A Serra dos Carajás localizada no estado do Pará é a maior província mineralógica do planeta. Abriga a maior jazida de minério de ferro explorada do mundo. Além de ferro, ela concentra grande quantidade de manganês, cobre, ouro e níquel.
Atingindo uma área de aproximadamente 1 milhão de quilômetros quadrados, a rica região mineral abrange o sudoeste de estado do Pará, o oeste do Maranhão e o norte do Tocantins.
Assim como a maioria dos terrenos ricos em minerais metálicos, a região da Serra dos Carajás está localizada em terrenos de origem cristalina (escudos e crátons). As jazidas minerais ali existentes se originaram em rochas plutônicas, formadas a partir da solidificação do magma no interior da crosta.
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História da atividade mineradora
Foi descoberta acidentalmente em 1967 quando um helicóptero a serviço de uma mineradora estadunidense teve que realizar um pouso de emergência em uma clareira da região. O geólogo que estava à bordo notou que havia poucas árvores no local, o que poderia ser causado pela presença de minério de ferro na superfície (que impede o desenvolvimento de plantas de grande porte).
Alguns anos após a descoberta dos minérios, iniciou-se a exploração, pelo consórcio Amazônia Mineração da qual participavam a então empresa estatal Companhia Vale do Rio Doce - CVRD e a americana US Steel Corporation, no entanto a mineradora estadunidense se retirou da empreitada no final da década de 1970.
Anos mais tarde, a Companhia Vale do Rio Doce (hoje apenas Vale) estabeleceu associação com um consolidado grupo empresarial japonês. Esta parceria, trouxe novo fôlego para a continuidade do projeto de exploração mineral. O chamado Grande Projeto Carajás.
Além da extração mineral de ferro, cobre, bauxita (minério de alumínio), manganês o projeto – ao menos na proposta – prevê o investimento em atividades de reflorestamento, pecuária e agricultura.
Infraestrutura
Para a extração dos minérios, foi montada uma infraestrutura que priorizou a exportação, com a construção da Estrada de Ferro de Carajás - EFC, que interliga extrair aos terminais marítimos, da Ponta da Madeira e Itaqui, ambos no Maranhão.
A construção da hidrelétrica de Tucuruí, no Rio Tocantins, no entanto, representou o efetivo impulso para a concretização e ampliação da atividade mineradora na região da Serra de Carajás. A instalação da hidrelétrica foi essencial para o projeto, uma vez que, a mineração é um ramo que possui elevado consumo de energia elétrica.
Mineração e exportações
Atualmente Carajás responde por 27% da produção nacional de minério de ferro, sendo a segunda área produtora mais importante do país, ficando atrás apenas do Quadrilátero Ferrífero no estado de Minas Gerais.
Já na produção de manganês, em que o Brasil detém a liderança mundial, Carajás responde por mais de 80% da produção nacional.
Para viabilizar o grande potencial de produção, necessário ao Projeto Grande Carajás: além de ferrovias, instalações portuárias, energia, infraestrutura urbana, entre outras, o governo brasileiro dispendeu muitos investimentos públicos, estabelecendo importante corredor de exportação de minérios para países como China, Japão, Canadá e Estados Unidos.
Extração mineral e meio ambiente
A região da Serra dos Carajás é também alvo de polêmicas envolvendo ambientalistas. Como a maior parte jazidas minerais estão localizadas em áreas cobertas por floresta, muito do que foi construído e explorado até hoje foi às custas da destruição da vegetação, solos e rios amazônicos. O desafio hoje, nesta porção do Norte brasileiro, é buscar um modelo de mineração compatível com a manutenção dos demais recursos naturais existentes na região.
Fontes:
HIRATA, W.K.; RIGON, J.C.; KADEKARU, K.; CORDEIRO, A.A.C.; MEIRELES, E.M. 1982. Geologia Regional da Província Mineral de Carajás. In: SIMPÓSIO DE GEOLOGIA DA AMAZÔNIA, 1, Belém, Anais... SBG: v.1.
DNPM – Departamento Nacional de Produção Mineral - http://www.dnpm.gov.br/acervo/publicacoes
Museu de Minerais e Rochas “Heinz Ebert” UNESP - http://www.rc.unesp.br/museudpm/banco/grm.html
Novo Olhar – Geografia – 1 – Rogério Martinez e Wanessa Garcia. São Paulo: FTD, 2013.