Paisagem climatobotânica

Por Joyce Oliveira Leitão

Mestra em Geografia (Unicamp, 2017)
Bacharela em Geografia (USP, 2014)
Licenciada em Geografia (UEL, 2009)

Categorias: Geografia
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Em Geografia, a paisagem é entendida como o conjunto de formas espaciais que podem ser captadas pelos sentidos e que revelam os processos físicos, biológicos e sociais da formação dos lugares. Portanto, a paisagem não deve ser confundida com uma imagem estática, mas deve ser considerada como representação de relações dinâmicas e complexas.

Desta forma, o termo paisagem climatobotânica se refere as formas da paisagem geradas como resultado da relação entre clima e vegetação. Os processos climáticos e o desenvolvimento botânico estão profundamente relacionados, de forma que não é possível pensar em cada um desses elementos constitutivos da paisagem de forma isolada.

Como o clima e a vegetação desenham a paisagem

Assim como os aspectos climáticos interferem no tipo de vegetação que se desenvolve em cada região, a vegetação pode alterar significativamente o regime climático. Por exemplo, a umidade liberada pela evapotranspiração da vegetação que compõe a floresta amazônica é responsável pelas chuvas que ocorrem no cerrado do Brasil.

Mendoza. Argentina. A cidade argentina Mendoza esta localizada em uma região de clima árido, com verão quente e inverno frio. Para tornar o clima da cidade mais ameno, os colonizadores da região plantaram Álamos, árvore do gênero populus. As árvores contribuem para reduzir o impacto dos ventos andinos na área urbana e agrícola e para reduzir a amplitude térmica natural da região. Foto: pawopa3336 / iStock.com

A relação entre clima e vegetação é responsável, ainda, pela formação de outros fatores relevantes da composição da paisagem, como relevo, solo e hidrografia. O regime de chuvas e ventos, por exemplo, são determinantes na esculturação do relevo. O solo também é um dos resultados da relação entre clima e vegetação. Na floresta amazônica, o solo é rico em matéria orgânica proveniente da floresta.

Floresta Amazônica. Com clima equatorial úmido, a vegetação é adaptada a presença abundante de água e contribui para a formação de massas de ar úmida por meio da evapotranspiração da floresta. Foto: Filipe Frazao / Shutterstock.com

Paisagem climatobotânica e domínios morfoclimáticos brasileiros

Entre os anos 1960 e 1970, o geógrafo Aziz Ab’saber divulgou seu trabalho de regionalização do Brasil em domínios morfoclimáticos. As regiões morfoclimáticas foram definidas com base na relação entre vegetação, clima e geomorfologia. Ab’saber identificou seis diferentes domínios: equatorial amazônico; tropical atlântico; cerrado; caatinga; planaltos sub-brasileiros com araucárias; e, pradarias mistas subtropicais.

Domínio equatorial amazônico

Com clima equatorial, esse domínio é marcado por alta taxa de pluviosidade por conta das chuvas convectivas que afetam a região. Na região ocorre a floresta amazônica, com uma vegetação adaptada a presença abundante de água.

Domínio tropical atlântico

Também chamado de Mares de Morros, esse domínio se encontra ao longo da costa brasileira. Com clima tropical, o regime de chuvas da região é influenciado pela umidade do oceano atlântico. Presença de floresta tropical úmida e habitat de diversas populações endêmicas.

Domínio do cerrado

Com clima tropical, apresenta duas estações bem definidas: verão quente com presença de chuvas e inverno ameno e seco. A vegetação é composta por árvores caducifólias, com troncos retorcidos, cascas grossas e raízes profundas.

Domínio da caatinga

Com clima semi-árido, as precipitações médias anuais não ultrapassam os 800 mm. A vegetação xerófila, adaptadas à aridez e que florescem nos períodos de chuva.

Domínio de planaltos sub-brasileiros com araucárias

Possui clima subtropical com influência da Massa Polar Atlântica durante inverno. As temperaturas amenas favorecem a formação da floresta de Araucárias, sobretudo nas áreas de planalto.

Domínio das pradarias mistas subtropicais

Possui clima subtropical e sofre influência da Massa Polar Atlântica, tornando os invernos moderadamente frios. A vegetação é composta por vegetação rasteira e gramíneas.

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