Acordo Haavara

Por Antonio Gasparetto Junior

Mestrado em História (UFJF, 2013)
Graduação em História (UFJF, 2010)

Categorias: Segunda Guerra Mundial
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O Acordo Haavara previa a facilitação da emigração de judeus da Alemanha para a Palestina.

Na década de 1930 chegou ao poder na Alemanha Adolf Hitler. Com ele chegou também uma ideologia ariana que defendia fervorosamente em seus discursos. O momento era de intensa crise em função das consequências impostas ao país após a Primeira Guerra Mundial e também em função da crise capitalista eclodida no ano de 1929. A situação social na Alemanha estava crítica, muitas famílias enfrentavam a pobreza extrema, a inflação estava totalmente descontrolada e o preço de um simples pão chegava a custas milhões de marcos, moeda alemã na época. Adolf Hitler assumiu o poder na Alemanha com um discurso cativante que convencia a população a superar a situação de crise, argumentando que os alemães eram uma etnia diferenciada na Terra, escolhida para ser a superior. Mas, para superar a crise, deveriam combater um inimigo histórico, os judeus. Assim, estabeleceu-se uma cultura de perseguição aos judeus na Alemanha chamada nazista.

Em função de um cenário delicado que se criava para os judeus no país alemão, a Federação Sionista da Alemanha, a entidade que representava os judeus, passou três meses debatendo com o Banco Anglo-Palestino e com as autoridades econômicas da Alemanha nazista no ano de 1933 para chegar a um acordo que desse melhores condições de vida aos judeus. O resultado das conversas foi a assinatura do chamado Acordo de Haavara, que em hebraico significa acordo de transferência, no dia 25 de agosto do mesmo ano. As negociações previam facilidades para que os judeus residentes na Alemanha pudessem se mudar para a Palestina.

Por trás do Acordo de Haavara havia um engenhoso esquema para livrar os judeus da perseguição alemã. A empresa sionista de cítricos Hanotea. O emigrante pagava certa quantia em dinheiro para esta empresa e, quando chegava à Palestina, recebia o dinheiro de volta para comprar produtos alemães. Os produtos eram despachados junto com outros emigrantes. O esquema funcionou bem, mas logo houve uma tentativa de boicotar os produtos alemães em protesto contra o racismo e a opressão. Ainda assim, o esquema continuou em atividade e, em 1935, surgiram outras empresas com o mesmo objetivo.

O Acordo de Haavara funcionou de modo regular até o ano de 1938, mesmo com as tentativas de boicote estimuladas por partidos de esquerda, organizações judaicas e sindicatos. O capital era transferido para a Palestina e o emigrante tinha o direito de levar algum dinheiro também consigo. Assim, o acordo livrou muitos judeus da perseguição que se estabeleceu na Alemanha e ainda criava mecanismos para que recuperassem o patrimônio ativo que dispunham no país europeu. Calcula-se que 60 mil judeus foram beneficiados, um contingente populacional que levou dinheiro suficiente para criar a futura infraestrutura do Estado de Israel. O acordo deixou de ser eficaz quando o governo nazista alemão intensificou a caça aos judeus, criando os primeiros campos de concentração para realização de trabalho forçado e execução. A invasão da Polônia, que viria em seguida, também foi um ataque aos judeus e foi uma das causas da eclosão da Segunda Guerra Mundial.

Fontes:
http://www.tsavkko.com.br/2009/08/sionismo-e-nazismo-legitimacao-do.html
http://www.ushmm.org/wlc/ptbr/article.php?ModuleId=10005139

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