Após a volta de D. João VI para Portugal, as cortes portuguesas queriam que D. Pedro I também retornasse para que fosse nomeado como governador e o Brasil voltasse a ter o status de colônia.
Os liberais radicais do Brasil em contrapartida à corte portuguesa, se organizaram e reuniram 8 mil assinaturas para a permanência de D. Pedro I. Pressionado por ambas as nações no dia 9 de janeiro de 1822 disse:
“Se é para o bem de todos e felicidade geral da Nação, estou pronto! Digam ao povo que fico.”
Essa foi uma das decisões mais importantes da história brasileira, uma vez que impediu que o país retrocedesse e mudou de uma vez por todas a sua relação com Portugal. Dom Pedro I ao contrariar as ordens da corte portuguesa, rompeu com o tratado que mantinha o Brasil como Reino Unido de Portugal e Algarves.
Com a popularidade de Dom Pedro I em alta, para benefício dos brasileiros que não queriam mais ser colônia pela autonomia comercial já adquirida assim como os avanços obtidos desde a vinda da corte, ficaram todos a seu favor e o príncipe ficou visto como um defensor do país.
Os comerciantes conservadores só pensavam nos seus interesses e queriam a independência para não pagarem mais impostos a Portugal. Eles pretendiam enriquecer e comercializar livremente com outros países. Já os liberais radicais compostos por padres, jornalistas, estudantes, funcionários de setores públicos e pesquisadores, queriam realizar melhorias no âmbito social, acabar com a escravatura e trazer moradia e melhor qualidade de vida a milhares de brasileiros que viviam no país através da reforma agrária. A partir desse contexto, surgiu então o primeiro partido de Brasil: o Partido Brasileiro.
Os membros da corte de Portugal desrespeitaram a vontade do príncipe regente do Brasil, dando menos credibilidade a ele. Mas quanto mais se afastava de Portugal, mais se aproximava do Brasil. A princesa e esposa de D. Pedro I, Leopoldina de Habsburgo, deu total apoio ao marido e o encorajou a permanecer firme e forte em suas decisões.
Após as “rebeldias” de D. Pedro I, dois mil militares da corte portuguesa comandados por Jorge Alvilez se concentraram no Morro do Castelo e em compensação, foram cercados por dez mil brasileiros armados da Guarda Real da Polícia. Foi então que o Príncipe regente dispensou o comandante português e ordenou que ele e sua tropa se retirassem do país e voltassem a Portugal.
José Bonifácio ficou responsável pelas relações estrangeiras do Brasil e ficou muito próximo de D. Pedro I. Ele achava necessária a elaboração de uma assembleia constituinte para evitar uma anarquia. Enquanto Gonçalves Ledo e os liberais só queriam oferecer ao príncipe o cargo de defensor do Brasil, e achavam indispensável uma convocação de uma Assembleia Constituinte para estabelecer as regras. O príncipe atendeu aos pedidos dos Liberais e se reuniram para fazerem as eleições dos deputados e as legislações.
D. Pedro I seguiu para São Paulo para constatar a lealdade dos paulistas. Enquanto estava fora a sua esposa Leopoldina, que também era contra as ordens dos portugueses, ficou tomando conta do Rio de Janeiro e junto com os ministros assinou a declaração da efetiva separação do Brasil de Portugal. Esse fato foi informado ao seu marido através de uma carta que ele recebeu no dia 7 de setembro às margens do Rio Ipiranga. Nesse momento disse: "Amigos, as Cortes Portuguesas querem escravizar-nos e perseguir-nos. A partir de hoje as nossas relações estão quebradas. Nenhum vínculo unir-nos mais".
Tirou os símbolos que representavam Portugal de sua farda e continuou a falar:
"Tirem suas braçadeiras, soldados. Viva independência, à liberdade e à separação do Brasil."
"Para o meu sangue, minha honra, meu Deus, eu juro dar ao Brasil a liberdade"
E gritou a famosa frase: "Independência ou morte". Que entrou para história como: Grito do Ipiranga.
Sem o “dia do fico”, nada disso teria acontecido.
Referências:
http://ensina.rtp.pt/artigo/o-dia-do-fico/ 21.01.2019.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Dia_do_Fico 21.01.2019.