A Geografia Matemática é a área da geografia que está voltada aos cálculos que envolvem as análises espaciais da Terra.
Coordenadas de latitudes e longitudes, circunferência dos astros e planetas, orientações por pontos cardeais e colaterais, são alguns dos fatores que ao longo da humanidade foram muito questionados por estudiosos, principalmente pelos filósofos da Grécia antiga. Desde Aristóteles a precaução de analisar os movimentos astrológicos, com cálculos obtidos pelas sombras do planeta e da Lua já anunciavam uma ideia de reconhecer a Terra como esférica, provando a partir de argumentos obtidos pela observação da variação da altura dos astros em relação ao horizonte que fazia um deslocamento de norte para sul, após a ocorrência de um eclipse, por volta do século V a.C.
O filósofo e matemático Eratóstenes de Cirene foi o primeiro a declarar-se como geógrafo por volta do século II a.C. Ele calculou a circunferência da Terra a partir de métodos considerados de alta precisão até os dias de hoje. Ele teve como base para seus cálculos a observação das sombras de um poço.
A relação entre geografia e matemática não está presente apenas nos tempos primórdios das sociedades clássicas, ela está presente até os dias atuais, principalmente na área cartográfica, isto é, na produção de mapas.
Os mapas são representações de espaços reais, porém é necessário que se converta essa realidade a caber em folhas e telas de tamanhos diversos. Para que isso ocorra de forma fiel à realidade são reduzidos pelas escalas, ou seja, o espaço é reduzido de forma proporcional para que caiba nas suas representações presentes nos mapas. Estes por sua vez possuem um item de conversão para que seu leitor possa calcular o tamanho real do espaço representado ali.
Um dos fatores que auxiliaram os europeus a conseguirem bons resultados nas suas navegações durante o século XV foi o uso de um aparelho chamado de astrolábio, provavelmente produzido por gregos e posteriormente aperfeiçoado pelos árabes. Esse instrumento era composto por dois discos, um que representava a superfície terrestre com linhas apontando as latitudes, longitudes, o horizonte do observador e outras linhas que o auxiliasse acima do horizonte. O segundo disco era um mapa astronômico que apresentava as estrelas no céu, que servia para auxiliar os navegantes na orientação a partir da observação dessas estrelas. Os navegadores utilizavam da trigonometria para calcular rotas e distâncias a partir dos dados obtidos pela observação do astrolábio.
Na geografia mais contemporânea o uso da matemática se faz bastante presente na área da demografia, que é o estudo das populações, onde se calculam as diversas taxas populacionais, como por exemplo o crescimento vegetativo, que é obtido a partir da relação entre a taxa de natalidade e a taxa de mortalidade. A densidade demográfica é outro exemplo de taxa obtida através de cálculos matemáticos, onde se faz a relação entre a quantidade da população que reside em um espaço, dividida pelo tamanho dessa área, o resultado da conta é a densidade demográfica, ou seja, quantos habitantes por metro ou quilômetro quadrado.
As estatísticas e probabilidades também se fazem presentes nos estudos geográficos, um dos grandes exemplos de seu uso está na climatologia, área da geografia que estuda as variações climáticas, onde é visto uma manipulação de dados de temperatura, condições de sol e chuva, umidades relativas do ar, que necessitam de parâmetros estatísticos como média, desvio padrão, testes de tendência e quartis, além de outras metodologias que fazem parte de estudos matemáticos.
Bibliografia:
BASSO, Ademir Matemática e geografia: uma relação possível. In: Congresso Nacional de Educação, 11, Anais… Curitiba: 2013, p. 24285-24292.
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/geografia/geografia-matematica/