Rochas magmáticas

Por Rosana Gandini

Doutorado em Geociências (USP, 2015)
Mestrado em Geologia Sedimentar (UNISINOS, 2008)
Graduação em Ciências Biológicas (UNISINOS, 2006)

Categorias: Geologia, Rochas e Minerais
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As rochas ígneas (também chamadas de rochas magmáticas) são rochas provenientes da solidificação do material magmático, o magma. É a categoria de rocha predominante na crosta terrestre, constituindo mais de 70% de seu volume. No manto, abaixo da crosta terrestre, o magma encontra-se em seu estado pastoso, devido ao calor proveniente do interior da Terra, com temperaturas por volta de 2000ºC, e devido a essa plasticidade, permitem que as placas tectônicas da crosta se movimentem. Quando o magma extravasa para a superfície terrestre formando os derrames vulcânicos, recebe o nome de lava, já que durante esse processo vulcânico o magma passa por algumas transformações físico-químicas.

As rochas ígneas podem ser classificadas a partir da sua textura, e de sua composição química e mineralógica. A textura é um aspecto que reflete as diferenças de tamanhos dos cristais na rocha, permitindo a visualização a olho nu, e está ligada ao tempo de resfriamento do magma, e ao local em que acontece (no interior ou exterior da crosta). O resfriamento lento do magma no interior da Terra permite um tempo maior para que se formem os cristais que se encaixam entre si, caracterizando as rochas ígneas intrusivas. O rápido resfriamento na superfície terrestre gera rochas ígneas extrusivas, que apresentam texturas de granulação fina, ou aparência vítrea. Essas rochas são formadas quando a lava é expelida pelos vulcões, contendo proporções variáveis de vidro vulcânico. Por isso, também são conhecidas como vulcânicas.

A sílica é um elemento abundante na maioria das rochas ígneas, e a classificação desse tipo de rocha a partir de sua composição química e mineralógica baseia-se no teor de sílica (SiO2) entre 70% a 40%, e de acordo com as proporções relativas de minerais silicosos, como o quartzo, feldspato (ortoclásio e/ou plagioclásio), micas (muscovita e/ou biotita), anfibólios, piroxênios, e olivina. Minerais ricos em sílica são félsicos (feldspato e sílica), e pobres são máficos (magnésio e férrico). Logo, a cristalização dos minerais máficos ocorrem sob temperaturas mais altas, nos primeiros estágios de resfriamento do magma, e consequentemente, a cristalização dos minerais félsicos. Assim, algumas rochas ígneas intrusivas e extrusivas apresentam a mesma composição, mas diferem no aspecto textural. Assim, pela composição química e mineralógica, existem as rochas ígneas félsicas, intermediárias, máficas, e ultramáficas.

Rochas félsicas

Essas rochas são pobres em ferro e magnésio, ricas em minerais com altos teores de SiO2 ( ̴ 70%), como o quartzo, feldspato potássico e plagioclásio, e tendem a apresentar coloração mais clara. O granito (fig.1) é um dos exemplos de rochas ígneas intrusivas mais comuns e abundantes, e o riolito é a rocha equivalente extrusiva.

Figura 1. O granito é um exemplo comum de rocha ígnea intrusiva e félsica. Foto: Aleksandr Pobedimskiy / Shutterstock.com

Rochas intermediárias

Não apresentam altos nem baixos teores de SiO2. O granodiorito é um exemplo intrusivo deste tipo de rocha, que semelhante ao granito, contém quartzo abundante, porém, o feldspato é o plagioclásio. O diorito, contém ainda menos SiO2, onde dominam os plagioclásios, com pouco ou nenhum quartzo. A rocha extrusiva equivalente ao granodiorito é o dacito, e o equivalente vulcânico ao diorito, é o andesito.

Figura 2. Textura de um granodiorito. Foto: encikmohdfirdaus / Shutterstock.com

Rochas máficas

São ricas em olivinas e piroxênios, que são minerais pobres em SiO2, e ricos em ferro e magnésio, o que lhes confere uma coloração escura. O gabro é o exemplo intrusivo das rochas máficas, de coloração cinza-escura, granulação fina e minerais máficos, como piroxênio abundante, não contém quartzo, e plagioclásio moderado. O basalto (fig.3) é o equivalente extrusivo do gabro, apresenta coloração cinza-escura a preta, é a rocha mais abundante da crosta e presente em todo fundo marinho. Nos continentes, extensos e espessos derrames de basalto constituem grandes serras e planaltos, como é o caso da Serra Geral, que ocorre no sul-sudeste do Brasil e sul-sudoeste do continente africano, e que registra a separação do supercontinente Gondwana a partir do Triássico.

Figura 3. Rocha basáltica. Foto: www.sandatlas.org / Shutterstock.com

Rochas ultramáficas

Caracterizam-se por minerais máficos, e apresentam menos de 10% de feldspato. O exemplo dessa rocha é o peridotito, com teor muito baixo de SiO2 ( ̴ 45%), granulação grossa, de coloração cinza-esverdeada, composta por olivina, e pequenas quantidades de piroxênio e anfibólio (fig. 4). É a rocha predominante no manto e a fonte das rochas basálticas, e raramente são extrusivas.

Figura 4. Peridotito (rocha do manto). Foto: www.sandatlas.org / Shutterstock.com

As rochas ígneas formam-se nas dorsais mesoceânicas, onde o movimento divergente das placas tectônicas, afastando-se, causa a expansão do assoalho oceânico, e nos limites convergentes, que são as zonas de subducção, onde uma placa mergulha sob a outra. A geometria dos movimentos de placas é o elo necessário para correlacionar a atividade tectônica e a composição de rochas aos processos de fusão.

Entender melhor os processos que desencadeiam a formação das rochas ígneas, e seus mecanismos de fusão e recristalização, e sua ligação com a tectônica de placas, é primordial para compreender a formação da crosta terrestre e a evolução dos continentes do sistema Terra.

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