Ação Libertadora Nacional

Por Michelle Viviane Godinho Corrêa

Mestre em Educação (UFMG, 2012)
Especialista em História e Culturas Políticas (UFMG, 2008)
Graduada em História (PUC-MG, 2007)

Categorias: Ditadura Militar
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A Ação Libertadora Nacional (ALN), criada por Carlos Marighella, foi um dos principais grupos de luta armada que vigorou entre os anos de 1964 e 1985 no Brasil. Criada em 1968 por ex-membros do Partido Comunista Brasileiro (PCB), a ALN esteve envolvida em ações de expropriação de bancos, em explosões e no famoso sequestro do embaixador norte-americano em 1969.

O fundador: Carlos Marighella

Carlos Marighella iniciou sua trajetória na esquerda durante a juventude, tendo sido militante do Partido Comunista por 33 anos. Após enfrentar perseguições durante o Estado Novo, sendo preso e torturado sob a mesma figura que mais tarde seria novamente símbolo da repressão ditatorial, Filinto Müller. Tornou-se um dos deputados federais mais bem votados em 1945, entretanto, foi cassado em 1946 devido a política de Gaspar Dutra de combate ao comunismo. No primeiro ano do regime militar, foi baleado e preso no Rio de Janeiro. Foi absolvido no ano seguinte e, decidido a romper com a política do PCB de buscar a revolução pela via pacífica, acabou expulso do partido em 1967 e, no ano seguinte, fundou a ALN.

A ALN tinha como inspirações Ernesto Che Guevara e Fidel Castro que, em 1959, haviam realizado a Revolução Cubana a partir da tática de guerrilha. O lema de Che também passaria a ser o princípio fundamental da ALN: "O dever de todo revolucionário é fazer a revolução".

Ações da ALN

Durante o ano de 1968 a atuação da ALN e de outros movimentos de guerrilha urbana, como a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), já havia realizado uma série de assaltos a bancos para a arrecadação de dinheiro necessário para o financiamento das ações dos grupos. Naquele mesmo ano mais de 200 pessoas foram presas sob acusação de participarem da luta armada e em 13 de dezembro o governo de Costa e Silva expediu o Ato Institucional nº 5, com o objetivo de endurecer a perseguição aos opositores do governo. Ao mesmo tempo que o AI-5 levou a desmobilização de estudantes e operários, provocou o crescimento dos grupos de luta armada.

Em setembro do ano seguinte, a ALN realizou, em conjunto com o Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8), o sequestro de Charles Burke Eubrick, embaixador norte-americano. O sequestro ocorreu no Rio de Janeiro e, em troca da libertação do embaixador, os militantes exigiram o envio para o exterior de 15 prisioneiros políticos de diferentes grupos de esquerda. Dois meses após a ação, em 4 de novembro, Marighella (58 anos) foi morto a tiros em São Paulo por policiais comandados pelo delegado Sérgio Fleury. A versão oficial divulgada em todo o mundo atestou que Mariguella havia resistido a prisão. Entretanto, o fotógrafo que registrou a foto da cena do confronto modificada pelos militares, revelou recentemente à IstoÉ que Marighella estava sentado no banco da frente e não deitado no banco de trás quando chegou ao local.

Após a morte de Marighella, Joaquim Câmara Ferreira assumiu a liderança do grupo. Em 1970, em parceria com a VPR, a ALN sequestrou o embaixador alemão Ehrendried von Hollenben, trocado por 44 presos políticos. No ano seguinte, Câmara Ferreira foi preso e veio a óbito na prisão. A morte dos dois líderes levou a desagregação do movimento que chegou a contar com dois mil integrantes.

Bibliografia:

ABREU, Alzira Alves de. Ação Libertadora Nacional. CPDOC. FGV, Rio de Janeiro, 2016. Disponível em: <http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-tematico/acao-libertadora-nacional-aln>. Acesso em: 24 out. 2017.

BUENO, Eduardo. Os anos de chumbo. In: Brasil: uma História: cinco séculos de um país em construção. Rio de Janeiro: Leya, 2012, p. 402-417.

MEMÓRIAS DA DIDATURA. Carlos Mariguella. Instituto Vladimir Herzog, São Paulo, 2017. Disponível em: <http://memoriasdaditadura.org.br/biografias-da-resistencia/carlos-marighella/index.html>. Acesso em: 26 de out. 2017.

RODRIGUES, Alan. A farsa na morte de Marighella. ISTOÉ, São Paulo, 2016. Disponível em: <https://istoe.com.br/193279_A+FARSA+NA+MORTE+DE+MARIGHELLA+/>. Acesso em: 26 de out. 2017.

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