A Cabanada foi um movimento ocorrido no Brasil durante o período imperial. Foi uma das mais icônicas revoltas a ocorrerem no país. Caracterizou-se como um movimento que visava restaurar a monarquia no Brasil, adquirindo com o tempo um viés de revolta popular e de luta anti-escravagista. Foi chefiado por Vicente Ferreira de Paula.
Em 1831, D. Pedro I abdica do trono do Brasil em favor do filho, D. Pedro II, para poder cuidar com atenção do problema da restauração de poder de sua filha, Maria da Glória, herdeira e empossada em Portugal, mas vítima de um golpe do irmão, que lhe usurpou o poder.
Diante da impossibilidade de D. Pedro II assumir o poder devido à idade ainda tenra, a Constituição determinava que uma regência trina ocupasse o poder até que o novo imperador reunisse as condições para exercer efetivamente o poder. Essa fragilidade política inflama algumas camadas sociais, já descontentes com o governo imperial e as inquietações sociais aumentam de intensidade.
Uma revolta de proprietários de terras (Domingos Lourenço Torres Galindo e Manuel Afonso de Melo) aumenta a instabilidade social e política. Esse grupo era vinculado à sociedade denominada “Coluna do Trono do Altar” de Portugal e decidiu romper as alianças com os senhores de engenho, tornando a revolta anti-escravagista, o que prejudicava os interesses dos grandes proprietários de terras. A revolta se desenvolveu entre o norte de Alagoas e sul de Pernambuco, em meados de 1832. Levantes ocorreram em Panelas de Miranda (PE) e na região da praia de Barra Grande (hoje Maragogi) (AL).
Os chamados cabanos eram formados, em sua maioria, índios, brancos e mestiços, além de negros fugidos e sustentavam esse nome porque moravam em cabanas no meio do mato.
Em 1834, o falecimento de D. Pedro I desanima os revoltosos, que acabam cercados na mata por tropas inimigas em número de 4000 homens, aproximadamente. Em 13 de maio de 1834 ocorre a chegada das tropas que visavam abafar a revolta. Houve então a definição da manobra de sítio aos revoltosos e a ordem de evacuação. No local permanecem apenas os fiéis à causa e os escravos a preferirem a luta e a morte à escravidão.
Com a promessa do governo de anistia aos revoltosos que se entregassem, aumenta a deserção e a força do movimento diminui paulatinamente até a rendição em 29 de maio de 1835. Vicente de Paula foge e se envolve com a política e, mais tarde, em outra revolta, agora em Pernambuco, a Revolução Praieira de 1849. Capturado em 1850, permanece preso até 1861.
A Cabanada, portanto, se insere na história brasileira como mais uma página de revolta popular contra o governo, exemplo da readequação social e política brasileira do período imperial e na luta contra a escravidão.
Bibliografia:
http://www.revistadehistoria.com.br/secao/artigos/sangue-no-mato
http://www.ahimtb.org.br/c3g.htm
ANDRADE, Manuel Correia de. A Guerra dos Cabanos. Rio de Janeiro:1965; Recife: Editora da Ufpe, 2005.
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/historia-do-brasil/cabanada/