Incluímos no campo das relações Brasil e Argentina todo contato político-histórico de relevância para as duas nações, e que podem ser considerados como delineadores do comportamento subsequente destes dois atores no cenário internacional.
Hoje em dia, imersos em um processo de integração cada vez mais profundo, em um convívio harmônico, buscando alinhar os interesses de política externa em um viés comum, a história mostra que nem sempre as relações entre os dois personagens foram tão cordiais ou amenas como agora, experimentando avanços e recuos, que, em pelo menos uma vez ou outra na história, excepcionalmente, descambou para o conflito armado.
Podemos dividir o histórico destas relações a partir da independência dos respectivos países, em 1816, a declaração Argentina de independência, seguindo-se, em 1822, a do Brasil. A Argentina originou-se de um desmembramento do Vice-Reino do Rio da Prata, que originou ainda Paraguai e Bolívia. Já o Brasil, reuniu todos os territórios sob administração portuguesa na América do Sul, incluindo aí o Uruguai, que pouco depois alcançaria sua independência, em 1828. Nesse período inicial de formação de ambos países, ainda com fronteiras bastantes incertas, considera-se este período inicial como de instabilidade estrutural, com predominância da rivalidade, em especial no caso do Uruguai, alvo de disputa entre brasileiros e argentinos, que envolveriam-se na Guerra da Cisplatina (1825-1828), que resultou na já citada independência uruguaia.
Havia ainda uma dependência de ambos da Grâ-Bretanha, a potência na época, que em meio à Revolução Industrial e o controle marítimo de todas as rotas comerciais, exercia livremente sua influência sob a política dos dois países. Tal influência monopolizava muitas vezes a atenção das duas nações, gerando um isolacionismo e uma não-ingerência, apesar das intervenções no Uruguai, bem como no período de Manuel Oribe e Juan Manuel de Rosas e destacadamente, na Guerra do Paraguai.
No final do século XIX os dois governos esboçaram certa aproximação, com o gradual enfraquecimento da influência britânica, e especialmente depois da proclamação da República no Brasil, visto que o Império era visto com certa desconfiança entre seus vizinhos, algo como um resquício da influência colonial europeia. Há uma busca de cooperação, mas com momentos de rivalidade clara.
Entre as duas guerras, com a ascensão dos EUA como potência mundial, o comportamento de ambos os países será de uma autonomia heterodoxa, ora apoiando incondicionalmente a posição norte-americana, ora tendo uma certa discordância, porém, em ambos os países, tal distanciamento nunca se aproximando de modo tão próximo aos blocos opositores à política dos EUA (primeiro as potências do Eixo, Alemanha, Itália e Japão, e no pós-guerra, a União Soviética).
Tais idas e vindas no relacionamento entre os dois países verificar-se-á até os anos 70 do século XX, sendo que a construção de Itaipu foi provavelmente a última grande discórdia entre as duas nações, sendo que a questão foi plenamente e pacificamente solucionada mediante acordos diplomáticos.
Finalmente, no início dos anos 80, com a Guerra das Malvinas na Argentina, o Brasil dá apoio tácito ao esforço de guerra argentino, fazendo com que haja uma aproximação maior entre os dois países, diminuindo as desconfianças recíprocas. Com os entendimentos entre os presidentes Sarney e Alfonsin no meio da década de 80, o caminho está aberto para a formação, mais tarde, no início dos 90, à formação do MERCOSUL, a união aduaneira dos quatro países do cone-sul (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, e atualmente, mais a Venezuela, em vias de ser aceita no grupo). E desde então, as relações Brasil-Argentina é marcada pela cooperação e pela busca de uma política comum para o desenvolvimento da região.
Bibliografia:
http://geopr1.planalto.gov.br/saei/images/publicacoes/evento_brasil_e_argentina.pdf - Página do CAEI - Centro Argentino de Estudos Internacionales - Candeas, Alessandro Warley. Relações Brasil-Argentina: Uma análise dos avanços e recursos.