O Brasil, por ser cortado pela linha do Equador e pelo Trópico de Capricórnio, tem 90% do seu território na zona climática intertropical, a mais quente do planeta.
Segundo a classificação climática de Arthur Strahler (que se baseia nas áreas da superfície terrestre e a influência das massas de ar), a região do Acre possui um clima equatorial úmido. Este é controlado pela ação dos ventos alísios e pelas baixas pressões equatoriais, além da Zona de Convergência Intertropical. Por estar situado na porção ocidental da Amazônia, sofre interferência da massa Equatorial Continental (mEc) e da massa Polar Atlântica (mPa), que atua em todo o interior da Amazônia, percorrendo o território nacional do sul ao noroeste, através das planícies e depressões do interior da América do Sul, canalizando ar frio e provocando queda de temperatura, num fenômeno conhecido na região Norte como “friagem”.
O ar atmosférico está sempre em movimento, na forma de massa de ar ou de vento, os quais possuem características particulares de temperatura e umidade, tornando-se responsáveis pelas situações do tempo e, portanto, pela caracterização do clima em determinada área. As massas de ar avançam ou recuam determinando o clima da região e marcando as estações do ano. No Acre, a mEc, quente e úmida, originada na parte ocidental da Amazônia, tem forte influência, dominando a porção noroeste amazônica durante quase todo o ano. A outra massa de ar que influencia o estado, a mPa, fria e úmida, se forma em porções do Oceano Atlântico próximas à Patagônia. Atua mais no inverno, entrando no Brasil como uma frente fria, provocando chuvas e queda de temperatura.
De acordo com a classificação de Wilhem Köppen, que não leva em consideração a dinâmica das massas de ar, a região acreana possui um clima de tipo Am (equatorial). Este é caracterizado por temperaturas (médias entre 25°C e 27°C) e pluviosidade (entre 1.500 e 2.500mm/ano) elevadas.
O clima do Acre caracteriza-se pela grande umidade do ar (em torno de 80%), que decorre da intensa evaporação causada, especialmente, pela enorme quantidade de rios, pelo alto índice de chuvas, pelas temperaturas elevadas e pela vigorosa floresta. Porém, atualmente, são perceptíveis certas alterações no comportamento climático regional.
As grandes mudanças no clima da Terra dos últimos 18.000 anos transformaram as condições climáticas da Amazônia. Para o ilustre geógrafo Aziz Ab’Saber, o avanço das correntes oceânicas mais frias no litoral sul-americano (corrente das Malvinas), alterou a paisagem amazônica, entre 18.000 e 13.000 anos atrás, apresentando um domínio de savanas e cerrados em detrimento das florestas, que ficaram restritas a galerias ao longo dos rios da região. Esses períodos glaciais produziram, portanto, diminuição da precipitação pluviométrica e a expansão dos cerrados, que estão situados em domínios da floresta. Admite-se, desse modo, a possibilidade da expansão dessas formações abertas como paisagens típicas da bacia Amazônica, desde que as condições climáticas assim as favoreçam.
A Amazônia, como um todo, tem importante papel de regulação do clima no Brasil e no mundo. Porém, as transformações espaciais antrópicas do processo de ocupação da região e atividades econômicas, legais e ilegais, vêm modificando de forma acelerada suas paisagens. A soma de fenômenos como El Niño, La Niña e outros, com o desmatamento efetuado por madeireiras e para expansão da agropecuária, exploração de garimpo e grilagem de terras, influenciam uma alteração climática muito acelerada, levando cientistas a fazerem previsões de cenários climáticos preocupantes.
Segundo dados de satélite do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), o desmatamento na Amazônia brasileira, na primeira quinzena de julho de 2019, superou a taxa do mês inteiro no ano de 2018. Mais de 1.000km² de floresta foram derrubados no período, isto é, 68% a mais em relação a todo o mês de julho do ano anterior. No Acre, o desmatamento aumentou mais de 400% entre julho de 2018 e julho de 2019 (dados do Sistema de Alerta de Desmatamento, do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia – Imazon). A área desmatada no Acre aumentou de 35km², em 2018, para 187km², em 2019.
Bibliografia:
G1. Área desmatada no Acre cresce mais de 400% em um ano, aponta estudo. Disponível em: <https://g1.globo.com/ac/acre/noticia/2019/08/18/area-desmatada-no-acre-cresce-mais-de-400percent-em-um-ano-aponta-estudo.ghtml>. Acesso em: 18/11/2019.
MAIA, Maria do Socorro Oliveira. O Acre no Planeta em Movimento: a tectônica de placas e a dança dos nossos continentes. In: SILVA, Silvio Simione da (coord.). Acre: Uma visão temática de sua Geografia. Rio Branco: EDUFAC, 2008.
MIGUEIS, Roberto. Geografia do Amazonas. Manaus: Editora Valer, 2011, 144p.
Notícias UOL. Desmatamento no Brasil dispara em julho e ameaça acordo comercial com UE. Disponível em: <https://noticias.uol.com.br/meio-ambiente/ultimas-noticias/redacao/2019/07/18/desmatamento-no-brasil-dispara-em-julho-e-ameaca-acordo-comercial-com-ue.htm>. Acesso em: 12/11/2019.
Redação Hypeness. Incêndios na Amazônia têm ‘assinatura do desmatamento’, aponta NASA. Disponível em: <https://www.hypeness.com.br/2019/08/incendios-na-amazonia-tem-assinatura-do-desmatamento-aponta-nasa/ >. Acesso em: 12/11/2019.
ROCHA, Karla da Silva; CAVALCANTE; Cláudio Roberto da Silva. Estudando o Acre: localização, representação e contextos do espaço acreano. In: SILVA, Silvio Simione da (coord.). Acre: Uma visão temática de sua Geografia. Rio Branco: EDUFAC, 2008.
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/geografia/clima-do-acre/