Considera-se neste artigo como "Relações entre Brasil e Paraguai" os episódios mais importantes na história dos dois países, dando ênfase aos episódios que ajudaram a moldar a visão recíproca de ambos.
Apesar de haver uma histórica desigualdade na relação entre as duas nações, em nenhum momento os governos no Brasil deixam de considerar como estratégica a manutenção de boas relações com seu vizinho, ainda mais quando da criação do Mercosul, com o Tratado de Assunção, de 1991, que selou uma política direcionada à cooperação econômica e integração dos projetos políticos de Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai.
Em retrospectiva, a relação dos dois países começou "fria", com ambos ignorando-se, como aliás aconteceu em praticamente todos os outros países, que davam uma prioridade exagerada às relações com as potências europeias, negligenciando maiores entendimentos com seus próprios vizinhos. Assim, tal ignorância recíproca ocorre mais por negligência do que por um projeto sólido de política exterior dos países recém independentes do continente americano.
A independência do Paraguai ocorre primeiro, em 1811, com seu desligamento daquilo que era o Vice-Reinado do Prata, que reunia ainda Argentina e Bolívia (que alcançariam suas independências logo depois). O país viveria em um estado de quase completo isolamento que duraria décadas, sob o rígido comando de seu primeiro governante, José Gaspar Rodríguez de Francia. Só em 1844 teria pela primeira vez sua independência reconhecida por um outro país, sendo este justamente o Brasil, independente desde 1822.
Após esse primeiro reconhecimento, o Paraguai gradualmente começa a participar dos assuntos ligados à região e se relacionar com seus vizinhos de maneira regular, devido à ascenção ao poder de Carlos Antonio López, sobrinho de Francia. Em seu governo, o Paraguai ora apoiará a política externa brasileira, ora apoiará a da argentina, tentando obter assim vantagens dos seus dois grandes vizinhos.
A política de equilíbrio buscada por Carlos López será quebrada pelo seu filho e sucessor, Solano López, que irá procurar um papel mais ativo no cenário político regional. Seus avanços evoluem para um conflito armado com os três países vizinhos, a chamada Guerra do Paraguai (conhecida no Paraguai como "Guerra Grande" ou "Guerra Contra la Triple Alianza"). Esse desastrado conflito leva ao aniquilamento da infra-estrutura paraguaia, morte de boa parte de sua população, aquisição de territórios paraguaios por parte de Brasil e Argentina e ainda a ocupação brasileira do país até 1876, bem como o confisco de boa parte da produção agrícola local.
Assim, o Paraguai segue como país atrasado e de pouca voz na política regional, com Brasil e Argentina tentando influenciar ao máximo a política interna e externa do país. Ainda, a guerra e ocupação do Paraguai custou muito ao Brasil, que durante muito tempo sofreu o revés econômico do esforço de guerra, sendo, em última instância, um dos fatores de queda do Império e instalação do regime republicano.
Na Guerra do Chaco, na década de 30 do século XX, o Brasil assume uma posição de neutralidade, procurando não intervir nos interesses de nenhum país, bem como na Guerra Civil Paraguaia, de 1947. Com a ascenção do ditador Alfredo Stroessner em 1954, há a chamada "Política Pragmática de aproximação bilateral", por parte do Paraguai, que dura virtualmente até 1973, com a construção de Itaipu, onde o Paraguai busca se aproximar do Brasil, atenuando a influência argentina em sua política interna.
Esta visão das relações Brasil-Paraguai chegará virtualmente a um fim nos anos 80 em meio aos entendimentos de Brasil e Argentina no campo político, social e econômico, a queda de Stroessner em 1989 e a assinatura do Tratado que constituiria o Mercosul, na capital paraguaia, em 1991. Desse modo, o cenário atual pode ser definido e reconhecido como de cooperação e coordenação de interesses comuns, tanto dentro como fora do âmbito do Mercosul, apesar de assunto internos a se considerar, como a ação de traficantes de drogas e armas na fronteira dos dois países; o avanço do contrabando, além da questão dos "brasiguaios", brasileiros domiciliados no Paraguai, que, por vezes sofrem retaliações por parte de grupos organizados e milícias.
Bibliografia:
http://www.politicaexterna.com/563/cronologia-das-relaes-brasil-paraguai - Página Política Externa Brasileira - Cronologia das Relações Brasil - Paraguai
http://www.clubemilitar.com.br/site/pres/revista/431/12.pdf - Página do Clube Militar - Relações Brasil - Paraguai
https://web.archive.org/web/20090824063526/http://www.minasdehistoria.blog.br:80/wp-content/arquivos/2008/07/relacoes-brasil-paraguai.pdf - Blog Minas de História - Relações Brasil - Paraguai : novas tensões e direito internacional