Governo de Rodrigues Alves

Por Natália Rodrigues

Mestre em História (UERJ, 2016)
Graduada em História (UERJ, 2014)

Categorias: Brasil Republicano, Mandatos Presidenciais do Brasil
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Francisco de Paula Rodrigues Alves foi o quinto presidente da República brasileira, assumindo o mandato em 15 de novembro de 1902. Não foi um republicano histórico como os antecessores civis da presidência da República, tendo atuado como conselheiro do Império durante os anos finais desse regime. Rodrigues Alves foi convidado pelos republicanos para compor a Assembleia Constituinte de 1890 e para contribuir com a experiência adquirida na atuação política durante o Império. Dessa forma, Rodrigues Alves tornou-se um dos quadros da política republicana, exerceu as funções de senador, ministro da Fazenda (1891-1892 e 1894), ministro da Justiça (1891-1892) e presidente do Estado de São Paulo, antes de assumir a presidência do país.

A candidatura de Rodrigues Alves à presidência da República foi apoiada pelo presidente antecessor, Campos Sales, que buscava um sucessor continuador da política econômica de austeridade fiscal. O Governo de Rodrigues Alves pretendia realizar a modernização do país com a promoção de obras de saneamento, de reurbanização da capital federal, de incentivo à imigração e fixação de estrangeiros no campo, da expansão da malha ferroviária nacional.

Rodrigues Alves, presidente do Brasil entre 1902 e 1906.

A reurbanização da cidade do Rio de Janeiro desenvolvida durante o mandato de prefeito de Francisco Pereira Passos (1902-1906) foi inspirada na cidade de Paris. Ruas foram alargadas, o porto melhorado, os cortiços postos abaixo, a iluminação pública expandida, o sistema de fornecimento de água e coleta de esgoto aprimorados, e os morros do Senado e do Castelo demolidos. A questão da habitação na cidade tornou-se ainda mais precária. A população trabalhadora e empobrecida do Centro da cidade teve que migrar para os morros e subúrbios. Para realizar essas obras, foram contraídos empréstimos externos pelo governo federal.

Para completar o projeto de saneamento da cidade do Rio de Janeiro, que sofria com constantes epidemias de varíola e febre amarela, foi instituída a obrigatoriedade da vacinação em outubro de 1904. A campanha de vacinação realizada em novembro do mesmo ano, sob o comando de Oswaldo Cruz, ocorreu de forma autoritária, sendo permitidas aos agentes de saúde a invasão de domicílios e a aplicação da vacina à força. A população da cidade rebelou-se contra a imposição da vacinação e a crise de habitação, quebrando bondes e atacando prédios públicos. Essa sublevação ficou conhecida como Revolta da Vacina.

O incentivo à fixação de mão-de-obra estrangeira no campo contribuiu para a expansão da produção cafeeira que sofreu com crise de superprodução durante a segunda metade do mandato de Rodrigues Alves. Para conter a redução do preço das safras de café no comércio exterior, os cafeicultores dos Estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais reuniram-se e estabeleceram o Convênio de Taubaté. Nesse convênio foi pautada a redução do valor da moeda nacional (o mil-réis), visando atrair o mercado exterior para o café brasileiro. O presidente negou-se a aderir à proposição dos cafeicultores, pois isso, comprometeria o pagamento das dívidas nacionais.

Outro destaque do governo Rodrigues Alves foi a atuação do barão do Rio Branco como ministro do Exterior. À frente desse ministério, o barão do Rio Branco empenhou-se, sobretudo, na fixação dos limites do território nacional por meio de ações diplomáticas (com Peru, Colômbia, Uruguai e Bolívia). A disputa pela região do Acre com a Bolívia gerou conflitos devido ao arrendamento da região ocupada por brasileiros à empresa Bolivian Syndicate of New York. Os brasileiros decretaram a independência do Acre, em 6 de agosto de 1902, posteriormente a região foi comprada pelo Estado brasileiro que se comprometeu a construir a ferrovia Madeira-Mamoré, possibilitando o escoamento da produção de borracha.

O mandato presidencial de Rodrigues Alves terminou em 15 de novembro de 1906 e foi sucedido por Afonso Pena.

Referências:

BENCHIMOL, Jaime L. Pereira Passos: um Haussmann tropical. Rio de Janeiro: Secretaria Municipal de Cultura, Turismo e Esportes, Departamento Geral de Documentação e Informação Cultural, Divisão de Editoração, 1992.

CALMON, Pedro. História social do Brasil, volume 3: a época republicana. São Paulo: Martins Fontes, 2002. p. 159-167.

LANG, Alice Beatriz da Silva Gordo. Rodrigues Alves (Verbete). Rio de Janeiro: CPDOC/FGV.

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