Antes de explorarmos a série histórica sobre o desemprego no Brasil, é muito importante primeiro entender o que pode ser considerado “desemprego” ou mesmo “desempregado”. As definições variam de acordo com a instituição, empresa ou órgão que esteja trabalhando com elas e com o método que é utilizado. Neste texto adotamos a conceituação do IBGE. Em seguida, observaremos dados sobre a série história de desemprego no Brasil, obtidos através de coletas de dados, executadas por este instituto, através dos seus censos demográficos, que utilizam como método a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad).
A definição do IBGE para "desemprego"
Para o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a definição de desempregado só se aplica para aquela pessoa que está em idade de trabalhar (a partir de 14 anos), procurando emprego, mas que não consegue encontrar. Essas pessoas são consideradas dentro da força de trabalho do país, mas desocupadas. Os indivíduos que não estão empregados, e que não estão procurando emprego, não são considerados nessa estatística. As pessoas que estão em algum tipo de atividade de trabalho, são consideradas parte da população ocupada.
Entretanto, donas de casa e estudantes, são pessoas que, embora não estejam necessariamente em um emprego, pois se dedicam a outras atividades, não entram no grupo dos desocupados, pois são considerados pessoas fora do mercado ou do grupo que compõem a força de trabalho.
Os empreendedores e pessoas que trabalham na informalidade (por exemplo como vendedores ambulantes, ou com aplicativos de transporte), são consideradas como ocupadas. Uma pessoa sem emprego, que não esteja procurando um, é considerada como fora da força de trabalho, e portanto, não entra nessas estatísticas.
Dessa forma, a taxa histórica de desocupação no Brasil (ou de desempregados para o IBGE) evoluiu dessa maneira:
A taxa de desocupação chegou a níveis muito altos no trimestre julho, agosto e setembro de 2020, atingindo o nível de 14.9, mas caindo para 8.7 no mesmo período de 2022 (somando 9,5 milhões de desempregados). Uma queda ainda inferior ao do primeiro trimestre de 2012, quando o desemprego estava torno em 8.0, mas, que mesmo assim, foi muito relevante.
Tal recuo do desemprego foi registrado inclusive em uma reportagem publicada pelo jornal Folha de São Paulo em outubro, que apontou que, o país havia registrado a menor taxa de desemprego desde o segundo trimestre de 2015, quando estava em 8,4 e quando somava-se um contingente de 9,2 milhões de desempregados.
Concomitantemente, como aponta a reportagem da Folha, e os dados estatísticos sobre o final de 2022, publicados pelo IBGE, o nível de ocupação registrou um certo recorde, ou seja, um avanço desde a série histórica iniciada em 2012.
Entretanto, o número de trabalhadores com carteira assinada, mesmo tendo crescido, ainda ficou muito atrás do registrado no primeiro semestre de 2014. Os dados também mostram a elevação considerável do número de trabalhadores, sem carteira assinada no setor privado. Tais dados levantam a questão sobre o tipo de ocupação que é considerando como emprego.
O retorno dos empregos que levaram á diminuição dos índices de desemprego, se devem sobretudo ao abrandamento da quarentena, que ocorreu no contexto da pandemia do Novo Coronavírus, que impôs o fechamento da maioria dos estabelecimentos e empresas, consideradas não essenciais em 2020. A reportagem da Folha salientou a importância da vacinação em massa, que imunizou a população contra a doença, e levou a recuperação dos empregos, porque, as atividades econômicas puderam voltar com o retorno do funcionamento do comércio e das empresas.
Fontes:
IBGE. PNAD Contínua – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua. Taxa de desocupação, jan-fev-mar 2012 – jul-ag-set 2022. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/estatisticas/sociais/trabalho/9173-pesquisa-nacional-por-amostra-de-domicilios-continua-trimestral.html?=&t=series-historicas&utm_source=landing&utm_medium=explica&utm_campaign=desemprego ( Acessado dia: 22/11/2022).
IBGE. Desemprego. IBGE. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/explica/desemprego.php (Acessado dia 22/11/2022).
FOLHA DE S. PAULO. Desemprego recua para 8, 7% e atinge 9,5 milhões no Brasil. FOLHA. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2022/10/desemprego-recua-para-87-e-atinge-95-milhoes.shtml (Acessado dia 22/11/2022).
ESTADÃO. Desemprego tem sétima queda seguida e fica em 8,7% em setembro. ESTADÃO. Disponível em: https://www.estadao.com.br/economia/desemprego-ibge-setembro-2022/ (Acessado dia22/11/2022).