O planeta Terra, desde sua origem, apresenta um formato de esfera ligeiramente achatada. Para alcançar suas camadas internas, foram realizadas investigações com furo de sondagem, o mais profundo atingindo até 12 km de profundidade, para um planeta que possui mais de 6.000 km de raio. As informações disponíveis sobre as camadas internas da Terra foram obtidas a partir de estudos de propagações sísmicas, que ocorrem nas camadas inferiores e são captadas na superfície da Terra, por um aparelho chamado de sismógrafo, o mesmo que mede a intensidade dos terremotos.
Essas medidas mostram que a Terra é composta por três camadas, de composição e propriedades químicas e físicas diferentes, a crosta, o manto e o núcleo, como mostra a figura abaixo.
A crosta terrestre, ou Litosfera é a crosta sólida da Terra, sua camada mais externa, a mais delgada, e consolidada, essencialmente constituída por rochas. Sua espessura é relativamente fina, porém, mais espessa sob os continentes (até 80 km), e mais delgada sob os oceanos, variando de 5 a 10 km. É onde ocorrem os fenômenos geológicos relacionados à dinâmica interna da Terra, como os movimentos tectônicos, sísmicos, magmáticos, metamórficos, além de abrigar toda biosfera em sua superfície externa.
A crosta pode ser dividida em crosta continental e crosta oceânica. A crosta continental é composta principalmente por Silício e Alumínio (por isso era conhecida por camada SiAl), menos densa e geologicamente mais antiga e complexa, com camada superior composta por rochas graníticas e camada inferior composta por rochas basálticas. Possui espessura variável entre 30 a 40 km nas regiões sismicamente estáveis mais antigas (os crátons), até 60 a 80 km nas cadeias de montanhas, tais como os Himalaias e os Andes. A crosta oceânica é composta principalmente por Silício e Magnésio (era chamada de camada SiMa), e é comparativamente mais densa e mais jovem que a crosta continental, composta por uma camada homogênea de rochas basálticas, que constitui o fundo das bacias oceânicas, possuindo espessura variável entre 5 a 10 km.
O manto, ou magma pastoso, corresponde a porção logo abaixo da crosta terrestre, sendo a camada mais espessa da Terra, ocupando até 80% de seu volume. É composto por silicatos de ferro e magnésio, onde as rochas encontram-se em forma de material pastoso, o magma, devido ao calor proveniente do interior da Terra, com temperaturas por volta de 2000ºC. O manto é responsável pelas grandes perturbações verificadas na crosta (como falhamentos, dobramentos, rupturas, terremotos, magmatismo, entre outros), graças à sua lenta movimentação horizontal de 2 a 6 cm/ano, acima da zona mais fluída, a astenosfera.
O manto pode ser dividido em manto superior (logo abaixo da crosta oceânica, com espessura de 1200 km) e manto inferior (com espessura de 1800 km).
O manto superior possui uma parte rígida e uma parte dúctil. A parte rígida que inclui a crosta e parte do manto superior é chamada de litosfera (esfera rochosa). A parte dúctil é chamada de astenosfera (esfera sem força). Apresenta altas temperaturas (~ 900ºC), devido à sua plasticidade, permitem que as placas tectônicas se movimentem.
O manto inferior ocorre abaixo dessa camada mais plástica. É a chamada mesosfera, onde o manto está submetido as mais altas temperatura e pressão, tornando-o novamente pouco plástico e sólido.
O núcleo é a porção central da Terra, que ocorre logo abaixo do manto. É a camada mais profunda e menos conhecida. Apresenta uma espessura de 3.470 km e 6000ºC de temperatura. É a camada mais quente da Terra, composto predominantemente por níquel e ferro (NiFe). É dividido por núcleo externo e interno. O núcleo externo encontra-se em estado líquido. Já o núcleo interno encontra-se no estado sólido. Devido ao núcleo interno ser uma bola maciça num movimento de rotação mais rápido que todas as outras camadas da Terra, e envolto por toda uma esfera líquida, acredita-se que esses movimentos gerem uma corrente elétrica, gerando um campo magnético. Esta seria a explicação para o magnetismo terrestre, que faz o planeta Terra comportar-se como um gigantesco ímã no Sistema Solar.
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Bibliografia
1. TEIXEIRA, W.; FAIRCHILD, T.; TOLEDO, M.C.M. & TAIOLI, F. (2007). Decifrando a Terra. 2ª edição, São Paulo, SP; Companhia Editora Nacional, 623p.
2. PRESS, F.; SIEVER, R.; GROTZINGER, J. e JORDAN, T.H. (2013). Para entender a Terra. Tradução R. Menegat (coord.), 6ª edição, Porto Alegre, RS; Bookman, 656p.
3. WICANDER, R.; MONROE, J.S. (2009). Fundamentos de Geologia. 1ª edição, São Paulo, SP; Cengage Learning, 507p.