Foi no final do século XVII e início do século XVIII que surgiram uma série de movimentos conhecidos como Movimentos Nativistas na historiografia brasileira. Essas revoltas nativistas tiveram como principal causa os descontentamentos que havia entre os colonos brasileiros com relação as medidas que eram tomadas pela Coroa Portuguesa. Essas medidas ficaram mais endurecidas após a chamada Restauração, ou seja, após Portugal se separar da Espanha, depois de 60 anos sob domínio espanhol (União Ibérica).
É interessante deixar claro que esses movimentos nativistas são caracterizados pelos historiadores não como movimentos que foram de contestação ao domínio de Portugal, mas sim como movimentos de rebeldias e conflitos regionais contra alguns pontos do colonialismo que não satisfaziam os colonos brasileiros. No século no final do século XVII e início do século XVIII, o comércio com países da Ásia não estava gerando lucros como antes, e, assim, Portugal tentava cobrir os gastos da Coroa com os lucros obtidos no Brasil, por meio do aumento de impostos. Outros fatores que acabaram levando as revoltas nativistas foram: o monopólio português sobre os produtos, ou seja, os colonos só poderiam vender para Portugal e comprar os produtos deles, o chamado Pacto Colonial; algumas medidas da metrópole que acabavam beneficiando os comerciantes portugueses em detrimento dos comerciantes brasileiros; havia também o rígido controle, através de leis, imposto pela metrópole sobre o Brasil. Assim, havia um forte ambiente para revoltas, surgindo os primeiros conflitos de interesse entre colonos brasileiros e portugueses.
Esses movimentos nativistas se iniciaram ainda no final do século XVII. No ano de 1641, houve o episódio conhecido como a Aclamação de Amador Bueno. Ela ocorreu em 1° de abril do ano citado motivada pela notícia da Restauração portuguesa e que colocava em risco o comércio que havia entre colonos e espanhóis. Assim, com a limitação e proibição de alguns comércios por parte de Portugal, afetaria o comércio e lucro dos paulistas. Logo, estes declaram a independência, tendo como líder Amador Bueno. Mas este recusou seu papel e a revolta teve fim, os colonos tendo que aceitar as ordens da metrópole.
A Insurreição Pernambucana, em 1645, também fez parte desses movimentos. O objetivo era a defesa dos interesses dos colonos brasileiros contra a expropriação da Companhia das Índias Ocidentais.
Já a Revolta dos Beckman, em 1684, ocorreu no Maranhão, cujas atividades produtivas foram prejudicadas pela proibição da escravização dos índios e o monopólio da Companhia Geral do Comércio do Estado do Maranhão, em 1682. Assim, os líderes Manuel e Tomás Beckman, ricos e influentes proprietário de terras, e Jorge Sampaio e seus seguidores encaminharam-se para a casa do capitão-mor Baltasar Fernandes e para os armazéns da Companhia do Comércio do Maranhão. A revolta termina com a repressão do governo português e com Manuel Beckman e Jorge Sampaio sendo condenados à forca.
Houve outras revoltas como a Guerra dos Emboabas, ocorrida em Minas Gerais nos anos de 1708 e 1709, onde os bandeirantes paulistas queriam exclusividade na exploração das minas; Guerra dos Mascates, em Pernambuco (1710/1711), disputa entre senhores de engenho e mascates; e Revolta de Filipe dos Santos ou Revolta de Vila Rica (1720) que teve como causa a cobrança de altos impostos sobre o ouro, entre outros.
É somente na segunda metade do século XVIII que os movimentos nativistas passaram a incorporar a busca pela independência tendo como base os conceitos do Iluminismo, como o caso da Inconfidência Mineira (1789).
Referências Bibliográficas:
COSTA, Marcos. A História do Brasil para quem tem pressa. Rio de Janeiro: Valentina, 2016.
DEL PRIORE, Mary, VENANCIO, Renato. Uma Breve História do Brasil. São Paulo: Editora Planeta do Brasil, 2010.
FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Edusp, 1996.