O Plano Cohen consistiu em um documento forjado pelo capitão Olympio Mourão Filho, membro da Ação Integralista Brasileira (AIB). Esse documento relatava que os comunistas pretendiam tomar o Estado e assassinar diversos políticos. O Plano Cohen foi utilizado pelo governo para fechar o Congresso Nacional e para decretar nova Constituição, próximo à eleição à presidência da República que seria realizada em 1938.
Em junho de 1937, estava ocorrendo a campanha eleitoral. Candidataram-se para as eleições que se realizariam em janeiro de 1938: Armando de Sales Oliveira pela União Democrática Brasileira (UDB), o situacionista José Américo de Almeida, e o chefe da AIB, Plínio Salgado. Getúlio Vargas assumiu uma postura de neutralidade na campanha, e a candidatura situacionista não ganhou vulto.
Nesse mesmo mês expirou o estado de guerra e os presos políticos sem processo foram libertados sob a chancela do ministro da Justiça, José Carlos de Macedo Soares. Diante disso, os integralistas iniciaram forte ação anticomunista. Em agosto de 1937, Plínio Salgado anunciava que os opositores dele à presidência da República eram apoiados por agentes comunistas. O líder integralista prevendo a derrota nas urnas optava pela propaganda anticomunista que era uma das principais tônicas do integralismo.
Getúlio Vargas aproveitou a situação de instabilidade gerada por Plínio Salgado, e iniciou as articulações para o golpe do Estado Novo. Em setembro de 1937, Getúlio Vargas elaborou junto a Francisco Campos uma nova Constituição para o país. Essa Constituição foi apresentada a Plínio Salgado que também conspirava para a instauração do Estado Novo.
A circulação do documento falso, batizado de Plano Cohen, começou entre os militares e governantes também em setembro de 1937. O nome Cohen seria de um pretenso comunista autor do documento. Em 30 de setembro de 1937, o Plano Cohen foi divulgado ostensivamente nas mídias de massa, inclusive, no programa radiofônico A Hora do Brasil. O comunicado na imprensa do general Francisco José Pinto, chefe do Gabinete Militar da presidência da República, dizia haver “instruções do Komintern” (Terceira Internacional Comunista) para insuflar insurgências no Brasil.
A conjuntura política do país inviabilizava qualquer manifestação da esquerda. Desde 1935 as perseguições políticas asseveraram. Não somente os membros do Partido Comunista do Brasil e os revoltosos de 1935 foram presos, mas também intelectuais e políticos acusados de aproximação com as ideias de esquerda sofreram com o cárcere. Dentre os relatos sobre a prisão durante esse período está a obra Memórias do Cárcere, do escritor alagoano Graciliano Ramos, narrando as impressões sobre a dinâmica entre os presos políticos e os demais presos do regime varguista.
Apesar da evidente falsidade do Plano Cohen, foi decretado o estado de guerra devido à ameaça comunista, em 2 de outubro de 1937. A decretação do estado de guerra ensejou o fechamento do Congresso e a instauração do Estado Novo por Getúlio Vargas com o apoio das Forças Armadas, em 10 de novembro de 1937.
Malgrado o apoio da Ação Integralista Brasileira na instauração do Estado Novo, Vargas tornou-a ilegal, em 1938. A autoria do documento falso somente foi revelada em março de 1945 pelo general Góis Monteiro devido à iminência da queda do Estado Novo.
Referências:
BRANDI, Paulo. “Plano Cohen” (Verbete). Rio de Janeiro: FGV/CPDOC.
FAUSTO, Boris (org.). O Brasil Republicano: economia e cultura (1930-1964). tomo 3, vol.4. Rio de Janeiro: Ed. Bertrand Brasil, 1995. (Col. História da Civilização Brasileira).
RAMOS, Graciliano. Memórias do Cárcere. Vol. 1. Rio de Janeiro - São Paulo: Ed. Record – Martins, 1975.
___________. Memórias do Cárcere. Vol. 2. Rio de Janeiro - São Paulo: Ed. Record – Martins, 1976.
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/historia-do-brasil/plano-cohen/