envolvidas e o total dos deslocamentos de cada uma;
- Uma forte intensidade absoluta entre o movimento pendular realizado pelos habitantes dos municípios, isso ocorre quando o número de habitantes que se deslocam é igual ou superior a 10.000 pessoas.
- A contiguidade das manchas urbanizadas, isto é, quando a distância entre as manchas urbanas dos municípios é igual ou menor ou igual a 3 km, isso ocorre principalmente na relação de dois municípios.
Segundo um estudo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no ano de 2015 o Brasil possuía 294 arranjos populacionais, formados por aproximadamente 953 municípios, que compreendem cerca de 55,7% da população do país. A maior concentração desses arranjos se encontra na região sudeste, com 116 arranjos, principalmente nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro.
Observe a tabela abaixo:
Região | Arranjos Populacionais | Total da População | População em arranjos (%) |
Centro-Oeste | 24 | 14.058.094 habitantes | 51,3% |
Nordeste | 51 | 53.081.950 habitantes | 38,9% |
Norte | 16 | 15.864.454 habitantes | 21,6% |
Sudeste | 116 | 80.364.410 habitantes | 72,5% |
Sul | 87 | 27.386.891 habitantes | 61,1% |
Composição dos arranjos populacionais, segundo as Grandes Regiões – 2010 (IBGE)
Com esses dados é possível observar que a relação entre urbanização e a presença dos arranjos populacionais estão ligadas de forma direta no Brasil, pois a região sudeste que é a mais industrializada e mais urbanizada é a que segue com a maior concentração desses arranjos, em contraponto a região norte que possui uma urbanização menor comparada às demais regiões terá uma quantidade reduzida de arranjos populacionais.
O maior arranjo populacional do país é o da cidade de São Paulo (SP) que possui um conjunto de 37 municípios em seu arranjo, seguido de Belo Horizonte (MG) com 23 municípios e Rio de Janeiro (RJ) com 21.
Bibliografia:
Arranjos populacionais e concentrações urbanas no Brasil / IBGE, Coordenação de Geografia. - 2. ed. - Rio de Janeiro : IBGE, 2016. Disponível em: ftp://geoftp.ibge.gov.br/organizacao_do_territorio/divisao_regional/arranjos_populacionais/arranjos_populacionais.pdf