O relevo é o conjunto de saliências e reentrâncias que compõem a superfície terrestre. É um componente da litosfera relacionado com o conjunto rochoso subjacente e com os solos que o recobre. Sua escultura modelada numa grande variedade de formas resulta da atuação simultânea e desigual, tanto no espaço como no tempo, não só dos fatores climáticos, bem como da estrutura da litosfera. Desta maneira, o relevo encontra-se em permanente transformação (MARTINELLI, 2009).
Martinelli (2009) destaca que o relevo é o resultado da ação de duas forças, a endógena (interna) e a exógena (externa). As primeiras são responsáveis pelas formas, ou seja, pelas estruturas, enquanto que as segundas tomam parte na modelagem das formas. Se expressa na configuração plástica concreta e heterogênea das formas que compõem a superfície da Terra (ROSS, 1999).
De acordo com Alcoforado (2003), aproximadamente 70% do território do Estado da Bahia se encontra entre 300 e 900m e 23% abaixo de 300m de altitude. O quadro morfológico compreende três unidades: a baixada litorânea, o rebordo do planalto e o planalto. Constitui a baixada litorânea o conjunto de terras situadas abaixo de 200m de altitude. Erguem-se aí, dominando as praias e os areais da fímbria litorânea, terrenos de feição tabular, os chamados tabuleiros areníticos.
Para o interior do estado, esses terrenos cedem lugar a uma faixa de colinas e morros argilosos, de solo espesso, relativamente fértil, sobretudo no Recôncavo, onde se encontra o famoso massapê baiano. Tanto a faixa das colinas e morros como a dos tabuleiros são cortadas transversalmente pelos rios que descem do planalto; ao longo deles estendem-se amplas planícies aluviais (várzeas) sujeitas a inundações que lhes renovam periodicamente os solos com a deposição de novos aluviões (ALCOFORADO, 2003).
O rebordo do planalto ergue-se imediatamente a oeste dos morros e colinas, formando uma faixa de terrenos muito acidentados, por meio da qual se ascende da baixada ao planalto. Ao norte da cidade de Salvador, essa área de rebordo desaparece, a transição entre planalto e baixada se faz suavemente. O planalto ocupa a maior parte da área do Estado da Bahia e está dividido em cinco compartimentos bem individualizados: planalto sul-baiano, Espinhaço, depressão sãofranciscana, planalto ocidental e pediplano.
O planalto sul-baiano, talhado em rochas cristalinas antigas, situa-se no sudeste do Estado. Sua superfície, com 800 a 900m de altitude média, apresenta-se suavemente ondulada, com amplos vales de fundo chato. O Espinhaço consiste em uma faixa de terrenos elevados (1.300m de média e 1.850m no pico das Almas, seu ponto culminante) que corta o Estado da Bahia de norte a sul pelo centro. Sua superfície apresenta alinhamentos montanhosos (cristas quartzíferas) elevações tabulares ou cuestas. Essas últimas predominam na porção oriental e setentrional, formando um amplo conjunto de formas suaves denominado Chapada Diamantina (ALCOFORADO, 2003; ROSS, 1999).
A depressão são-franciscana, por sua vez, se estende a oeste do Espinhaço, com disposição semelhante, formando faixa de sentido norte-sul. As terras apresentam altitude baixas (400m em média) e relativamente planas que, com suave inclinação, caem para o rio São Francisco, daí o nome dessa região geomorfológica.
O planalto ocidental, constituído de rochas sedimentares, ergue-se a oeste da depressão sãofranciscana, com uma altura aproximada de 850m. Seu topo regular imprime-lhe feição tabular e o caráter de extenso chapadão, a que se aplica o nome genérico de Espigão Mestre. Por fim, o pediplano compreende toda a porção nordeste do planalto baiano. Aí se desenvolvem amplas superfícies que se inclinam suavemente para o litoral, a leste, e para a calha do São Francisco, ao norte, com altitudes entre 200 e 500m (ALCOFORADO, 2003).
Referencias:
ALCOFORADO, F. Os Condicionantes do Desenvolvimento do Estado da Bahia. 2003. Tese (Doutorado em Planificacíon Territorial y Desarrollo Regional) Universidade de Barcelona. Disponível em: http://www.tdx.cat/bitstream/handle/10803/1944/6.TERRITORIO_SOCIEDADE_ESTADO_BAHIA.pdf?sequence=1. Acesso em 02 de fevereiro de 2018.
MARTINELLI, Marcelo. Estado de São Paulo: aspectos da natureza. Confins Online, 2010. Disponível em: http://journals.openedition.org/confins/6557 – Acesso em 20 de dezembro de 2017.
ROSS, J. L. S. Relevo brasileiro: planaltos, planícies e depressões. In: CARLOS, A. F. A. (org.). Novos caminhos da geografia, São Paulo, Contexto, 1999.
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/geografia/relevo-da-bahia/