Ao longo dos estudos sobre História do Brasil, pode-se perceber as diversas guerras e batalhas que o Brasil enfrentou em sua formação. A chamada Guerrilha dos Muras foi uma dessas batalhas indígenas contra os portugueses. A tribo dos Muras foi um povo que resistiu durante séculos os portugueses que penetraram na região Amazônica entre o rio Madeira e o rio Negro.
Os Muras eram uma tribo nômade que habitavam uma grande região entre os rios Solimões, Madeira e Amazonas. Interessante observar nos estudos realizados por historiadores que essa tribo durante o inverno viviam em canoas e durante o verão habitavam pequenas palhoças nas praias. Esse povo tem um ponto bastante interessante, pois é o único povo que predominou em uma área muito vasta. Eles também já eram bastante conhecidos dos portugueses, dos brancos, pois eram bastante hostis a estes, evitando o máximo de contato possível com a civilização branca, sempre lutando contra qualquer tentativa de invasão e dominação, tendo um profundo ódio contra tudo que limitasse sua liberdade como resgates, descimentos, aldeamentos e missões. Também atacavam as embarcações comerciais que usavam o rio Madeira.
Essa tribo e os portugueses viviam em confronto por conta da invasão colonial. Os portugueses eram muito interessados no rio Madeira e em sua região já que era através desse rio que os portugueses chegavam até a capital do Mato Grosso na época, Vila Bela, e que dava acesso para as outras regiões. A aldeia Mura não permitia a passagem dos portugueses e negociantes pelo rio Madeira, sobretudo os barcos que carregavam especiarias, levando um enorme prejuízo aos comerciantes. Esse caminho também se tornou importante com a descoberta do ouro nas regiões, pois ele dava nas minas de ouro, sendo, assim, muito utilizado. Como a dificuldade era muito grande para navegar nesse rio e passar por essa região, tendo sempre prejuízos por causa dos ataques dos indígenas, os comerciantes passaram a pressionar o capitão do Forte São José do Rio Negro, Francisco X. Ribeiro Sampaio, para que este enviasse suas tropas até a aldeia indígena a fim de acabar com os índios. Importante mencionar que, ainda no século XVIII, os jesuítas foram chamados para aldear os índios daquela região, já que era interessante para os comerciantes, mas não obtiveram nenhum sucesso. O capitão tinha muitos argumentos que justificavam diante da população o massacre desses índios. Ele afirmava que os índios faziam emboscadas, impedindo uma comunicação, a colonização e o comércio, chegando à conclusão que deveriam destruir os indígenas. Como os Muras eram nômades, possuíam habilidade e conhecimento daquelas terras, muito mais do que os portugueses. Usaram todo seu conhecimento que tinham da região para derrotar os portugueses, ocupando diversos lugares estratégicos e surpreendendo os comerciantes e portugueses. É importante ressaltar que mesmo os índios tendo o conhecimento vasto da região e atacando de surpresa, muitos índios foram mortos pelo fato dos portugueses possuírem armas de fogo.
Esses confrontos duraram décadas e, mesmo sendo massacrados, os índios não desistiam de lutar. Essa tribo ficou conhecida por ter resistido até o quanto pode aos portugueses, colonizadores. Somente o final do século XVIII, as missões carmelitas conseguiram povoar a aldeia, deixando livre o caminho dos rios para os comerciantes.
Referências Bibliográficas:
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COSTA, Marcos. A História do Brasil para quem tem pressa. Rio de Janeiro: Valentina, 2016.
DEL PRIORE, Mary, VENANCIO, Renato. Uma Breve História do Brasil. São Paulo: Editora Planeta do Brasil, 2010.
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