Desde a Revolução Industrial, as máquinas ocuparam um papel cada vez mais relevante na economia, substituindo o trabalho manual pelo trabalho mecânico (posteriormente, as máquinas simplesmente mecânicas serão substituídas pela elétricas e eletrônicas), apesar de demorar um pouco mais, o trabalho rural agropecuário não tardaria a também sofrer mudanças com a mecanização.
O uso de maquinário especializado para a semeadura e para a colheita permitiu a ampliação da produção agrícola e pecuária, derrubando as conclusões da teoria demográfica malthusiana de que o aumento da população poderia levar a uma fome generalizada, pois, com a mecanização do campo foi possível ampliar mais e mais a produção de alimentos.
A mecanização do campo foi alicerce para a consolidação do agronegócio, sendo o sustentáculo da produção agroindustrial. Apesar de aumentar a produção e fortalecer o papel do campo na economia mundial, a mecanização do campo não está isenta de críticas e problemas. No Brasil, esta mecanização vem se acentuando desde a década de 1960.
Como em toda a substituição do trabalho manual pelo mecânico, há sempre uma redução drástica nas vagas de emprego para trabalhos braçais, que não exigem formação específica, embora permita a criação de um número limitado de novas vagas no setor especializado (técnicos, profissionais de nível superior e outros serviços profissionais especializados). Levando a um conflito de interesses entre mão-de-obra qualificada e mão-de-obra sem qualificação.
A mecanização do campo e o fim dessas vagas de trabalho sem qualificação é uma das principais causas do êxodo rural, no qual a população sem oportunidades de trabalho no campo se vê obrigada a migrar em direção aos centros urbanos em busca de novas oportunidades de trabalho e sustento.
Não é de se estranhar que geralmente os movimentos de trabalhadores e pequenos proprietários que se sentiram prejudicados praticam ações de destruição de máquinas, considerando elas o símbolo da exclusão. Isso ocorreu no ludismo nas fábricas europeias do século XIX e em algumas manifestações de trabalhadores sem-terra.
Outra questão levantada como impacto negativo é sobre os impactos ambientais desta mecanização, tanto nos efeitos colaterais que eventualmente podem ser causados sobre o solo, o ar e as águas em função de um manejo predatório na agricultura, quanto também as questões ligadas ao bem-estar animal e as constantes críticas sobre o sofrimento animal na pecuária, especialmente na mecanizada.
Há também uma crítica sobre a exclusão dos pequenos produtores da possibilidade de conseguir adquirir (de forma suficientemente adequada) os recursos necessários para mecanizar as suas plantações e criações, enquanto os grandes produtores rurais cada vez mais conseguem automatizar os seus latifúndios, gerando inclusive uma concorrência cada vez mais desigual entre grandes e pequenos produtores rurais.
Os pequenos produtores não conseguirem ter o acesso adequado a essa mecanização do campo influencia diretamente na produção agrícola de um modo geral, afinal, são eles a maioria dos produtores rurais. Por exemplo, no Brasil, os Estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina possuem uma quantidade de pequenos produtores que representam cerca de 60% das propriedades rurais.
Referências: http://www.cnpt.embrapa.br/biblio/co/p_co185.htm