Geografia rural é um termo utilizado para a definir a área de pesquisa dedicada à utilização racional do meio rural como um todo, considerando sua relação com o meio urbano, os aspectos de contato do homem com o meio, as diversas formas de utilização deste mesmo meio, incluindo-se neste raciocínio práticas como a mineração, silvicultura, a exploração turística do meio, bem como a pesquisa de manejo sustentável dos recursos ali disponíveis.
De acordo com essa breve definição, a área de estudo da geografia rural claramente não se confunde com a da geografia agrária ou agrícola, termos muitas vezes interpretados como sinônimos para a mesma matéria. Tanto é verdade que a geografia agrária ou agrícola, ao invés de se concentrar em todos os aspectos da vida rural, direciona seu foco à questão do cultivo da terra, às técnicas de utilização do solo para a obtenção de uma safra de qualidade superior, a orientação do agricultor sobre os gêneros a serem explorados economicamente, o direcionamento meramente exploratório da produção em detrimento da economia local, ou então o atualíssimo problema do abastecimento das áreas urbanas, sendo que estas mesmas ironicamente vem minando a capacidade produtiva do meio rural.
A preocupação da geografia rural tem, portanto, um tom mais universalista, pois ela irá estudar a evolução das áreas e estruturas rurais e sua conexão com o processo civilizatório. Tome-se como exemplo o espaço brasileiro: o campo para a geografia rural assenta-se no estudo das diferenças gritantes entre as paisagens do Sul e Sudeste versus as do Norte e Centro Oeste. No primeiro grupo, temos a destruição quase que por completa da vegetação original e modificação substancial do terreno para que pudessem florescer as culturas de cunho capitalista, vindo primeiro a cana de açúcar e posteriormente o café, substituindo por completo a paisagem canavieira. Some-se a estas considerações a ocupação humana cada vez mais intensa, os vários movimentos e migrações de diferentes povos e trabalhadores, o impacto da infraestrutura trazida com a economia baseada nos latifúndios, e o seu conseqüente movimento de capitais. Já nas regiões Norte e Nordeste, o processo de desenvolvimento da agricultura capitalista está ainda em formação, tomando o lugar de uma produção de subsistência e extrativismo estabelecida em um já remoto período colonial.
Os estudos de geografia rural sofreram importantes transformações nos últimos trinta anos, já que no início se concentravam em matérias bastante semelhantes às da geografia agrária, como por exemplo a descrição do quadro agrário ou então abordavam a distribuição espacial de produtos agrícolas e rebanhos, ou mesmo o acompanhamento da expansão do espaço agrário por meio de colonização nacional ou estrangeira. Tais estudos foram gradualmente assumindo formas diversas, e a geografia rural assumiu aspectos conceituais, metodológicos, concentrando suas atenções em problemas como os aspectos e estrutura da dinâmica populacional.
Atualmente a geografia rural assume um aspecto globalizante, entendendo o termo “estudos rurais” em seu sentido o mais amplo possível. Seu objetivo é, além de estudar, classificar e entender o meio o qual se dedica, é o de contribuir de modo efetivo para o maior progresso de seu objeto de estudo.
Bibliografia
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http://www.campoterritorio.ig.ufu.br/include/getdoc.php?id=79&article=54&mode=pdf. Gusmão, Rivaldo Pinto de. OS ESTUDOS DE GEOGRAFIA RURAL NO BRASIL: revisão e tendências - originalmente em - Anais do 3º Encontro Nacional de Geógrafos, AGB/UFC, Fortaleza, 1978, como documento básico para a Sessão Dirigida sobre Estudos Rurais. p. 57-62.
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/geografia/geografia-rural/