O Acordo de Munique foi um tratado acordado entre os líderes das principais potências europeias, dentre eles Benito Mussolini da Itália, Adolf Hitler da Alemanha, Neville Chamberlain do Reino Unido e Édouard Daladier da França, em 29 de setembro de 1938.
A assinatura do acordo foi a conclusão de uma conferência promovida por Hitler, em Munique, na Alemanha. Envolvendo quatro grandes potências, a assinatura do tratado trouxe consequências significativas.
No período em questão mais de três milhões de alemães viviam na parte checa no Estado da Checoslováquia. O objetivo principal da conferência era justamente discutir e decidir o futuro do recente país. A conferência encerrou com um acordo entre a Alemanha e as demais nações participantes, acordando pela política de apaziguamento através da concessão de território checo à Alemanha.
O acordo, uma traição para a Checoslováquia, ficou conhecido como “sentença de Munique” ou “traição de Munique”, que foi o que o tratado representou para os checos. Mesmo tendo alianças com França e Reino Unido, estas foram ignoradas pelas duas potências ao permitirem que a Alemanha Nazista ocupasse parte do território checo via Acordo de Munique.
Com este acordo a Checoslováquia dava à Alemanha os Sudetos, que eram populações germanófonas que viviam na região da Boêmia. Cerca de 3,2 milhões de pessoas compunham este grupo que representava 36% da população total da Boêmia.
Antes da formação oficial da Checoslováquia esse grupo lutava por sua autonomia, solicitando sua anexação aos demais povos germânicos da Áustria e da Alemanha em um só Estado. Essa luta por autonomia levou à formação do Partido Alemão dos Sudetos, em 1933, mesmo ano que Hitler vira Chanceler da Alemanha.
Contaram com o apoio do líder nazista. Se num primeiro momento lutavam por autonomia, passaram em um segundo momento a pleitear uma anexação ao Terceiro Reich, regime totalitário liderado por Adolf Hitler na Alemanha, com o apoio do regime nazista. Uma parte significativa deste grupo era partidária do regime nazista mas isso não era uma posição unânime. Alguns sudetos se colocavam contrários ao regime totalitário e reivindicavam a não anexação.
Assim o ajuste assinado em setembro de 1938 dava os Sudetos e o controle do restante da Checoslováquia para a Alemanha. Em contrapartida, Hitler garantiu que não reivindicaria mais nenhum território ao Terceiro Reich.
O líder do Reino Unido, Chaberlain, foi recebido com festa no retorno ao seu país de origem, pois o Acordo de Munique garantia que o Estado Nazista não tomaria novos territórios. Foi considerado à época um acordo de paz. A frase de Chaberlain ao desembarcar é emblemática deste pensamento: “Peace in our time!”.
Logo em seguida da assinatura do tratado a Alemanha passou a ocupar a Checoslováquia. Mas, no ano seguinte, em 10 de março de 1939, Hitler desrespeitou o acordo estipulado em Munique e ordenaram a invasão do restante da Checoslováquia, com as tropas alemãs ocupando Praga, retirando uma grande área do país, sem nenhuma reação de França e Reino Unido, até então aliadas à Checoslováquia.
O acordo de Munique, portanto, definiu o destino da Checoslováquia, e cedeu seu território ao regime totalitário nazista em prol de uma suposta paz entre França, Reino Unido, Itália e Alemanha. Hoje sabe-se que o tratado assinado em setembro de 1938 foi uma traição sem garantia de paz, afinal, a Segunda Guerra Mundial continuou promovendo mortes e violência até 1945.
Referência:
HOBSBAWM, E. J. Era dos extremos: o breve século XX : 1914 - 1991 . 2. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/historia/acordo-de-munique/