Impulsionados pelas tropas de Napoleão Bonaparte que além de imporem o bloqueio continental impedindo as trocas comerciais com os ingleses, ameaçavam também invadir Portugal. O Príncipe regente D. João VI, a sua mãe Dona Maria I e toda a corte portuguesa com o apoio da Inglaterra, transferiram-se para o Brasil em aproximadamente 34 embarcações.
Eles decidiram que essa via seria a melhor estratégia para não perderem o território de Portugal para a França, continuando aliados da Inglaterra (importando e exportando produtos) e claro não perderem o Brasil, que era a sua colônia mais rica para os independentistas, já que a maioria das colônias da América Latina tinha tomado essa posição. Através dessa decisão era possível continuar comercializando com países aliados, manter seus lucros e não perder o reinado.
Os navios portugueses chegaram ao Brasil à costa da Bahia a 18 de janeiro de 1808 e foram recebidos em meio a muita festa. Depois desembarcaram no Rio de Janeiro em 8 de março de 1808, onde ficaram hospedados na residência do Governador, a Quinta da Boa vista. Os outros membros da corte também foram muito bem recebidos e se apossaram das melhores casas que havia até então na colônia.
A primeira decisão tomada por D. João VI em território brasileiro foi a abertura dos portos para comercialização dos produtos com outras potencias europeias. Contrariou a mãe assinando o estabelecimento de indústria e manufaturas no Brasil para impulsionar a modernização do país, proporcionando a instalação de fábricas nos Estados de São Paulo e Minas Gerais.
Fundou o Banco do Brasil, Jardim Botânico, Academia Real Militar, Bibliotecas, construções de teatros, Academia de Belas Artes do Rio de Janeiro, Imprensa brasileira (autorização para publicação de jornais), pavimentação de ruas, construção de casas, edificação de universidades e Museus (Real e Nacional). Além disso trouxe vários artistas como Debret para retratar diversos acontecimentos da época no geral.
As unidades de federação ao invés de se chamarem capitanias hereditárias passaram a se chamar províncias e o Brasil foi elevado a Reino Unido de Portugal e Algarves, que em relação à extensão territorial foi um dos maiores do mundo. Ainda nesta época, o Brasil ocupou a Guiana Francesa (que só foi devolvida à França em 1817) e tomou o território do Uruguai ao Sul do país, que passou a se chamar província da Cisplatina.
Mas como tudo não é um mar de rosas, por volta de 1816 os pernambucanos se revoltaram contra a corte portuguesa, alegando que eles eram o centro dos lucros do reino através da produção da cana- de açúcar e sentiam-se obrigados e enviar dinheiro ao Rio de Janeiro para manterem todos os seus luxos. A partir de então, começam a surgir alguns movimentos independentistas do período que foram contidos através das tropas portuguesas.
Após a derrota de Napoleão e a morte da sua mãe D. Maria I (a rainha louca) Portugal aclamava pelo rei. A figura paterna e de liderança era tão engajada no imaginário lusitano que se legitimava partindo da pressuposição que eles eram espíritos superiores e iluminados, predestinados a conduzir a sua nação. Foi então que convocaram uma assembleia constituinte que revogava a volta do rei para Portugal e se não voltasse iriam se separar do Reino Unido de Portugal e Algarves e excomungar o rei.
Com medo de perder seu trono novamente, D. João VI retorna para Portugal e deixa o Brasil na responsabilidade de seu filho D. Pedro I.
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/historia/a-vinda-da-corte-portuguesa-para-o-brasil/