A Primeira República brasileira é marcada por muitos acordos e ações escusas para manutenção do poder político nas mãos de uma elite econômica endinheirada e com grande poder de articulação.
O que ficou conhecido como voto de cabresto ocorreu em todo território nacional. Mas é notado principalmente nas pequenas províncias onde verdadeiros Coronéis, proprietários de terras e, portanto os patrões de parte considerável da população local orquestravam as decisões políticas através da pressão e da coação do voto de seus empregados. Seus currais eleitorais eram espaços de mando e desmando, onde a decisão dos Coronéis locais determinavam a ação da população local.
Desde o Império a fraude eleitoral sempre foi prática recorrente no Brasil, mas foi no momento da Primeira República que a ação fraudulenta teve seu auge. Naquele momento o voto dos analfabetos era proibido, porém como uma das práticas de fraude os Coronéis entregavam escritos em um papel o nome do candidato aos seus empregados que depositariam na urna. O transporte aos locais de votação também eram garantidos por esses coronéis que mantinham seus interesses em pauta mexendo as peças do tabuleiro político como bem lhes apeteciam.
Assim como a fraude, havia a venda de votos por pequenos interesses, promessas particulares dos oligarcas aos pobres, camponeses e empregados locais. Para os casos onde a venda não garantia a lealdade do voto, formas violentas de convencimento o faziam.
A política na Primeira República era mantida pela grande orquestra de interesses do coronelismo. Os grandes oligarcas a fim de manterem seus lugares privilegiados na sociedade e garantindo o poder de decisão em suas mãos, para além da fraude com os votos de cabresto, ou a compra dos votos, e mesmo a violência para convencimento, detinham outras táticas e acordos nacionais como a Política Café com Leite e a Política dos Governadores que inviabilizavam reais mudanças estruturais na sociedade brasileira.
A República fundada com o objetivo de ampliar os direitos a todos através da economia liberal e da amplitude política da representatividade não pôde observar essas mudanças nos primeiros pleitos. Na verdade apenas a partir das eleições posteriores ao período Varguista é que considera-se possível alguma credibilidade, pois em 1932 o voto deixa de ser aberto e passa a ser secreto. A mudança do eixo econômico dos campos para as cidades fazem também com que os Coronéis percam gradativamente seu poder de mando nas populações pobres desses locais que passam a migrar para os centros urbanos.
Existe, porém até os dias atuais infinitas discussões sobre a credibilidade dos pleitos no Brasil. Em 1996 o sistema informatizado de urnas passou a ser utilizado, e era considerado de início o meio mais seguro de votação, por manter o sigilo dos votos assim como uma impossibilidade de alteração dos resultados. No entanto a partir da segunda década dos anos 2000 já iniciam-se os questionamentos sobre o preciosismo desses resultados devido o avanço das tecnologias de invasões de hackers mal intencionados e a possibilidade de corrupção das eleições.
Referências bibliográficas:
FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo. 1995.
LINHARES, Maria Yedda (ORG.). História Geral do Brasil. Rio de Janeiro: Elsevier, 2000.
ARAÚJO, Bernardo Goytacazes. A Instabilidade Política na Primeira República Brasileira. Juiz de Fora: Ibérica. 2009.