Guerra contra Artigas

Mestre em História (UFAM, 2015)
Graduado em História (Uninorte, 2012)

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A Guerra contra Artigas, também denominada de Invasão Portuguesa de 1816, ocorrida entre 1816 e 1820, nas fronteiras entre Argentina, Uruguai e Brasil, pode ser entendida a partir de um contexto de grandes transformações na América Latina e, especialmente, no Brasil (com a chegada da Família Real Portuguesa, em 1808) e no Uruguai (com o crescente sentimento de emancipação política). Os conflitos desencadeados naquela ocasião se conectam a vários fatores de ordem política, econômica, geográfica e militar. O nome mais citado naquele evento foi do uruguaio José Gervásio Artigas, que liderava um movimento contra o projeto argentino de reconstituição territorial de seu antigo vice-reinado (que constituía parte do Uruguai) e as investidas portuguesas a partir de um projeto expansionista elaborado pela Dinastia de Bragança com o intuito de anexar o Uruguai ao nascente Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves (1816). No âmbito econômico intercontinental, o Uruguai sofria a influência da industrializada Inglaterra.

Em agosto de 1816, na Fortaleza de Santa Teresa, em território uruguaio, a presença agressiva das tropas brasileiras, articuladas sob o comando da Divisão de Voluntários Reais, composta por brigadas, batalhões de infantaria, corpo de cavalaria e artilharia recém-chegados de Portugal, levaram Artigas a responder com uma contraofensiva audaciosa. Em novembro, o Rio Grande do Sul foi invadido pelas tropas uruguaias. Após vencer as batalhas de Sant’Anna, Carumbé, Ibiraocaí, São Borja e Arapeí, as tropas de Artigas não conseguiram manter as forças iniciais e sucumbiram na Batalha de Catalão, em janeiro de 1817. Na mesma conjuntura, as tropas portuguesas chegaram a Maldonado, entrando em Montevidéu no dia 20 de fevereiro de 1817. Sem encontrar grandes resistências na capital uruguaia, a fase inicial da Guerra contra Artigas colocava os portugueses em vantagens territoriais incontestáveis.

Dali em diante, Artigas não mediu esforços para reunir um novo e amplo contingente de soldados, passando a hostilizar os invasores do território uruguaio e empreendendo uma feroz campanha com a utilização de corsários que passaram a investir contra várias regiões ocupadas pelos portugueses. Após estabelecer uma complexa vigilância no Rio da Prata e no litoral argentino, os corsários passaram a empreender ataques ultramarinos, chegando a invadir possessões portuguesas e espanholas na Europa, África e regiões do Caribe, no Atlântico Norte. Na outra face dessa resistência, os uruguaios investiram grandes destacamentos de soldados contra os argentinos, os quais empreendiam ataques e conquistas territoriais na Banda Ocidental do Uruguai. Em 1820, um destacamento de alto poder de fogo foi destinado a uma segunda invasão ao Rio Grande do Sul. Na manhã de 22 de fevereiro, a sangrenta e decisiva batalha de Taquarembó esmagava a resistência de Artigas, frustrando a invasão planejada e obrigando o líder uruguaio a buscar refúgio no Paraguai.

Especialmente representada pelo lado brasileiro, a Inglaterra atuou indiretamente em todas as ocasiões que se processaram. A crise econômica Uruguai decorreu, em grande medida, das políticas econômicas impetradas pelos ingleses. Na Guerra contra Artigas, as relações comerciais com a Inglaterra se desgastaram de modo intencional. Estes, como importantes aliados dos portugueses auxiliaram no colapso econômico uruguaio. Em 31 de julho de 1821, a Banda Oriental do Uruguai seria incorporada ao Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, sob a denominação de Província Cisplatina, sendo conservada sob domínio brasileiro até 1828. Sem o exército de Artigas, o Uruguai desfaleceu da luta por sua emancipação política.

Referências:

ARTIGAS, Guerra contra. Dicionário Sensagent. Disponível em: http://dicionario.sensagent.com/GUERRA%20CONTRA%20ARTIGAS/pt-pt/; Acesso em: 07 dez. 2017.

COSTA, Hipólito Jose da. Correio Braziliense, ou, Armazém literário. Correio Braziliense, 1815. Disponível em: https://books.google.com.br/books?id=Z_wrAAAAYAAJ&pg=PA208&lpg=PA208&dq=Guerra+contra+Artigas&source=bl&ots=xkTbufy0eY&sig=7jDT1lzioDHMdbM5HixSi_syM50&hl=pt-BR&sa=X&ved=0ahUKEwjq84Sgu_jXAhUHIpAKHaTNAmoQ6AEIXTAM#v=onepage&q=Guerra%20contra%20Artigas&f=false; Acesso em: 07 dez. 2017.

DONATO, Hernâni. Dicionário das Batalhas Brasileiras. Ibrasa, 1996. Disponível em: https://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&lr=&id=xeyuqtq3ImUC&oi=fnd&pg=PA11&dq=Guerra+contra+Artigas&ots=HeRTfnP0eP&sig=Ho3FLCiWe_64TV_rFQmMDBUOCAs&redir_esc=y#v=onepage&q=Guerra%20contra%20Artigas&f=false; Acesso em 07 dez. 2017.

Arquivado em: Brasil Colônia
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