Enchentes ou cheias ocorrem quando há a elevação do nível de água no canal de drenagem do rio, pelo aumento da vazão, atingindo a cota máxima do canal. Ou seja, é quando o curso hídrico (rio ou córrego, por exemplo) alcança o seu limite de água, porém sem que haja um extravasamento em suas margens. No entanto, as enchentes no Brasil são comumente entendidas como circunstâncias de elevação do nível dos rios que causam algum tipo de impacto social, como no caso das inundações e dos alagamentos.
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Diferença entre enchente, alagamento e inundação
Nos períodos chuvosos, é comum ouvir nos noticiários relatos de chuvas que ocasionaram enchentes, inundações e alagamentos, levando a crer, erroneamente, que esses termos têm igual definição.
- As enchentes são processos naturais que ocorrem regularmente nos períodos de maior volume de chuvas. A água ocupa a capacidade máxima do canal do rio, sem que extravase as margens.
- Quando a água transborda para as áreas das margens do rio, ocorre a inundação. É nesse evento que a água alcança a planície de inundação e causa complicações às populações próximas. Em função do clima tropical brasileiro, a ocorrência de precipitações volumosas é comum no período chuvoso, o que torna recorrente a situação.
- Já o alagamento, nem sempre está relacionado ao curso d’água, ocorre quando há o acúmulo de água temporário em uma área que tem sua capacidade de infiltração ou drenagem da água reduzida ou limitada. Comum no período chuvoso nas metrópoles brasileiras.
Causas das enchentes
As enchentes, inundações e alagamentos, têm causas naturais e antrópicas:
O fator natural decorre do grande volume de chuva em rios perenes, que costumam ter dois tipos de leito: o leito menor, que é por onde a água corre durante maior parte do tempo e o leito maior, que é inundado após um período de cheias. No entanto, em muitas cidades brasileiras, há construções, casas, ruas no leito maior do rio.
O fator antrópico aumenta e agrava a ocorrência e os impactos dessas situações.
Vejamos:
- Ocupação inadequada – Nas cidades, há a construção de ruas, edifícios, marginais, pontes e casas em terrenos inadequados à ocupação humana, próximos aos cursos hídricos, como as várzeas e as planícies de inundação. Quando chove, essas construções são as primeiras a serem atingidas. No Brasil é comum esse tipo de ocorrência, uma vez que o processo de urbanização aconteceu de forma acelerada e sem planejamento.
- Ausência de infraestrutura em drenagem – bueiros, “bocas-de-lobo” - para conter e drenar a água em áreas impermeabilizadas, como as ruas. Também é uma consequência do processo de formação e ampliação dos centros urbanos brasileiros, que sem o planejamento dos equipamentos urbanos, não conta com uma rede de drenagem fluvial adequada às condições climáticas do país.
- Destinação incorreta dos resíduos sólidos e líquidos - A população e as empresas descartam lixo e esgoto em locais próximo ou nos rios, que sobrecarregam o leito. Quando chove, provocam o transbordamento das águas. Em especial nas cidades brasileiras, onde a ausência de saneamento básico e a destinação inadequada para o lixo, é comum. Esse talvez seja um dos maiores problemas em relação ao uso dos cursos hídricos em áreas povoadas no Brasil
- Desmatamento e queimadas ocasionam inundações e alagamentos, pois provocam assoreamento dos rios e consequente elevação de seu leito. Além disso, diminuem a infiltração da água no solo, que corre em maior volume para o curso d’água.
As consequências das enchentes
Segundo o IBGE, entre 2008 e 2012, cerca de 1,4 milhão de brasileiros ficaram desabrigados e desalojados por conta das enchentes urbanas.
As enchentes, alagamentos e inundações além de transtornos, causam perdas humanas e materiais, especialmente nas cidades em que a ocupação ocorreu de forma desordenada. Panorama comum das regiões metropolitanas brasileiras que todos os anos, no período chuvoso têm ocorrência de tragédias envolvendo a má gestão dos recursos hídricos.
Fontes:
http://www.sp.senac.br/blogs/revistainiciacao/wp-content/uploads/2015/12/110_IC_artigo-.pdf