O dia 5 de novembro de 2015 ficou marcado na história do Brasil como o dia em que ocorreu o maior desastre ambiental do país. O rompimento da Barragem do fundão, no município de Mariana, no estado de Minas Gerais derramou uma enxurrada mais de 60 milhões de metros cúbicos de lama e rejeitos da produção de minério de ferro no meio ambiente.
Uma onda gigantesca de óxido de ferro, água e lama invadiu o distrito de Bento Gonçalves (município de Mariana), que ficava próximo ao depósito de rejeitos da mineração. O povoado, até então constituído por moradias de trabalhadores, foi totalmente destruído, ficando submerso a uma camada espessa de lama.
O desastre deixou 17 mortos, centenas de desalojados e atingiu diversos municípios que circundavam a barragem. Áreas residenciais, plantações, pastagens, rios, córregos foram destruídos, quando do acontecimento do desastre e nos dias seguintes, à medida que a enxurrada avançou por mais de 600 quilômetros até atingir o mar.
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Minério de Ferro
A exploração de minério de ferro na região do Quadrilátero Ferrífero, em Minas Gerais, é uma atividade econômica importante para o estado. O próprio município de Mariana, até então, tinha cerca de 80% da arrecadação de impostos vinculada à mineração.
A Mina do Germano, situada na porção sul da Serra do Espinhaço – onde está localizada a Barragem do Fundão - é explorada pela mineradora Samarco – de propriedade das empresas Vale (brasileira) e BHP Billiton (australiana)– e é a responsável pela exploração e controle dos rejeitos da extração de minério no local do rompimento.
Barragem de rejeitos da mineração
As barragens de rejeito – gigantescas represas que abrigam os subprodutos da extração de minério – são estruturas utilizadas na região para armazenar os resíduos da atividade mineradora.
A Samarco, quando da ocorrência do desastre, divulgou que os rejeitos originados na barragem não continham substâncias tóxicas para os seres humanos. No entanto, foram publicados pela imprensa resultados de análises de laboratórios independentes que contrariam a tese da mineradora. As análises independentes apontam que a lama despejada no solo e rios contém concentrações significativas de metais pesados como mercúrio, alumínio, chumbo e cobre.
Rio Doce
Os dejetos do acidente foram transportados pelas águas do Rio doce – que margeia a barragem rompida – por aproximadamente 600 quilômetros, até atingir o Oceano Atlântico no município de Linhares, foz do rio, no litoral capixaba.
A região da bacia do Rio Doce está em uma área que abriga mais de 3 milhões de habitantes e todos os municípios cortados pelo rio - nos estados de Minas Gerais e Espírito Santo – tiveram impactos ambientais e sociais significativos em razão da passagem da enxurrada de rejeitos da mineração.
Sofreram e ainda sofrem prejuízo atividades como produção de alimentos, abastecimento de água potável, pesca, além da incalculável destruição da vida aquática do Rio Doce: milhões de toneladas de peixes foram mortos com a passagem da enxurrada de lama pelo rio.
A agricultura e pecuária no local de derramamento dos rejeitos e às margens dos rios atingidos foram prejudicadas seja pela contaminação dos solos e mananciais, pela morte de animais ou extinção das áreas de lavoura e pastagem.
Os impactos atuais e futuros da tragédia de Mariana, tanto para as pessoas atingidas, quanto para o meio ambiente do qual fazem parte, embora gravíssimos, são impossíveis de ser mensurados.
Fontes:
Antes fosse mais leve a carga: uma avaliação dos aspectos econômicos e sociais do desastre da Vale/BHP/Samarco em Mariana (MG), http://www.ufjf.br/poemas/files/2014/07/PoEMAS-2015-Antes-fosse-mais-leve-a-carga-versão-final.pdf
Justiça Global. Vale de Lama. Relatório de inspeção em Mariana após o rompimento da barragem de rejeitos do Fundão. Disponível em: http://www.global.org.br/wp-content/uploads/2016/03/Vale-de-Lama-Justi--a-Global.pdf
Desastre no Vale do Rio Doce: antecedentes, impactos e ações sobre a destruição / organizadores: Bruno Milanez e Cristiana Losekann – Rio de Janeiro: Folio Digital: Letra e Imagem, 2016. http://www.global.org.br/wp-content/uploads/2017/02/Milanez-2016-Desastre-no-Vale-do-Rio-Doce-Web.pdf