As dunas são morros formados por grãos de areia mantidos agrupados através da ação do vento ou da água. Elas possuem um lado maior que sofre erosão (barlavento) e um lado menor e mais íngreme (sotavento) onde ocorre a deposição do material erodido. Através deste mecanismo de erosão e deposição as dunas são consideradas altamente dinâmicas, se “movendo” com o passar do tempo.
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Dunas. Foto: Rob Noble [CC-BY-SA 2.0] / via Geograph.org.uk
As dunas são muito estudadas tanto por sua complexidade de formatos e dinâmica quanto pela sucessão ecológica que ocorre nelas. No início da formação de uma duna de região litorânea, o agente formador (água ou vento) também carreia sementes e plântulas. Contudo, as condições físico-químicas do meio ainda não são favoráveis, pois o solo apresenta uma alta salinidade e ocorre grande efeito abrasivo do vento. As espécies pioneiras a colonizarem as dunas costeiras são geralmente gramíneas halófitas (que sobrevivem mesmo em concentrações elevadas de sais) que possuem um rápido ciclo de vida. Um exemplo comum é a morganheira da praia (Euphorbia paralias). Ao longo de seu crescimento, a duna acumula em suas porções mais profundas umidade e nutrientes, tanto inorgânicos presentes no sedimento quanto matéria orgânica que é carreada para o seu interior. Nestas condições, a duna se torna um ambiente capaz de sustentar formas vegetais mais complexas, como o narciso da areia (Pancratium maritimum), uma planta arbustiva. Por fim, as dunas mais antigas ficam enriquecidas de nutrientes e são colonizadas por uma complexa fisionomia vegetal que combina formas rasteiras, arbustivas e arbóreas. Ao longo deste processo também ocorre a migração e colonização de muitas populações animais, principalmente de insetos, répteis e aves.
As dunas de desertos também servem de habitat para muitas espécies de plantas e animais. Como as condições nestes ambientes é muito extrema, com elevada variação térmica diária e baixa disponibilidade de água, são necessárias uma série de adaptações dos organismos que habitam estas áreas. Alguns exemplos de adaptações morfológicas são: raízes profundas para atingir reservas de água subterrânea (cactos), cutícula espessa para reduzir a perda de água e acumulo de água nos tecidos (plantas “suculentas”), hábito críptico ou noturno para auxiliar na termorregulação corporal (lagarto chifrudo do deserto), produção de água através da metabolização de grandes quantidades de gordura estocada (camelos) e produção de urina concentrada reduzindo a perda de água (jerboa).
Referências:
Alyemeni, N.M., 2000. Ecological studies on sand dunes vegetation in AI-Kharj region, Saudi Arabia. Saudi J Bio Sci, 7, pp.64-87.
Martínez, M.L., Psuty, N.P. and Lubke, R.A., 2008. A perspective on coastal dunes. In Coastal Dunes (pp. 3-10). Springer, Berlin, Heidelberg.
Nishimori, H., Yamasaki, M. and Andersen, K.H., 1998. A simple model for the various pattern dynamics of dunes. International Journal of Modern Physics B, 12(03), pp.257-272.
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/geografia/dunas/