Conurbação

Graduanda em Geografia (IFSP)
Graduada em Biologia (UNICSUL, 2018)

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Conurbação é o processo de junção de cidades com seus arredores, termo que surge com o estudo do urbanismo, assim também é indissociável dos termos metrópole e região metropolitana, já que define contornos dessas áreas. A conurbação é um fenômeno urbano que faz com que o espaço urbano se integre em uma rede urbana. Sua definição clássica o coloca como “o processo de expansão urbana que ocorre nos grandes aglomerados urbanos, em que a metrópole se expande sobre as cidades do seu entorno”.

O termo surge com Patrick Geddes, um urbanista que analisando a urbanização e da organização espacial urbana da Europa industrial utiliza esse conceito para entender o crescimento urbano onde cidades se unem espacialmente rompendo os limites territoriais administrativos e gerando áreas de influências maiores entre esses centros urbanos conturbados.

Assim esses centros se integram, característica principal do fenômeno da conurbação. Esse processo também ocorre cidades menores, quando as áreas urbanas de cidades vizinhas se encontram devido seu crescimento, mostrando que áreas urbanas com menor demografia sofrem do mesmo processo.

No Brasil esse fenômeno é visto a partir do século XX, quando devido ao ciclo do café, São Paulo e Rio de Janeiro crescem e se conurbam com suas cidades vizinhas, porém, aqui esse processo só ganhará força com a industrialização e o êxodo rural gerado pela mecanização do campo, aumentando significativamente as populações urbanas, gerando diferentes áreas metropolitanas.

Segundo Flávio Villaça, arquiteto brasileiro, a conurbação metropolitana apresenta-se como um processo devorador de cidades e produtor de bairros, numa fusão de áreas urbanas. Ainda Villaça define o termo conurbação:

[...] as várias formas pelas quais uma cidade em crescimento absorve e/ou gera núcleos urbanos a sua volta, às vezes pertencentes a outras unidades político-administrativas, formando um tipo particular de cidade. A particularidade está no fato de que, a uma única cidade, passam a corresponder, em termos de Brasil, mais de um município (VILLAÇA, 2001, p. 49).

Nesse sentido, a economia, a política e o planejamento, ou a falta dele, se tornam pontos importantes no processo de conurbação já que o crescimento econômico de uma cidade se espacializa na forma de estruturas que ocupam espaços na cidade, quando, por exemplo, industrias não encontram espaço dentro da cidade, vão ser construídas em espações vazios que circundam e separam as cidades, nesse sentido o processo de crescimento da população também se espacializa nos locais que encontram vazios, nas periferias da cidade, assim a falta de planejamento permite o crescimento urbano desorganizado em todas as direções do eixo de uma cidade, criando novos bairro ou municípios.

Assim o crescimento econômico e urbano encontra limites físicos na área urbana de outras cidades formando uma continuidade do tecido urbano entre duas ou mais cidades. As duas cidades passam a ter um vínculo social e econômico, que se dá por meio das interações espaciais das populações dessa cidade, gerando fluxos entre as cidades, seja de pessoas, matérias ou imateriais.

A localização geográfica das cidades é um fator diretamente ligada ao processo de conurbação, fatores físicos ou humanos interferem na fusão espacial e no desenvolvimento da continuidade do tecido urbano. Cidades em áreas de divisa de rios, vales, acidentes geográficos etc. tem sua limitação de crescimento e de conurbação nos meios físicos ou humanos, por rodovias e linhas férreas que dividem as das cidades. Porém essas cidades se interligam e integram-se por meio por meio de infraestruturas de circulação e comunicação e locomoção dos fluxos de pessoas, ou matérias e capital, seguindo a ideia de M. Santos de Fixos e Fluxos.

Dessa maneira as cidades mesmo que separadas fisicamente, são conturbadas pela sua interação espacial vista nos fixos e fluxos reconfigurando o entendimento de conurbação, esse deixa de ser apenas físico, no encontro urbano, mas pelas interações socioeconômicas das cidades conurbadas.

Bibliografia:

https://www.labeurb.unicamp.br/endici/index.php?r=verbete%2Fview&id=39

PROCESSO DE CONURBAÇÃO: ELEMENTOS ESPACIAIS DO FENÔMENO EM ÁREA NÃO METROPOLITANA. Alexandre Eduardo Santos e Dimas Moraes Peixinho.

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