POLOP

Por Michelle Viviane Godinho Corrêa

Mestre em Educação (UFMG, 2012)
Especialista em História e Culturas Políticas (UFMG, 2008)
Graduada em História (PUC-MG, 2007)

Categorias: Ditadura Militar
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A Organização Revolucionária Marxista - Política Operária (POLOP) foi um grupo formado por estudantes, intelectuais e militares de baixa patente no início da década de 1960. Dentre seus integrantes, muitos haviam saído do Partido Comunista Brasileiro (PCB) por discordarem da estratégia de aliança com a burguesia nacional.

A criação da POLOP e seus ideais

A POLOP foi criada em 1961 tendo como foco a união dos trabalhadores em busca da revolução socialista, tendo como exemplo a Revolução Cubana que mostrava a possibilidade de implantação do socialismo na América Latina. Influenciados pelo marxismo alemão, o grupo foi composto por ex-integrantes da Liga Socialista e por ex-militantes trotskistas e comunistas, em sua maioria estudantes e intelectuais. Após o Golpe de 1964, o grupo também ganhou a adesão de militares de baixa patente contrários à ditadura. O grupo possuía bases em Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo.

No contexto do Golpe de 1964, seus integrantes passaram a defender a luta armada como única via para realizar as mudanças na estrutura social e econômica almejadas pelo grupo. Para um dos intelectuais do grupo, o cientista político Theotônio dos Santos, o Golpe de 1964 foi o golpe das multinacionais e do novo capitalismo brasileiro.

A POLOP tinha como objetivo organizar as massas para a luta de classes em torno de um partido que reunisse as forças de oposição ao capitalismo imperialista. Repudiando a aliança entre partido e burguesia nacional, estratégia do PCB, o grupo acreditava que a revolução era necessária, uma vez que a burguesia seria incapaz de promover as mudanças estruturais necessárias ao país. As mudanças ocorreriam a partir a partir da revolução dos trabalhadores do campo e da cidade que levaria a implantação do socialismo no Brasil.

Atuação da POLOP

Conhecidos como "Guerrilha de Copacabana", a POLOP foi alvo da recém-criada ditadura e sua base foi denunciada ao Centro de Informações da Marinha através de infiltrados instalados no grupo. A ação resultou na prisão de um de seus principais líderes, Rui Mauro Marini.

Diferente de outros grupos de luta armada, a POLOP não aderiu de imediato à estratégia de guerrilha, vindo considera-la devido às dificuldades impostas pela ditadura regente no país. Entretanto, o grupo ficou mais conhecido pelas análises acerca do capitalismo brasileiro, visto como dependente e contrarrevolucionário. Sua principal atuação foi, portanto, intelectual e de mobilização de manifestações contra a ditadura militar e pela revolução socialista no Brasil. Também formou militantes de diferentes grupos de luta armada que vieram a atuar na guerrilha urbana e rural após saírem da POLOP.

O fim da POLOP

A POLOP sofria frequentes crises internas devido a discordância de pensamento de seus membros. Por isso, a organização foi a origem de outros grupos de oposição à ditadura, como a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR) e os Comandos de Libertação Nacional (COLINA), formadas por seus dissidentes.

Após nova cisão do grupo em 1968, parte dos integrantes formaram o Partido Operário Comunista. Dois anos depois, sob intensa repressão policial aos grupos de oposição, um grupo do partido retomou o projeto da POLOP, entretanto novas discordâncias aconteceram e dissidências levaram a decadência da organização.

Bibliografia:

ABREU, Alzira Alves de. Organização Revolucionária Marxista - Política Operária (POLOP). CPDOC. FGV, Rio de Janeiro, 2016. Disponível em: < http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-tematico/organizacao-revolucionaria-marxista-politica-operaria-polop>. Acesso em: 10 nov. 2017.

MACIEL, Wilma Antunes. VPR: contra a ditadura, pela revolução. In: SALES, Jean Rodrigues (org.). Guerrilha e revolução: a luta armada contra a ditadura militar no Brasil. Rio de Janeiro: lamparina, FAPERJ, 2015, p. 96-110.

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