O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) foi fundado em 1982 baseado em três objetivos: lutar pela terra, lutar pela reforma agrária e lutar por mudanças sociais no país. Esse grupo é formado por pequenos agricultores, arrendatários, posseiros, meeiros, migrantes, atingidos de barragens, entre outros trabalhadores rurais que perderam seus postos de trabalho no campo para a mecanização do trabalho rural e pela intensificação dos latifúndios de monocultura que se ampliaram na segunda metade do século XX, esses alguns dos causadores do êxodo rural brasileiro.
A formação histórica desse movimento se inicia anteriormente a sua criação oficial, com base em ocupações de famílias de trabalhadores rurais em terras no Rio Grande do Sul no ano de 1981. Esse acampamento sofreu tamanha repressão militar pelo governo federal e estadual que ficou reconhecido de maneira nacional e internacional, mobilizando uma parcela da sociedade civil a seu favor. No ano seguinte os assentados conseguiram a desejada reforma agrária ganhando novas propriedades de terras para produzir seu sustento. A partir desse evento foi realizado um congresso que deu origem oficial ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra em 1982.
Esse Movimento é conhecido pela ocupação de terras improdutivas, tendo como lema “Terra para quem nela trabalha” e “Ocupar é a única solução”. Seus membros montam assentamentos em terras que não estejam cumprindo sua função social. A Constituição Federal de 1988 diz que terras que não produzam devem ser reintegradas pelo governo, e que ele as redistribua. Nesse sentido o MST as ocupa requerendo que haja uma reforma agrária, ou seja, uma divisão dessas terras e de outras mais para os pequenos produtores rurais, inclusive os grandes latifúndios de monocultura de exportação, que não visam o bem estar social de seus trabalhadores e consumidores, além de em muitos casos essas grandes propriedades e a agroindústria degradarem o meio ambiente de forma incisiva.
Dentro desse movimento a luta por terra para os pequenos produtores rurais vai de encontro com lutas políticas, participando de marchas, atos políticos, ocupações, acampamentos em prédios públicos e privados, vigílias, entre outros. Tendo como foco principal a reforma agrária no país em seus atos e lutas, pois acreditam que essa seria a forma justa do trabalhador rural produzir seu sustento de forma qualitativa para os consumidores.
Uma das marcas do trabalho desse movimento é a produção de alimentos orgânicos e agroecológicos, ou seja, sem o uso de defensivos agrícolas (agrotóxicos), que são produtos com alto teor de químicos que podem alterar as características nutritivas do alimento, além de poder intoxicar quem consome e quem trabalha com esses produtos, e sem causar nenhum dano ao meio ambiente no qual produzem. Acreditam que a permanência dos pequenos produtores rurais e da agricultura familiar sejam a base para a produção alimentícia, sendo esse importantes figuras sociais no processo de produção alimentar de qualidade. Também trabalham com comunidades cooperativas nos assentamentos, onde a renda arrecadada pela produção é repartida entre os trabalhadores de forma igualitária, pois o grupo mantém ideais socialistas.
Os seus membros que são assentados, ou seja, que recebem propriedades de terras após suas ocupações permanecem no movimento para ajudar os que ainda não possuem, pois acreditam na união da luta pela terra.
Diversos conflitos já ocorreram entre os membros do MST e militares, ou até mesmo mandados de fazendeiros nos quais tem suas terras ocupadas pelo movimento. Dentre esses confrontos alguns são de violência intensa e armada, causando a morte de diversos membros do movimento, com isso a mobilização em prol do MST teve mais apoio popular de outros movimentos sociais e até mesmo participando de movimentos internacionais como a Via Campesina, que é uma organização mundial de camponeses que também lutam pela propriedade rural para os pequenos agricultores.
Bibliografia:
https://mst.org.br/quem-somos/
https://mst.org.br/nossa-historia/
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm