A população de toda a Amazônia era de 90.000 habitantes em 1800; e 1850, de 200.931 habitantes e 1.259.479 habitantes, em 1900. Esse crescimento acelerado ocorreu em função da expansão econômica do Ciclo da Borracha, que atraiu uma grande leva de nordestinos, sobretudo cearenses, que, fugindo também das secas e devido às dificuldades de encontrar terras no baixo Amazonas, ocuparam os vales do rio Juruá e Purus em busca de trabalho nos seringais. Acabaram por ocupar posteriormente terras bolivianas. Mas o extrativismo descontrolado brasileiro em terras bolivianas gerou um mal-estar internacional. A busca por novas seringueiras gerou pequenos conflitos na fronteira, tornando-se a chamada “Questão do Acre”.
Uma intervenção do diplomata Barão do Rio Branco e do embaixador Assis Brasil, com financiamentos de barões da borracha, possibilitaram a assinatura do Tratado de Petrópolis em novembro de 1903, pondo fim ao impasse com a Bolívia e garantindo a aquisição do território acreano para o Brasil. Estima-se que entre 1827 e 1930, cerca de 500.000 nordestinos migraram para a Amazônia, e isso tem tudo a ver com a população do atual estado do Acre.
Mas a população desse território não surge com a vinda desses trabalhadores e trabalhadoras. Muito antes de 1.500 e a chegada dos portugueses no Brasil, muitas pessoas viviam, trabalhavam, cultuavam seus deuses e exerciam diversas outras atividades na região. Os povos que, numa homogeneização grotesca chamamos de “índios”, foram expropriados com violência e hoje restringem-se a 14% do território acreano. Mesmo com todas as dificuldades, as doze nações indígenas sobreviventes no Acre conseguem reproduzir seus modos de vid na floresta. São elas: Jaminawa, Manchineri, Kaxinawa, Kulina, Ashaninka, Shanenawa, Katukina, Yawanawa, Jaminawa-Arara, Arara, Nukini e Poyanawa. Em um texto curto fica difícil trazer a riqueza cultural dessas nações, mas cabe ressaltar que possuem uma grande diversidade social, econômica, política, cultural, religiosa. Cada uma delas, com sua complexidade própria.
Além dos indígenas, originários dessas terras, e nordestinos, trazidos pelo auge da extração e comércio da borracha, também vieram ao estado os sulistas, sobretudo a partir da década de 1970.
Segundo o Censo brasileiro de 2010, o Acre tinha naquele ano 733.559 habitantes, com 532.279 pessoas vivendo em área urbana e outras 201.280 em área rural. A proporção entre homens e mulheres era bastante parelha (368.324 homens e 365.235 mulheres). De 221.108 domicílios identificados, apenas 191.169 eram ocupados, ou seja, havia um déficit habitacional de 29.939 domicílios. Rio Branco, a capital do estado, é o maior e mais populoso município, com quase 350 mil habitantes, é a 6º maior na Região Norte. No interior, onde vive mais de 50% da população, grande parte das pessoas vivem espalhadas ao longo dos rios, voltadas principalmente à extração de borracha, castanha e madeira.
Em 2006, a densidade demográfica nas diferentes regiões mostrava certa homogeneidade. A região mais povoada, baixo Acre, tinha 17,2 hab./km², enquanto a menos povoada, alto Purus, tinha 1,1 hab./km². Em 2018 a população do Acre atingia quase 870 mil habitantes, com Rio Branco ultrapassando a marca dos 400 mil.
De acordo com dados do IBGE, relativos a 2014, o PIB do Acre (25º do país) era de 13.459.000 bilhões, enquanto o PIB per capita, 17.034 reais. Mesmo com uma das maiores taxas de crescimento econômico (4,4% em 2014) e um PIB per capita aparentemente alto, este último supera apenas o do Pará entre os estados nortistas.
Na capital, o mercado de trabalho apresenta, de modo geral, baixos salários para trabalhadores e trabalhadoras, resultado de uma superexploração da força de trabalho em de baixa escolarização. No comércio, em específico, a mão de obra é jovem e sofre com uma alta rotatividade, produzindo falta de segurança no emprego. É por conta disso que a economia informal se tornou uma atividade bastante representativa do contexto atual do mundo do trabalho do Acre urbano, com muita gente atuando como vendedores ambulantes no centro de Rio Branco, como em outras localidades.
Leia também:
- Geografia do Acre
- Economia do Acre
- História do Acre
- Clima do Acre
Bibliografia:
Acre 24 horas. IBGE aponta Acre sendo um dos com maior crescimento do PIB. Disponível em: <https://www.ac24horas.com/2016/11/28/%E2%80%8Bibge-aponta-acre-sendo-um-dos-estados-com-maior-crescimento-do-pib/>. Acesso em: 22/11/2019.
Acre 24 horas. Economia do Acre está entre as três piores do país, diz IBGE. Disponível em: <https://www.ac24horas.com/2016/11/30/economia-do-acre-esta-entre-as-tres-piores-do-pais-diz-ibge/>. Acesso em: 22/11/2019.
G1. Rio Branco é a capital brasileira com menor PIB per capita, diz IBGE. Disponível em: < http://g1.globo.com/ac/acre/noticia/2013/12/rio-branco-e-capital-brasileira-com-menor-pib-capita-diz-ibge.html>. Acesso em: 22/11/2019.
GOETTERT, Jones Dari. Sobre gentes e lugares do Acre. In: SILVA, Silvio Simione da (coord.). Acre: Uma visão temática de sua Geografia. Rio Branco: EDUFAC, 2008.
MIGUEIS, Roberto. Geografia do Amazonas. Manaus: Editora Valer, 2011, 144p.