O Ceará se caracteriza pela presença de dois tipos de clima: tropical úmido e semiárido. Localizado entre 2ºS e 7ºS, o estado se encontra muito próximo à Linha do Equador, sofrendo a ação direta dos ventos alísios, que intensificam o regime eólico na região. Na maior parte de seu território predomina o clima semiárido, registrando-se assim uma grande quantidade de secas periódicas. Já a porção úmida e subúmida do estado concentra-se em parte do litoral e nas áreas que registram maior elevação topográfica.
As zonas úmidas do Ceará correspondem a regiões de maior altimetria, além de porções do litoral cearense. O período de chuvas ocorre entre janeiro e julho com uma pré-estação chuvosa no mês de dezembro. Nestas regiões, os índices pluviométricos anuais ultrapassam os 900 mm, garantindo a umidade local durante cerca de seis meses. Dois sistemas meteorológicos predominam para a ocorrência de chuvas no estado: a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), que provoca umidade na região durante o máximo de sua oscilação no hemisfério Sul, e a massa Equatorial Atlântica, que transporta os ventos alísios úmidos. Nas porções altas do estado, a orografia é a responsável pela umidade nos diferentes maciços residuais encontrados em meio à Depressão Sertaneja.
Já o semiárido, clima marcado pela escassez hídrica durante todo o ano, predomina em quase todo o estado, especialmente em sua porção central. Cerca de 92% do território cearense registra tal tipo climático, que afeta os sopés de serras e a região da Depressão Sertaneja com mais intensidade. A amplitude térmica anual na região é baixa, em oposição às taxas de evapotranspiração. Enquanto o período chuvoso dura de três a cinco meses (geralmente de fevereiro a abril), a seca pode se estender por até nove meses no estado. Em condições normais de chuvas, os índices pluviométricos ficam entre 500 e 800 mm, o que acarreta em um déficit hídrico para a agricultura e para a população que reside no semiárido.
E é justamente a seca que preocupa a população cearense. Entre 1991 e 2012, foram registrados mais de 1700 casos de estiagem e seca no estado. De todos os municípios do Ceará apenas Eusébio, na Região Metropolitana de Fortaleza, não registrou nenhuma ocorrência no período. Só no ano de 2012, 178 das 184 cidades cearenses decretaram situação de emergência por causa da falta de chuvas. Os municípios com o maior número de registros de estiagem e seca neste período de 22 anos foram Tauá (19 casos), Mombaça (18 casos), Caridade (17 casos), Acopiara, Catunda, Madalena, Pedra Branca e Penaforte (16 casos), todos localizados no Sertão Cearense.
Referências bibliográficas:
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