O Marechal Hermes da Fonseca foi eleito para a presidência da República em 1910, após a agitada disputa com seu opositor político Rui Barbosa. O mandato de Fonseca teve vigência de quatro anos (1910-1914) turbulentos na República Velha. Como política do café com leite elegia geralmente candidatos civis e fazendeiros, um militar na presidência retrocedeu o modo de fazer política naquele período. Vale ressaltar que somente o primeiro e o segundo presidentes do Brasil tinham sido militares: Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto.
Em todo o mandato de Fonseca foi implantado o projeto chamado “Política das Salvações”. A ideia deste programa governamental era fazer com que ocorresse intervenção política nos estados brasileiros, sob o comando de militares. O objetivo principal era tirar o poder das mãos dos grandes fazendeiros que comandavam as oligarquias, dando-os a civis ou outros fazendeiros que seriam submissos ao governo de Fonseca. Com essa ação o governo ficaria centralizado.
A Política das Salvações inicialmente colocou seus planos em ação no estado de São Paulo. Isso ocorreu por dois motivos: o primeiro era que o estado possuía um grande contingente de fazendeiros para serem destituídos da política; e segundo era que Hermes da Fonseca foi apoiado na sua candidatura do estado de Minas Gerais, o principal rival político de São Paulo. Porém, colocando sua opinião contrária a essa política e lutando contra o Estado, os fazendeiros não permitiram que o projeto tivesse êxito no estado de São Paulo.
Após a Política das Salvações ter fracassado em São Paulo, as tropas militares partiram para a região do nordeste, onde os estados de Pernambuco, Bahia, Piauí, Ceará e Alagoas enfrentaram esse processo. Os coronéis responderam à intervenção dos militares com luta armada, e principalmente tinham o apoio e participação da população. O estado do Rio Grande do Sul também passou por esse processo, e também conseguiu vencer a força armada mandada pela presidência. No entanto, nos estados de Pernambuco, Bahia e Alagoas o governo conseguiu implantar a Política das Salvações.
Dentro do mandato de Fonseca, podemos destacar o levante popular liderado por padre Cícero, chamado também de “Revolução Cearense” contra a Política de Salvação planejada pelo o governo, no Ceará. Cícero junto com a população e os coronéis enfrentaram o Estado para prevalecer o coronelismo.
Com o final do mandato de Hermes da Fonseca o programa teve seu fim. A Política de Salvações em maior parte das suas intervenções não teve êxito por alguns motivos, entre eles: não tinha o apoio da população; os fazendeiros não permitiriam que militares interviessem no seu poder e muito menos nas suas propriedades; e em casos mais graves os próprios militares montavam suas próprias oligarquias, corrompendo a proposta inicial do governo.
Referências bibliográficas:
ARAÚJO, Bernardo Goytacazes. A Instabilidade Política na Primeira República Brasileira. Juiz de Fora: Ibérica. 2009.
FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo. 1995.
FGV CPDOC. Política das Salvações. Disponível em: <http://atlas.fgv.br/verbetes/politica-das-salvacoes>.
LINHARES, Maria Yedda (ORG.). História Geral do Brasil. Rio de Janeiro: Elsevier, 2000.
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/historia-do-brasil/politica-das-salvacoes/