O solo é um recurso natural básico e fundamental, que levou milhões de anos em sua formação, resultante dos processos de desintegração e decomposição das rochas devido ao intemperismo. Por mais que muitas rochas, devido aos seus níveis de dureza, pareçam indestrutíveis, todas elas acabam se decompondo, mesmo que lentamente. O intemperismo é o processo geral que causa a deterioração das rochas. Ele é responsável por produzir todas as argilas, todos os solos e as substâncias dissolvidas que acabam carregadas pelos rios até os oceanos. Podemos subdividi-lo em dois tipos: intemperismo químico e intemperismo físico. O primeiro ocorre quando os minerais de uma determinada rocha sofrem uma alteração ou dissolução química – e aqui a ação da água é importantíssima. Já o segundo ocorre quando há uma fragmentação da rocha sólida, através de processos mecânicos que não mudam sua composição química. Ambos se reforçam mutuamente. Quanto menores os pedaços de rocha criados pelo intemperismo físico, maior é a superfície para o intemperismo químico agir.
As rochas, reduzidas em partículas através do intemperismo, podem acumular-se como solo ou, através da erosão, serem transportadas ou depositadas na forma de sedimentos em algum outro lugar. A erosão é definida então como o processo em que os materiais intemperizados (isto é, desmanchados em frações minerais menores) são deslocados ou removidos de sua origem, geralmente por ação das correntes de água ou de ar. Um terceiro processo geológico que cabe ser mencionado é a dispersão de massa, que costuma mover em eventos isolados, encosta abaixo, materiais terrestres modificados ou não pelo intemperismo, inclusive grandes fragmentos de rochas inalteradas.
Tendo claro que os solos são resíduos do intemperismo, e compreendendo que são materiais alterados, heterogêneos e desagregados sobrepostos à camada rochosa, podemos prosseguir entendendo que os mesmos se formam em encostas moderadas e suaves, planícies e terras baixas, ou também quando estão protegidos por cobertura vegetal. Isso ocorre porque esses tipos de terreno estão sujeitos a uma menor intensidade de erosão.
Dentre os produtos do intemperismo, os solos podem incluir partículas de argilominerais, óxidos de ferro e metais diversos, e também pedaços da rocha-matriz. Para os geólogos, o termo solo é usado para se referir às camadas de material inicialmente criadas por fragmentação de rochas durante o intemperismo, que têm novos materiais adicionados, materiais originais perdidos, e modificações devido às misturas físicas e reações químicas. Conhecida como húmus, a matéria orgânica é também um componente muito importante da grande maioria dos solos da Terra, sendo formada pelos resíduos e restos de organismos que vivem nos solos. Os restos de folhas da Floresta Amazônica, por exemplo, são fundamentais para o solo da região e a manutenção da floresta. Mas nem todos os solos dão garantia à vida e há locais em que mesmo havendo solos, há pouquíssima vida ou até ausência dela, como em áreas congeladas ou mesmo em outros planetas.
Os solos podem ser compreendidos como geossistemas, com entradas, processos e saídas. Após a alteração da rocha, e das entradas adicionais de matéria orgânica e poeira atmosférica, ocorrem transformações e translocações, já que os solos são dinâmicos e respondem de variadas formas às influências de diferentes fatores. Os cinco fatores mais importantes para a variabilidade desses processos são: 1. Material-matriz: a solubilidade dos minerais, o tamanho dos grãos e os padrões de fragmentação do substrato rochoso. 2. Clima: temperaturas, níveis de precipitação e as variações sazonais. 3. Topografia: a declividade das encostas e sua direção (encostas menos íngremes voltadas ao Sol favorecem o solo). 4. Organismos: a diversidade de organismos que vivem nos solos. 5. Tempo: a quantidade de tempo que um solo possui para se formar. A maior parte dos solos forma diferentes camadas durante seu desenvolvimento. Sua composição e aparência são denominadas perfil do solo. Os perfis do solo são formados por até seis horizontes (camadas de distintas cores e texturas, comumente paralelas à superfície terrestre) e, dependendo da configuração dos fatores de desenvolvimento do solo presentes nessas camadas, originam diferentes tipos de solo, cada qual com um modelo de perfil distinto.
No Brasil, podemos distinguir 13 grandes classes de solos. Há grande predominância dos Latossolos e Argissolos, que se estendem por cerca de 58% do território. São solos profundos, altamente intemperizados, de baixa fertilidade natural, ácidos e, algumas vezes, saturados de alumínio.
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Fontes:
EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa de Solos (Rio de Janeiro, RJ). Sistema brasileiro de classificação de solos. 2. ed. – Rio de Janeiro: EMBRAPA-SPI, 2006. Disponível em: <http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/gestor/arroz/arvore/CONT000fesi63xh02wx5eo0y53mhyx67oxh3.html>. Acesso em: 05/10/2019.
GROTZINGER, John P.; JORDAN, Thomas H. Para entender a terra. 6. ed. Porto Alegre: Bookman, 2013.
LUCCI, Elian Alabi; BRANCO, Anselmo Lazaro; MENDONÇA, Cláudio. Território e sociedade no mundo globalizado, Geografia geral e do Brasil, volume único. São Paulo: Saraiva, 2014.
TEIXEIRA, Wilson. Decifrando a Terra. 2. ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2009.
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/geografia/solo/